Capítulo 33

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- Essa não! - me desespero ao olhar as horas no relógio de pulso. Se eu não corresse não conseguiria entregar o material ao chefe antes das dez horas. Calebe, muito incisivamente, me instrui ontem sobre entregar o material o mais cedo que eu pudesse, assim eu talvez os impressionasse.

Eu duvidava que isso fosse possível, mas ele tinha mais experiência do que eu então...

Corro desajeitada pelo quarto até o banheiro, me despi correndo como uma doida varrida arremessando de qualquer jeito o traje preto sobre a cama, que está bem bagunçada; constato isso observando o emaranhado de lençóis com uma careta. Tiro a peruca com o máximo de cuidado para não desgrenha-la mais do que já está. Não devia ter dormido com ela, mas com todos os acontecimentos do dia anterior acabei apagando na cama sem nem perceber.

Ligo o chuveiro, tomo um banho rápido, lavo o rosto, escovo os dentes, arrumo minha juba falsa na cabeça e visto outra roupa de couro que eu já estava me acostumando a usar o dia todo. Coloco uma regata preta e por cima a jaqueta de couro, fecho o zíper.

Calço minhas estilosas botas pretas com salto, que eu provavelmente não usaria na minha vida real e pego a pasta com a obra prima de plano que Calebe havia preparado em tempo recorde para mim. Saio do quarto e tranco a porta, eu seria uma tola se confiasse em deixa-lo aberto, afinal ali dentro estava minha mala e dentro dela todo o meu equipamento excedente.

O broche com a câmera, o microfone e o ponto em meus ouvidos estavam devidamente colocados e eu caminho confiante até a sala dos criminosos.

Ou, o mais confiante que consigo...

Eu estava indo diretamente para o que chamaria de ninho de víboras, por que era exatamente assim que eles se comportavam. Algumas daquelas pessoas haviam cometidos coisas na vida que eu nunca teria coragem nem mesmo de imaginar em pesadelo. Margo me alertou sobre isso, ela disse que todo cuidado que eu tomasse era pouco, e que eu não deveria confiar nem em uma folhinha verde naquele lugar.

Olhando ao redor e sentindo os olhares me encarando com maldade e hostilidade eu de fato via que ela tinha falado a mais pura verdade sobre eles.

Ignoro quando uma garota passa por mim em um esbarrão de uma forma inteiramente proposital. Ela é morena com cabelos tão longos quanto os meus, o verdadeiro é claro, e usa um lápis de olho preto exagerado com sombra na mesma cor, as botas são de salto, e eles deviam ter uns dez centímetros de altura, ela era uma típica rebelde maluca e má. Olho para ela e a mesma me lança um olhar desdenhoso antes de continuar andando, virando as costas para mim como se nada tivesse acontecido, ignoro e lhe lanço um olhar de raiva quando ela já está um pouco longe. Se olhares causassem dor, ela provavelmente estaria se contorcendo de dor no chão nesse exato momento, mas não causavam. Sendo assim, apenas continuo caminhando com altivez. Altivez, inteiramente teatral.

Ando por mais alguns corredores escuros e assustadores até estar de frente para a porta da sala na qual deveria entrar.

Eu até bateria na porta, mas eu sabia que eles me esperavam e além do mais, bater seria uma atitude educada; o que não era o mais indicado no contexto social em que estava.

Seja o que Deus quizer....

- pronto e revisado! - anuncio com a pasta erguida sobre a cabeça para dar um tom mais dramático a cena. No mesmo instante em que irrompo na sala sem nenhuma preliminar, todos ali me olham como se fossem me matar. Eram expressões faciais tão apavorantes que eu de fato pensei que não sairia daqui viva.

Todos os que estão na sala são homens, estão sentados ao redor de uma mesa e alguns jogam cartas em um sofá em uma das laterais da sala; um deles, tem o cabelo meio azul e espetado e me encara incrédulo, ao mesmo tempo que troca olhares com os parceiros ao seu lado. Eles parecem de fato estupefatos com minha atitude, como se jamais, nunquinha e em hipótese alguma imaginassem que eu iria ter uma atitude como essa.

De repente agente duplo (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora