Capítulo 32

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- responde Ana. - pede, outra vez, se inclinando sobre a mesa e apoiando o rosto no mãos, os cotovelos estão casualmente sobre a mesa. Ele parece ser o dono do mundo com aquele olhar mandão e altivo. Assim como nas duas vezes anteriores não respondo e ele só toma meu silêncio como motivo de riso. Ele ainda está com o mesmo sorriso.

- tão carente. - provoco - o que quer com isso? Que eu fortaleça a sua auto-estima ou o seu ego frágil? - ele arregala os olhos, surpreso com meu comentário, antes de responder.

- eu adoraria que fortalecesse meu ego frágil. - eu reviro os olhos e ele ri, aparentemente, satisfeito.

- me recuso a fazer isso. - digo tentando não entrar novamente na zona de guerra, provocar o Calebe era muito cansativo.

- tudo bem. Você que sabe. - diz dando de ombros casualmente.

- eu quero declarar paz. - explico falando devagar - você poderia parar de me provocar. Por favor. - peço com seriedade.

- desculpe. - pede parecendo também querer o mesmo - que reine a paz. - diz com tom solene.

- que reine a paz. - repito inteiramente de acordo.

- aqui estão seus pedidos. - diz a garçonete de repente aparecendo e me assustando, eu nem percebi que ela havia se aproximado, por sorte consigo impedir que um grito me escape, mas Calebe percebe o que aconteceu mesmo assim, ele me olha confuso e libera a garçonete com um simples obrigada fajuto, antes de começar a rir.

- sabe, você me surpreende muito Laurell. - começa se concentrando em mim, sem nem mesmo olhar direito para o seu jantar.

- tenho duas perguntas: Primeiro. Por que eu te surpreendo? Segundo. Por que voltou a me chamar assim, Agora que tava pegando o jeito de dizer o certo? - pergunto com cara de tédio antes de olhar para o meu lindo prato e ficar animada na hora.

- bom, você é tão sensível a movimentação, sempre se assusta com coisas pequenas e esse é seu habitual, mas está sendo tão corajosa nesse trabalho que eu mal a reconheço, por isso você me surpreende.

- ah! Você acaba de me chamar de medrosa? - pergunto sem querer perder o controle.

- não. Eu disse apenas disse que você não é a mulher mais corajosa que eu já conheci, mas é forte quando quer. - explica em fim começando a comer.

- isso foi um elogio? - finjo espanto antes de rir.

- não vai se acostumando. - repreende, mas também sorri. - e quanto  a segunda pergunta, porque isso te irrita tanto? - pergunta.

- bem, eu gosto do meu nome! - respondo.

- bem... - me imita - aquele seu amigo te chama de um apelido horroroso e você nem liga, na verdade parece até que gosta. - argumenta parecendo de fato incomodado, com uma besteira dessas.

Era só o que me faltava!

- bem... ele é meu amigo, e no início eu até que relutei com o apelido, mas pegou, então não tive escolha. - explico sem saber qual seria sua reação.

- bem, eu sou seu parceiro de missão, e é comum que coloquemos apelidos uns nos outros. - explica tentando convercer a ele e a mim com aquela conversa fiada. - vai me dizer que você não colocou um apelido em mim ainda?

Tá eu tinha colocado, mas isso não vem ao caso...

- essa história não me convenceu. - comento ainda comendo da minha deliciosa Muqueca.

- tudo bem! - começa com as mãos espalmadas para frente. - talvez eu gostasse de te irritar um pouquinho com isso, seu nome é lindo, a propósito. E você também fica uma fofa quando está brava. - diz despreocupadamente como se não fosse nada.

Ele acaba de me chamar de fofa?

- de irritante e infantil, agora eu sou fofa? - pergunto divertida.

- não. Você é irritante, infantil só as vezes, mas é fofa também. - ele dá de ombros.

- sei. Tudo ao mesmo tempo?

- tudo ao mesmo tempo. - confirma, enquanto mastiga, sem pressa, a sua salada.

- você é esquisito, e me deixa confusa, mas é até agradável conversar com você. - provoco só para não perder o costume.

- cuidado, isso quase saiu da categoria de insultos. - comenta sorrindo. O silêncio reinou depois disso e nós terminamos de comer, mas foi agradável estar na companhia dele.

O que é claro foi apenas por conta da trégua de paz que estabelecemos.

Trégua essa que durou pouco. Sendo mais precisa, durou somente até termos que pagar a conta.

- eu pago. Não precisa se preocupar com isso. - insiste mais uma vez. A garçonete nos olha visivelmente entendiada com a discussão, mas a culpa não é minha, logicamente.

- eu já falei, eu posso pagar pela minha comida. - repito já um pouco mais exaltada.

- e quem disse que eu não sei disso? A questão aqui é que eu quero pagar. - lança visivelmente irritado.

Agora pronto!

- eu pago. - digo e a garçonete vem na minha direção.

- não. Eu pago. - ela vai até ele.

- Mas... - tento falar, mas ele me interrompe bruscamente.

- Por Deus Ana! - reclama. - você é muito teimosa mulher. - ele não está irritado, está furioso.

- eu sou a pessoa teimosa aqui? - pergunto cética.

- é. Você é sim. - confirma enquanto me guia para fora do restaurante. - o que custa me deixar pagar um simples jantar? - ele parece estar confuso e ao mesmo tempo um pouco ofendido. - O jantar foi ótimo, sua companhia foi ótima, a comida estava maravilhosa... - começa a falar uma coisa atrás da outra, tudo de uma vez como se estivesse com pressa de dizer tudo o mais rápido que pudesse. - eu... eu só quero parar de discutir com você. - diz por fim parecendo muito cansado de repente.

- pelo menos com isso nós concordamos. - confesso dando a ele um sorriso franco que ele retribui.

- Até que enfim! - comemora mudando completamente de expressão.

- você me deixa confusa. - digo de repente e me arrependo no mesmo instante.

- o quê? - ele parece curioso.

- nada. - tento disfarçar comemorando em silêncio por ele não ter ouvido.

Comemorei cedo demais...

- eu ouvi o que você disse. - explica - só quero saber o que quis dizer. - ele prende meus olhos nos seus, não consigo evitar dizer a verdade logo de uma vez.

- você é um completo... Er... desculpe a palavra. - ele assente, percebo que tenho toda a sua atenção - imbecil e idiota em alguns momentos, a maioria deles, devo acrescentar. - ele sorri parecendo envergonhado - e em outros, como agora, você é sei lá, tão diferente. Não sei em quem acredito. - digo por fim suspirando.

- eu entendo sua confusão, mas eu já me desculpei pelo meu comportamento. Eu sei que é repentino, mas esse, sou eu de verdade, eu estava em um estado de não eu, por muito tempo, mas de certa forma desde que... er... - ele exita. - desde que Sam voltou de viagem a poucos dias eu tenho me tocado de que precisava mudar, sabe? Me tornar um pouco menos imbecil e idiota.

- entendo. E fico feliz pela sua escolha de mudança.

- é. Eu também Ana. Eu também.

De repente agente duplo (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora