Capítulo 30

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Me sento na beirada da cama pensando sobre o progresso da missão...

Tá que não tinha sido, um graaaande progresso. Mas já é alguma coisa.

Suspiro e me deixo cair sobre a cama de repente me sentindo muito cansada. Bancar a agente duplo era exaustivo, ficar mantendo pose de durona e corajosa era muito difícil. Me remexo na cama e sinto o celular vibrar em meu bolso.

Arf!

Eu não estava a fim de ouvir outro discurso de Calebe sobre me cuidar, ele me tratava como uma incapaz e isso era muito irritante.

- alô. - digo já desanimada antes que ele sequer ouvesse começado a falar.

- credo! Que desânimo é esse? O que estão fazendo com você ai Lore? - pergunta a voz preucupada do meu melhor amigo.

Fred!

- oiiii! - digo já mais animada. - pensei que fosse outra pessoa. - explico falando baixo por conta das paredes finas do quarto.

- deixa eu adivinhar... O Sr. Educação. - comenta, acertando em cheio.

- é. Mas isso não vem ao caso.

- Como você está? - sua voz parece aflita.

- estou bem. Nada com que se preocupar - garanto tentando deixá-lo mais calmo - Como está tudo por ai? Estão se virando bem sem mim?

- Que nada. Não é a mesma coisa sem você, sentimos sua falta. Mas isso você já sabe.

- também sinto a falta de vocês.

- A Sua mãe me pede por notícias suas todo santo dia. - eu ri com a informação. - ela está me deixando louco, e a Alice não tem ajudado muito.

- bom ainda faltam mais alguns dias para que eu volte, então você tem que segurar a onda mais um pouco por ai. - ele resmunga irritado.

- você vai ficar me devendo uma. - avisa sério.

- que nada. Estamos quites na verdade. - começo lembrando do enorme favor que fiz a ele alguns dias atrás.

- quites? - ele parece confuso.

- falo do seu encontro. - ele ri. - se não fosse por mim, sua vida amorosa ainda seria um desastre. - aponto com divertimento.

- ah! - ele sabe exatamente do que estou falando. - até parece que a sua é muito melhor que a minha. - ele alfineta sem dó.

- essa doeu. - fingi parecer verdadeiramente desapontada. Ele é que parece verdadeiramente feliz com a simples menção de Sam na conversa.  - como estão as coisas entre vocês?

- bem. Ela viajou mais estamos mantendo contato desde então e ela já me convidou para visita-la nas minhas férias daqui a alguns meses.

- huhuhuhhhuhu!!! - comemoro dando um gritinho abafado. - Frédéric arrasando corações... - comento rindo.

- chega! - diz irritado com minha provocação. - mas e você? - começa visivelmente interessado.

- o que tem eu? - pergunto me sentando na cama outra vez e começando a massagear meus pés, me livrar daqueles sapatos foi uma sabia decisão. Eu estava me fazendo de desistendida de propósito, pois sabia muito bem ao que ele se referia. Ou melhor a quem. Podia até imagina-lo revirando os olhos com minha tentativa de fingir desentendimento.

- como está sua relação com o Sr. Educação?

- suportável. - respondo sentindo a dor nos pés aliviar um pouco.

- eita. Esse cara te tira do sério mesmo né?

- Você não faz idéia. - comento pensando em Calebe e em como era incostante.

- bem, tente sobreviver a ele, tenho que desligar agora.

- está bem. Boa noite.

- boa noite Lore. Se cuida - diz antes de desligar. Eu largo o celular sobre a cama e penso em dormir um pouco quando sou impedida pela minha indiscreta barriguinha de que preciso comer alguma coisa.

A questão era o quê?

Com a questão da ida ao restaurante eu acabei perdendo a hora da refeição com todos os outros, então nem adiatava ir até a sala de jantar procurar por algo para comer, além de que a última coisa que eu queria era ter que me deparar com alguns desses malucos psicopatas pelo caminho. Como a única coisa que comi foi aquela saladinha no restaurante. Eu estava morrendo de fome.

Estava pensando no que fazer, quanto a esse importante problema, quando a voz surge no ponto em meu ouvido.

- isso foi sua barriga pedindo comida? - ele ri, mas não deixo de notar uma pontada de zombaria em sua voz.

Ai meu Deus!!!

Eu não tinha desligado o microfone que permitia que ele ouvisse tudo ao meu redor, nem retirado o ponto, isso permitia que ele ouvisse tudo o que eu falava... ele ouviu toda a conversa que tive com Fred.

Tudo! Ele ouviu tudinho! Quando eu disse ao meu amigo que ele me irritava, quando falei sobre Sam e Fred... tudinho.

Ó céus!!!

- Calebe? - pergunto abobada, lógico que era ele.

- quem mais seria? - ele parece frio agora, como se esperasse mais de mim ou sei lá.

- porquê não disse nada? - pergunto, embora não soubesse se queria mesmo ouvir sua resposta.

- Por medidas de proteção você é que deve desligar os equipamentos e não eu. E que estória é essa do seu amigo com minha irmã? - agora ele parece bem nervoso.

- não cabe a mim lhe explicar isso. - digo tentando soar convincente. Eu não estava a fim de enfrentar um Calebe irritado.

- não? - ele parece furioso agora.

- Não!

- por que parece que foi você que arquitetou tudo. - acusa.

- isso não vem ao caso. E esse não é o lugar e nem o momento para os seus chiliques de irmão ciumento. - rebato já com raiva.

Controlador irritante!

- pois bem. - diz do nada, e eu me surpreendo com sua desistência rápida. - venha até aqui, eu te levo para comer alguma coisa. - sugere.

- acho melhor não. - digo com certo medo, não estava a fim de ouvir mais sermões e acusações.

- não vou te acusar de nada, e nem dar sermões se é isso que está pensando. - explica como se lesse meus pensamentos.

- tá legal. - digo vencida - já chego aí. - saio do quarto, tranco a porta e ando pelos corredores evitando os olhares a todo custo, eu havia criado uma técnica que está dando super certo. Batizei carinhosamente de fingir demência. Sendo assim eu andava apenas olhando para a frente, como se não houvesse mais ninguém ali. Só me permito olhar para os lados quando alcanço a calçada e tenho de atravessar a rua, que está assustadoramente deserta.

Caminho sentindo apenas alívio em estar usando uma bota de salto, mas muito confortável, meus dedos agradecem, com certeza, por não estarem sendo massacrados a cada passo que dou.

Enquanto ando pela rua em direção a van que me espera, me certifico de que ninguém me observa antes de dar as habituais batidas na lateral do veículo e logo a porta se abre.

- entra! - ordena me dando passagem, assim que entro ele fecha a porta com um baque.

- e então? Onde vamos comer? - pergunto enquanto o observo, ele havia trocado a camisa de antes por outra de cor branca, e usava a habitual calça jeans com suas botas de couro nos pés. O cabelo estava bagunçado, mas ainda assim ele estava bonito.

Tanta beleza em um cara tão irritante. Quanto desperdício ....

- você vai já saber. - diz simplesmente assumindo o volante e me deixando sem mais respostas.

- se você diz. - digo o imitando e tomando o meu lugar.

De repente agente duplo (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora