Capítulo 34

58 7 4
                                    

Isso era possível?

Nós nos conhecíamos a menos de três meses... Na verdade nem nos conhecíamos de fato.

Então por que raios eu estava sentindo aquela sensação boba ao ser observada por ele? Porquê minhas mãos estão inquietas e começando a transpirar? Porquê eu o estava observando a um minuto atrás?

Posso sentir seu olhar ainda sobre mim, mas não me atrevi a olhar de volta por pura e ingênua vergonha do que virá a seguir. Eu não sabia qual das personalidades bipolares dele reagiriam, eu pensei em enumerar uma lista com as possibilidades e elas me assutaram um pouco.

1. Calebe bonzinho: ele irá sorrir e fazer um comentário sobre as imagens para mudar de assunto, evitando o momento anterior de puro constrangimento.

2. Calebe indiferente: não dirá nada.

3. Sr. Educação: fará um comentário debochado sobre eu o estar... admirando... quando dizia odia-lo.

4. Ele me expulsaria da van. (Essa era uma possibilidade remota e imbecil, mas como era o meu maior temor no momento, já que não queria voltar para a sede, a opção surgiu sem ser convidada e se incluiu a lista.

- Ana? - a voz dele me chama e me traz de volta a realidade, ela não é debochada e nem divertida, há algo nela que eu desconheço, é algo intenso.

O ódio é um sentimento intenso... - a lembrança do que eu havia dito algums dias atrás me vem a mente.

E o amor também - penso contradizendo a mim mesma.

Isso não me ajudava em nada...

Cadê meu racional verdadeiro quando preciso dele?

Eu já estava tomando coragem para encarar o cara ao meu lado quando sou salva pelo gongo, ou melhor, pelo aparelho celular dele que começa a tocar um milésimo de segundo antes que eu vire o rosto em sua direção.

Ufa!

- Calebe Jollen. - anuncia ele atendendo o celular e se colocando de pé há alguns passos de mim, eu finalmente olho em sua direção, mas ele está olhando para a lateral da van, parecia concentrado.

- está indo tudo como o planejado. - avisa a pessoa do outro lado da linha, deduzo que deva ser o nosso chefe pedindo detalhes sobre a operação.

- você não prefere dizer isso a ela pessoalmente? - há uma pausa antes que ele continue - Ela está aqui me ajudando a dar conta de todas as câmeras que instalou. - a última parte tem uma leve pontada de divertimento, que só dura uns segundos antes que ele ouça algo que lhe deixa ofendido e zangado. - é claro que não! - retruca irritado. Outra pausa, dessa vez um pouco mais longa - sim. Eu sei Selso. - responde contrariado - Pelo amor de Deus! Claro que não... - ele me observa por um tempo antes de acrescentar. - quer ou não quer falar com a Ana? - insiste parecendo querer me lançar o celular como um modo de fuga.

- aqui Ana. - ele estende o celular em minha direção parecendo aliviado em poder se livrar do aparelho, e eu tenho medo de ter que enfrentar um chefe nervoso agora, Calebe não fez nada para que Selso tivease lhe dado um sermão, ou fez? E eu... havia feito? Observo o aparelho em minha mão e lanço um olhar para Calebe que faz uma careta. Bom, só havia um jeito de saber...

- Ana? - surgi a pergunta assim que coloco o celular por sobre a orelha.

- eu mesma. Pode falar. - respondo ainda com um pe atrás, mesmo notando que sua voz não parecia nem um pouco irritada. Pelo jeito eu não fiz nada de errado.

- você me confirma o que Calebe disse, a missão está indo como planejamos? - pergunta incerto.

- sim. Está sim. - digo surpresa com sua desconfiança.

De repente agente duplo (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora