Me sento na beirada da cama pensando sobre o progresso da missão...Tá que não tinha sido, um graaaande progresso. Mas já é alguma coisa.
Suspiro e me deixo cair sobre a cama de repente me sentindo muito cansada. Bancar a agente duplo era exaustivo, ficar mantendo pose de durona e corajosa era muito difícil. Me remexo na cama e sinto o celular vibrar em meu bolso.
Arf!
Eu não estava a fim de ouvir outro discurso de Calebe sobre me cuidar, ele me tratava como uma incapaz e isso era muito irritante.
- alô. - digo já desanimada antes que ele sequer ouvesse começado a falar.
- credo! Que desânimo é esse? O que estão fazendo com você ai Lore? - pergunta a voz preucupada do meu melhor amigo.
Fred!
- oiiii! - digo já mais animada. - pensei que fosse outra pessoa. - explico falando baixo por conta das paredes finas do quarto.
- deixa eu adivinhar... O Sr. Educação. - comenta, acertando em cheio.
- é. Mas isso não vem ao caso.
- Como você está? - sua voz parece aflita.
- estou bem. Nada com que se preocupar - garanto tentando deixá-lo mais calmo - Como está tudo por ai? Estão se virando bem sem mim?
- Que nada. Não é a mesma coisa sem você, sentimos sua falta. Mas isso você já sabe.
- também sinto a falta de vocês.
- A Sua mãe me pede por notícias suas todo santo dia. - eu ri com a informação. - ela está me deixando louco, e a Alice não tem ajudado muito.
- bom ainda faltam mais alguns dias para que eu volte, então você tem que segurar a onda mais um pouco por ai. - ele resmunga irritado.
- você vai ficar me devendo uma. - avisa sério.
- que nada. Estamos quites na verdade. - começo lembrando do enorme favor que fiz a ele alguns dias atrás.
- quites? - ele parece confuso.
- falo do seu encontro. - ele ri. - se não fosse por mim, sua vida amorosa ainda seria um desastre. - aponto com divertimento.
- ah! - ele sabe exatamente do que estou falando. - até parece que a sua é muito melhor que a minha. - ele alfineta sem dó.
- essa doeu. - fingi parecer verdadeiramente desapontada. Ele é que parece verdadeiramente feliz com a simples menção de Sam na conversa. - como estão as coisas entre vocês?
- bem. Ela viajou mais estamos mantendo contato desde então e ela já me convidou para visita-la nas minhas férias daqui a alguns meses.
- huhuhuhhhuhu!!! - comemoro dando um gritinho abafado. - Frédéric arrasando corações... - comento rindo.
- chega! - diz irritado com minha provocação. - mas e você? - começa visivelmente interessado.
- o que tem eu? - pergunto me sentando na cama outra vez e começando a massagear meus pés, me livrar daqueles sapatos foi uma sabia decisão. Eu estava me fazendo de desistendida de propósito, pois sabia muito bem ao que ele se referia. Ou melhor a quem. Podia até imagina-lo revirando os olhos com minha tentativa de fingir desentendimento.
- como está sua relação com o Sr. Educação?
- suportável. - respondo sentindo a dor nos pés aliviar um pouco.
- eita. Esse cara te tira do sério mesmo né?
- Você não faz idéia. - comento pensando em Calebe e em como era incostante.
- bem, tente sobreviver a ele, tenho que desligar agora.
- está bem. Boa noite.
- boa noite Lore. Se cuida - diz antes de desligar. Eu largo o celular sobre a cama e penso em dormir um pouco quando sou impedida pela minha indiscreta barriguinha de que preciso comer alguma coisa.
A questão era o quê?
Com a questão da ida ao restaurante eu acabei perdendo a hora da refeição com todos os outros, então nem adiatava ir até a sala de jantar procurar por algo para comer, além de que a última coisa que eu queria era ter que me deparar com alguns desses malucos psicopatas pelo caminho. Como a única coisa que comi foi aquela saladinha no restaurante. Eu estava morrendo de fome.
Estava pensando no que fazer, quanto a esse importante problema, quando a voz surge no ponto em meu ouvido.
- isso foi sua barriga pedindo comida? - ele ri, mas não deixo de notar uma pontada de zombaria em sua voz.
Ai meu Deus!!!
Eu não tinha desligado o microfone que permitia que ele ouvisse tudo ao meu redor, nem retirado o ponto, isso permitia que ele ouvisse tudo o que eu falava... ele ouviu toda a conversa que tive com Fred.
Tudo! Ele ouviu tudinho! Quando eu disse ao meu amigo que ele me irritava, quando falei sobre Sam e Fred... tudinho.
Ó céus!!!
- Calebe? - pergunto abobada, lógico que era ele.
- quem mais seria? - ele parece frio agora, como se esperasse mais de mim ou sei lá.
- porquê não disse nada? - pergunto, embora não soubesse se queria mesmo ouvir sua resposta.
- Por medidas de proteção você é que deve desligar os equipamentos e não eu. E que estória é essa do seu amigo com minha irmã? - agora ele parece bem nervoso.
- não cabe a mim lhe explicar isso. - digo tentando soar convincente. Eu não estava a fim de enfrentar um Calebe irritado.
- não? - ele parece furioso agora.
- Não!
- por que parece que foi você que arquitetou tudo. - acusa.
- isso não vem ao caso. E esse não é o lugar e nem o momento para os seus chiliques de irmão ciumento. - rebato já com raiva.
Controlador irritante!
- pois bem. - diz do nada, e eu me surpreendo com sua desistência rápida. - venha até aqui, eu te levo para comer alguma coisa. - sugere.
- acho melhor não. - digo com certo medo, não estava a fim de ouvir mais sermões e acusações.
- não vou te acusar de nada, e nem dar sermões se é isso que está pensando. - explica como se lesse meus pensamentos.
- tá legal. - digo vencida - já chego aí. - saio do quarto, tranco a porta e ando pelos corredores evitando os olhares a todo custo, eu havia criado uma técnica que está dando super certo. Batizei carinhosamente de fingir demência. Sendo assim eu andava apenas olhando para a frente, como se não houvesse mais ninguém ali. Só me permito olhar para os lados quando alcanço a calçada e tenho de atravessar a rua, que está assustadoramente deserta.
Caminho sentindo apenas alívio em estar usando uma bota de salto, mas muito confortável, meus dedos agradecem, com certeza, por não estarem sendo massacrados a cada passo que dou.
Enquanto ando pela rua em direção a van que me espera, me certifico de que ninguém me observa antes de dar as habituais batidas na lateral do veículo e logo a porta se abre.
- entra! - ordena me dando passagem, assim que entro ele fecha a porta com um baque.
- e então? Onde vamos comer? - pergunto enquanto o observo, ele havia trocado a camisa de antes por outra de cor branca, e usava a habitual calça jeans com suas botas de couro nos pés. O cabelo estava bagunçado, mas ainda assim ele estava bonito.
Tanta beleza em um cara tão irritante. Quanto desperdício ....
- você vai já saber. - diz simplesmente assumindo o volante e me deixando sem mais respostas.
- se você diz. - digo o imitando e tomando o meu lugar.
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De repente agente duplo (CONCLUÍDO)
RomansaAna Laurell não podia estar mais feliz com seu grande feito, depois de um ano sendo mais uma nas estatísticas, a garota finalmente havia conseguido um emprego em um escritório de investigação da cidade. Ana não queria correr risco de vida, mas o pos...