𝗔 𝗠𝗮𝗿𝗰𝗮 𝗱𝗮 𝗥𝗲𝗷𝗲𝗶𝗰̧𝗮̃𝗼. (𝗝𝗶𝗸𝗼𝗼𝗸)

Capítulo 5

Jimin.

Gostaria de ter morrido, seria menos doloroso que acordar e saber que eu perdi quase toda minha família, restando apenas um irmão que poucos meses antes da tragédia disse que me odiava pelo simples fato de eu ter nascido.

Soube pelo médico que me atende, Dr. Jung, que meu irmão vem todos os dias me visitar e que Lisa havia acabado de sair do quarto. Ele me contou que ela sempre conversava comigo, lia alguns livros enquanto eu estava adormecido.

Eu dormi por mais de dois meses, devido aos ferimentos internos. Segundo o médico, eu fraturei duas costelas, e qualquer movimento poderia me causar muita dor, então, ele optou pelo coma induzido.

Estou perdido em pensamentos e lágrimas, quando percebo a movimentação na porta do quarto... Antes que ela se abra, sinto o cheiro do meu irmão, e outros dois que pelo cheiro, são Alfas lúpus, e outra pessoa, que pelo cheiro sei que é o Dr. Jung.

Jay entra, com sua cara fechada de sempre, acompanhado dos Alfas lúpus.

- Como você está? - Jay pergunta ao sentar na poltrona ao meu lado - Esses são Sr. Kim Namjoon e Sr. Kim Taehyung.

- Estou destruído - digo com a voz embargada pelo choro - Eu perdi minha família quase toda, só me restou você, Por quê não me deixaram morrer junto com eles? Por que Taemin teve que sacrificar por mim?

- Eu sei o que você está sentindo - Jay me abraça - Infelizmente não somos nós quem decidimos, eu também preferia ter morrido no lugar deles.

- Por que eles estão aqui? - Eu pergunto olhando para os Alfas - São advogados?

- Vamos conversar sobre isso outra hora, você já teve emoções demais por hoje - Jay arruma a coberta sobre meu corpo - É algo que o pai estava resolvendo pouco antes do acidente.

- Então me diga de uma vez! - digo sério - Nada irá me machucar mais do que já estou.

- O pai estava tratando do seu casamento com o Kim Taehyung - Jay diz me mostrando o Alfa Lúpus - O médico havia contado para ele que você não poderia continuar por mais tempo com os supressores e agora com o tratamento psicológico não poderá mais usar, com isso, precisamos apressar o casamento para evitar seu sofrimento com seu primeiro cio.

- Um casamento arranjado? - pergunto assustado - Eu nem conheço esse Alfa, como poderei me casar com ele e ainda passar meu primeiro cio?

- Quantos Alfas lúpus você conhece? - Jay me pergunta sério - Se conhecer algum que esteja disponível para um casamento imediato, me mostre que faremos do jeito que você quiser, ou se preferir, podemos trancar você na casa da floresta para passar o seu cio sozinho.

- Eu conheço alguns, mas não com intimidade o suficiente para uma proposta assim - digo - O pai nunca permitiria uma aproximação com um Alfa, você sabe disso! Por isso eu mantive a distância. Se passar o cio sozinho for uma opção, eu prefiro.

- Você não tem noção do que diz - Jay fala negando com a cabeça - Um cio sozinho é a pior tortura que pode haver, você provavelmente não suportaria.

- Seria menos doloroso que passar com um desconhecido ou ter que me casar com ele - digo sem filtro - Quanto tempo temos?

- Não sabemos - Jay responde - Pode acontecer a qualquer momento, afinal você não poderá tomar os supressores, e já faz mais de dois meses que você não usa nenhuma medicação para impedir.

- Eu preciso de um tempo pra pensar - peço - Pelo menos por uma semana, não posso decidir nada agora, não estou em condições de decidir sobre isso.

- Tudo bem - Jay concorda - Vamos deixar você descansar. A minha idéia é que o Alfa venha te visitar, pra você se acostumar com ele antes do casamento. Assim, vocês irão se conhecendo.

Todos saem me deixando sozinho com a bagunça que ficou na minha cabeça.

Meu pai seria capaz de algo assim, sem ao menos me consultar?
É bem capaz! Eu não duvido, ele sempre tomava as decisões, provavelmente, pensando no meu bem estar. Estava preocupado com minha saúde.

Ouço a porta abrir, vejo um médico entrando.

- Olá, sou Dr. Kim Seokjin, serei seu psiquiatra - o médico diz se sentando na poltrona ao meu lado - Devido a sua perda, eu farei uma consulta diária, por uma semana. Sei que você tem muito o que dizer. Depois disso, nos encontraremos uma vez por semana. Está de acordo?

- Estou cercado de Kim's. - forço um sorriso - Hoje eu conheci dois Alfas com esse sobrenome. Acho que são Taehyung e Namjoon.

- São meu marido e filho - O médico diz - Eu não sabia que eles conheciam você!

- Pelo visto, não sabe que serei seu genro - digo triste - Não que seja algo que eu tenha escolhido.

- Não, eu não sabia disso - Dr. Kim fala pensativo - Esse casamento não é do seu interesse?

- Nem meu e menos ainda do seu filho, pelo que eu pude perceber - digo - Foi algo decidido pelo meu falecido pai, preocupado comigo. Eu não poderei tomar mais supressores, então, ele preferiu procurar um Alfa Lúpus para cuidar de mim no meu primeiro cio. Soube disso hoje, quando eles estiveram aqui com meu irmão.

- E como você está em relação a isso? - Dr. Kim pergunta me olhando nos olhos - Sei que está sendo um momento muito difícil pra você, além da tragédia, mais essa informação sobre o casamento.

- Não sei se conseguiria colocar em palavras o que sinto... Foram muitas informações ao mesmo tempo - digo com a voz embargada - Logo ao acordar, soube da morte da minha família, daqueles que se preocuparam comigo até o último instante. Meu irmão Taemin, sacrificou sua vida para proteger a minha... Sabe, Taemin sempre foi um irmão amoroso, sempre preocupado comigo. Eu me sentia à vontade para conversar com ele sobre tudo, ele era uma espécie de válvula de escape. Kwan, era meio doidinho, mas sempre me apoiava do jeitinho dele, sempre me defendia do Jay, que fazia questão de deixar claro que me odiava... Como ele mesmo disse no dia que saiu de casa. Meu pai... Ele sempre cuidou de mim com muito amor, mesmo tendo uma mente atrasada de que um ômega não marcado não pode sair sozinho, trabalhar, ou ter uma profissão, assim como Jay também pensa... Eu só iria fazer uma faculdade por insistência do Taemin e Kwan, agora nem sei mais se será possível. Não sei o quê seu filho pensa sobre isso e estou sendo obrigado a me casar com ele. Minha família era meu porto seguro, agora foram arrancados da minha vida, eu nem pude me despedir.

Após essas palavras, chorei muito. Sendo amparado pelo psiquiatra.

- Isso, põe pra fora sua dor... - o médico me abraça deixando eu chorar enquanto faz um carinho em minhas costas - Neste momento é necessário chorar.

Após um longo tempo, fui me acalmando.

- Sobre minha família, não haverá problema com sua profissão escolhida - Dr. Kim diz limpando meu rosto - Eu sou Ômega puro e sou psiquiatra, então, você poderá escolher a profissão que quiser, eu te garanto isso! Quanto ao casamento, eu vou procurar saber direito, ainda não posso te falar nada a respeito, pois estou sabendo agora.

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