"Quero olhar nos teus olhos e dizer Só te quero a ti, ponto final Apaguei tudo que nos fez duvidar Agora só vejo minha vida contigo Ao teu lado é tudo Não existe mais nada que me faça duvidar"
- Amar 24/24 Calema
Zondag, 16 september 2018
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Paramos perto do lago, após uma corrida.
- É impossível tentar vencer-te. - Angel diz, ofegante, com as mãos no joelho. - Desisto.
- Já dizia eu...
Combinamos de vir ao Vondelpark, para uma disputa de corrida pelo parque, nesta manhã de domingo, e depois, um piquenique durante o almoço. Ficamos um tempo sem se ver, pelo fato das Qualificações da Liga das Nações.
- Nem a trapacear, eu consigo. - sentamos na grama.
- Eu sou mais rápido. - observava-a a mirar a sua visão ao lago à frente.
- Frequentava muito este parque natural na infância e adolescência, juntamente com os meus pais. Gostava de vir aqui com eles, respirar este ar puro, e poder divertir, correr. Meu pai colocava-me em cima dos seus ombros, e eu adorava muito quando ele fazia isto.
Ao citar os seus pais, podia ver felicidade e tristeza ao mesmo tempo nela.
- O que aconteceu com os teus pais? Se preferires não responder, eu entenderei.
- Eles morreram, numa explosão que ocorreu num restaurante, e como estavam na cozinha no momento, infelizmente, não escaparam. Eu não só perdi os meus pais, como também, perdi o meu irmão. A minha mãe estava grávida, e ia revelar o sexo ao meu pai também no dia. Era o seu aniversário também. Foi como se ouvisse que o mundo acabou, no minuto seguinte em que meu avô noticiou-me. Eu pensei que seria mais um dia feliz para nós, a ter os meus pais logo de manhã a acordarem-me, e desejarem-me um ótimo dia. Mas, não foi isto que aconteceu. Acordei, confusa porque eles não foram no meu quarto. Imaginei que estavam a ter os seus momentos de casais, até eu descer para a sala, e encontrar o meu avô, com a feição muito triste, e a chorar. Eu sei que foi difícil para ele ter-me contado, muito difícil por perder o filho, e a nora. Minha mãe estava a dedicar a confeitaria, e o meu pai, ajudava-a, mesmo que tinha um escritório de advocacia. Juntos eles fizeram projetos, para ampliar o negócio, e tudo mudou. Da noite por dia, ficamos somente eu e o meu avô. Eu não tinha mais ânimo para fazer alguma coisa. Meu avô fazia de tudo para ficar firme, e passar-me força, só que, também estava lamentado. Tivemos pessoas juntamente à nós, a passar-nos força. Eu agradeço imensamente à Eve, o Jöel, e todas as outras pessoas, que estiveram junto à nós, naquele momento difícil. Eu prometi a mim mesma, que iria reabrir a Sugar Cfr., e realizar o que não pude ser realizado. Então, o primeiro objetivo, era abrir lojas em outras cidades. E conseguimos, e agora, irá ser aberto em Bélgica. Até hoje, sinto falta de ambos, mesmo do meu irmão, que embora não tenha nascido, eu já o amava, e tinha imensa vontade dele chegar ao mundo. Os instantes bons que passo, queria que estivessem aqui comigo. - termina, a chorar.
Chego mais perto dela, e deito a sua cabeça no meu ombro, a tentar consolá-la. Limpei as suas lágrimas que se encontravam na sua face. Era a primeira vez que a via chorar, e partia-me o coração.
- Aonde seus pais estiverem, estão a presenciar todos estes momentos, que querias que eles estivessem presentes.
- É tão difícil, a perda das pessoas que amas. Pensas que nunca a dor irá passar. Com o tempo, ela ameniza, mas nunca será esquecida todas as lembranças. Eles continuam, e sempre continuarão no meu coração.
- Eu tenho certeza que eles estão felizes, pela filha que tu tornaste. Com uma beleza interior esplêndida, uma pessoa bondosa.
- Eu às vezes fico sem saber como agir, perante os elogios que fazes.
- São as verdades, que posso observar em ti. - sorri fraco. - Se não fosses uma holandesa, nascida, crescida e possui sangue holandês, eu não diria que és.
- É que a minha mãe, era norte-americana. Eu sou a cópia dela. Em cada traço. Meu avô diz que até no jeito de ser.
- Como o mundo seria melhor, com cópias de ambas.
- Seria melhor também, com cópias de Dušan.
- Ah, com certeza, seria mais contigo, Moja divna*!
- O que quer dizer?
- Depois dir-te-ei.
- Por que não agora?
- Porque há algo mais importante que preciso dizer-te.
- O quê? - questiona, curiosa.
Pensei em falar em o que estou a sentir por ela. Querer abrir-me e expressar os meus sentimentos. Ficar junto a ela, provava cada vez mais, que não estava errado em relação a isto. Antes de dormir, era ela que vinha na minha mente. Só que, tinha receio de não sentir o mesmo, e poder estragar a amizade que tínhamos. Como a paixão é complicada, ou talvez eu mesmo estou a deixá-la assim.
- Não vais falar?
- Por que não vamos fazer uma caminhada na floresta, e acampamento, num final de semana que não haverá jogo nem treino, com a Eve e Jöel? - desconversei. Não tive a coragem.
- Ah, claro. Eu aceito. Acredito que vai ser bem divertido. E também, relaxante. Teremos um tempo na calmaria.
- Na tua companhia, com certeza irá ser. Mas, não tens medo?
- Medo? Eu? É mais fácil tu teres, do que eu.
- Convencida.
- Convencida desta vez estou, que irei conseguir vencer-te. - levanta rápido, e começa a correr.
Eram os momentos que queria passar sempre, basta ela estiver comigo.
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- Gostei muito de cada minuto que passamos juntos no parque. - diz, após eu parar o carro em frente à sua casa. - Realmente, gostei imenso.
- Eu também digo o mesmo. Foram minutos, que até passaram lentos.
- A próxima, será na floresta. Para falar a verdade, estou já ansiosa. Faz um bom tempo que não faço acampamento.
- Poderemos marcar após voltarem da Bélgica.
- Mais propício ainda. Então, vou ter que ir.
- Tudo bem. - deu-me um beijo na bochecha.
- Tchau Dušan!
- Tchau Angel!
Saiu do carro, e antes de entrar na casa, acenou, e fiz o mesmo. Dei a partida no automóvel, depois. Tivemos um momento único, e poderia ter dito. Não o fiz.
