capítulo 29

39 6 0
                                    

Oa faróis se aproximam cada vez mais de onde estou, o carro vem descendo a rua rapidamente, até que o veículo começa a parecer muito maior que o carro do meu chefe, então descarto logo a possibilidade de que seja ele, embora ainda sinta medo com a ideia de que seja. - coloco instintivamente as mãos ao redor do meu corpo em sinal de proteção... olho mais uma vez para o veículo e uma onda de alívio me invade quando o veículo estaciona no meio fio, parando bem ao meu lado, o motorista eu já conhecia. Calebe.

- nunca fiquei tão feliz em te ver  - digo ironicamente. Ele sorri.

- nossa! Tocou meu coração. Sabia que uma hora ou outra você se renderia aos meus encantos - brinca rindo.

Espera ai. O que ele disse mesmo?!

- Deixa de falar besteira - reclamo - preciso de sua ajuda para subir. - peço já voltando ao estado agoniada.

- Eu não acredito que você ainda está aqui fora. Eles podem chegar a qualquer momento. - diz agora, com seu jeito mandão, parecendo levemente preucupado. Em seguida ele se coloca proximo ao muro e faz uma espécie de escada com as mãos.

- cuidado está parecendo até que você se importa com a minha segurança - brinco outra vez tentando manter a calma.

- talvez seja porque eu me importe - afirma sério. Eu o olho confusa e ele muda a expressão. - vamos logo, eles já devem estar chegando. - havia urgência em sua voz. Cuido de ir em sua direção e subo em sua mãos. Ele dá impulso e eu seguro na beirada do muro.

- segurei. - aviso, ele dá apoio diretamente na base dos meus pés e me dá impulso outra vez. Uso todas as minhas forças e me viro para colocar as pernas para o outro lado, é uma tarefa razolavelmente complicada por conta do vestido, mas até que consigo fazer um bom trabalho. - obrigada. - é a última coisa que digo antes de me jogar para o outro lado.

- Ai!

Minha aterrissagem não foi das melhores e eu provavelmente ficaria com aquelas manchas arrocheadas pelo corpo.

- Ana? - pergunta a voz preocupada do outro lado do muro, Calebe com certeza ouviu meu grito baixo de dor.

- só assim para que você aprenda meu nome não é? - zonbo sorrindo.

- vejo que está bem, já que consegue lançar essas suas indiretas. - vejo riso em sua voz, ele não parecia zangado, o que me surpreendeu. - agora vá. - ordena.

Eu sabia que ele ligaria depois, então nem me preocupo em fazer as devidas despedidas, apenas cuido logo de correr em direção a casa e procuro pela janela do meu quarto... assim que encontro a bendita janela ouço passos vindo pela lateral da casa...

Ai meu Deus...

Olho para todos os lados em pânico. Eu preciso me esconder, mas onde?!? Já estou a beira do desespero quando avisto uma espécie de lona preta muito grossa largada no chão, corro e rapidamente me escondo debaixo dela; fico o mais quieta possível tentando nem mesmo respirar tanto, e espero a tal pessoa ir embora.

Os passos chegam bem perto, e sinto uma das laterais da lona fazer um ruído, se a pessoa desse um passo a mais para a direita pisaria em meu braço e me descobriria. Evito um tremor de medo ao pensar nesta possibilidade e apenas continuo quieta. Alguns segundos depois a pessoa volta a caminhar e eu ouço os passos cada vez mais distantes até deixar de ouvi-los.

Espero ainda alguns segundos ali embaixo antes de criar coragem suficiente para espiar se há alguém por perto, não vejo ninguém e finalmente consigo sair dali e escalar a parede até o quarto outra vez. Já lá dentro me permito suspirar em alívio, minha respiração está acelerada e meu coração parece estar a ponto de literalmente sair por minha boca, eu poderia dizer com certeza que é ele que está bloqueando a passagem do ar por minha garganta.

Fecho apressadamente as cortinas outra vez e me apresso em trocar de roupa. Tiro o  vestido lilás meio maltrapilho por conta de alguns rasgos e depois de tomar um banho apressado, visto o habitual trage preto. Organizo o mapa que Calebe me entregou e vejo que ele fez um ótimo trabalho em tão pouco tempo, estou impressionada, embora saiba que ele é um profissional e que sempre trabalhou com isso. Por um momento paro e penso em quantas vezes ele já não se colocou em risco, e Margo e todos os membros da equipe,  eu sabia que eles tinham conhecimento sobre o que estavam fazendo, mas aquele trabalho era de fato muito perigoso. Essa com certeza seria minha primeira e última missão, pois eu não suportaria estar por perto quando ou se alguma coisa acontecer a qualquer um deles. Afasto esses pesamentos quando sinto o celular vibrando em meu bolso, antes de entender a ligação cuido de guardar tudo do melhor modo possível, amanhã entregaria o mapa, e esperaria para ver o que fariam.

- oi - diz ele assim que atendo.

- oi.

- como está tudo por ai?

- bem, está tudo sobre controle. Consegui entrar sem problemas. Amanhã logo cedo irei entregar o mapa a eles. - explico quase em um susurro me sentando sobre a pequena cama.

- certo. Mas e você, está tudo bem?

-  nem eu sei. Estou? É claro que tudo isso ainda me apavora, e muito, e eu nem quero pensar na ideia de ter que ficar de frente para aquele cara outra vez... Mas fazer o quê, não é? Eu me coloquei nessa situação, então agora devo arcar com as consequências - ele dá uma breve risada.

- eu estava me referindo ao seu estado físico. - explica ao rir outra vez, bem baixinho. - sente alguma dor? Vi que a sua queda foi feia.

- ah! - é só o que digo enquanto sinto meu rosto esquentar de vergonha.

Fala sério...

- só estou um pouco dolorida, mas nada grave.

- ótimo. - diz parecendo aliviado - Eu verifiquei ainda a pouco a imagem do cara que você fotografou no restaurante. - começa.

- certo. O que você descobriu? - questiono interessada.

- Nada muito surpreendente. Só achei que ele é um cara muito rico que provavelmente vai financiar o roubo, é possível que eles o tenham chamado para planejar tudo também, caso você falhe, mas não é certeza. Por enquanto apenas siga com o plano, é o melhor que podemos fazer por enquanto.

- tudo bem.

- e... - começa após alguns segundos - tente não se machucar. - pede e ele realmente parece sincero.

- prometo tentar.

- tente bastante - pede mandão - não quero ter que te resgatar ai não heim. - eu ri.

- está bem Sr. preocupação. - ele ri antes de desligar na minha cara.

Típico.

De repente agente duplo (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora