Capítulo 46

55 6 1
                                    

- Nós nos desencontramos muito. - comento casualmente. Ainda não podia acreditar que estávamos sentados lado a lado no sofá da sala e um dos seus braços fortes estava por trás dos meus ombros em um abraço carinhoso.

- Eu não me importo mais, contanto que tenhamos nos encontrado agora. - diz sinceramente.

- Sempre quer ter sua própria teoria sobre tudo, não é? - brinco cutucando seu braço com o dedo indicador.

- Nem sempre. - diz com um sorriso maroto.

- Claro que não. - ironizo e ele sorri despreocupado.

- Quando você vai voltar?

- Amanhã. Sairei pela manhã.

- Eu levo você.

- Obrigada, mas não quero incomodar. Eu posso pegar um ônibus e... - ele me interrompe.

- Não é incômodo nenhum, você acha mesmo que eu quero me afastar de você justamente agora que nos entedemos? - fico em silêncio, afinal eu também não queria isso, mas sabia que precisávamos dar um passo de cada vez.

- Além disso, minha futura namorada não anda de ônibus enquanto eu possuir um carro.

- Fut-tura... - minha voz falha e eu o olho surpresa.

- Se ela quizer, é claro. Não estou brincando com você Ana, desejo algo sério. - eu fico sem saber o que dizer e ele sabiamente percebe. Logicamente eu queria isso também, mas não ainda, precisava ao menos voltar a realidade primeiro e aí, somente aí, poder dar esse passo.

- Só pense a respeito, sem pressa. - ele beija meus cabelos e isso me tranquiliza, me sinto confortável aqui em seus braços, mas a curiosidade em algum canto inconveniente do meu cerebro permanece, eu precisava de repostas.

- Calebe?...

- Humm?

- Ainda quero saber sobre ela. - ele fica em silêncio por alguns segundos.

- Tudo bem. - Calebe se move e parece um tanto desconfortável, eu também estava. De certa forma aquele assunto parecia influenciar de alguma maneira na nossa relação. Ele se organiza no sofá e agora está de frente pra mim. - é uma história longa Ana. - fala por fim.

- Sem problemas. - digo confiante. Vejo apenas um sorriso fraco em seu rosto, antes que ele comece a remexer nas gavetas de uma mesinha no canto do cômodo, um móvel que eu nem havia notado antes.

- Aqui. - ele me entrega outro porta retrato.

- Como você tirou essa foto minha? - pergunto surpresa, e com razão. Havia uma semelhança ainda maior entre a imagem na fotografia e eu. - Ela se parece muito comigo.

- Mas não é você Ana. - diz se sentando novamente ao meu lado. - essa é a questão.

- Quem é ela? - pergunto preocupada e curiosa olhando para uma sósia perfeita de mim mesma sentada em um banco de alguma praça aleatória rindo para a pessoa que devia estar tirando a foto naquele momento que ficou registrado. As mesmas diferenças da foto anterior haviam nesta, mas um tanto mais suaves. Seu cabelo era bem curto e seu olhar bem mais jovial que o meu.

- O nome dela era Ana assim como você. Ana Sulivan, eu e ela nos conhecemos em um parque, ela esbarrou em mim e foi uma conexão instantânea. Nós começamos a sair juntos, e a cada vez que nos víamos eu percebia ainda mais como ela era uma pessoa maravilhosa. Sabe? Daquelas que te fazem sorrir mesmo nos dias em que você não vê graça em nada. Era responsável, muito madura e com uma força implacável. Nós namoramos por dois meses e eu só a amava mais a cada dia, ela era como uma pequena porção de luz e quando eu não estava com ela, me sentia vazio. Então.... Eu a pedi em noivado. Fiz isso nesse dia - ele relanceia a foto com o olhar, o seu tom terno e monótono apenas me deixa mais aflita. Eu sentia que essa história tinha influência sobre como eu e Calebe lidámos um com o outro e sentia certa conexão com essa garota, até então desconhecida.

De repente agente duplo (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora