Capítulo 9

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Jay.

Pode parecer loucura, mas ao saber que o Alfa da família Kim não cumpriu o combinado, me deixou de certa forma aliviado. O Kim mais novo, havia deixado claro que não estava interessado em meu irmão, sendo obrigado a aceitar o casamento. Eu tive medo dele fazer Jimin sofrer, e não é isso que eu quero. Eu quero a tranquilidade de saber que ele está bem, que eu posso confiar no Alfa que estará cuidando do meu irmão.
Eu disse anteriormente que não voltaria pra casa, justamente para dar espaço para Jimin se sentir à vontade com o namorado, e assim, iniciarem a relação entre eles. Diante das circunstâncias, me sinto na obrigação de ficar com ele, pois o mesmo não pode ficar sozinho nesse momento, além de ser perigoso por ser um Ômega, e por ainda estarmos vivendo o luto recente. Não é bom ficarmos sozinhos em um momento como este, precisamos nos unir mais, para sobrevivermos a dor.

Tem uma coisa mais recente martelando na minha cabeça. Eu percebi, ao chegarmos na academia, ao conhecermos o professor de Taekwondo, que ele demonstrou interesse no Jimin, tanto que comentou que havia pensado que Jimin era meu Ômega. Ainda não é nada concreto, eu tenho que conhecê-lo primeiro, não sei se ele já é marcado, ou se tem alguém em sua vida, mas ao perceber seu interesse, me deu um novo ânimo.
Não que eu vá forçar uma situação entre eles, não! Só não vou dificultar, se Jeon estiver livre de compromisso.
O primeiro ponto favorável é que ele não se opôs ao fato de Jimin sendo um Ômega Puro, no futuro, comandar a empresa da família já é grande coisa. Dificilmente um Alfa aceitará ser subordinado de um Ômega. Sei que terei que estar preparado para a batalha que iremos enfrentar... Tendo um Alfa Lúpus como aliado, seria muito melhor, mesmo que não aconteça um romance entre eles.

Com minha cabeça totalmente voltada para a situação, não tive condições de trabalhar mais, assim, peguei meu carro indo direto para o flat.

Ao chegar, arrumo algumas coisas em uma pequena mala, colocando no porta malas. Seguindo para a casa, onde irei morar com Jimin.

O flat, vai continuar guardando minhas coisas, e será um lugar pra onde levarei um(a) Ômega ou Beta, pra passar a noite quando for necessário. Eu não pretendo ter um relacionamento sério por enquanto.

Ao chegar em casa sou espancado pelas lembranças da nossa família reunida na mesa do jantar... Sinto um nó na garganta, logo sou abraçado por Jimin, que provavelmente percebeu minha dor.

– Pode chorar, Jay – Jimin diz ainda abraçado comigo – O psiquiatra diz que ajuda a aliviar a dor.

Caminhamos abraçados até o sofá, onde Jimin me fez deitar com minha cabeça em seu colo, fazendo um cafuné. Ficamos assim, até eu me acalmar.

Durante o carinho, percebi o quanto eu perdi, enquanto brigava por motivos bobos. Coisas que se eu sentasse e conversasse, seria menos problemático. Eu sempre tive esse meu jeito impulsivo, rebatendo tudo que me desagrada na hora, sem medir palavras e consequências, com isso eu perdi a grande oportunidade de curtir um pouco mais minha família, o pior prejudicado fui eu mesmo. Agora a dor da saudade é enorme e o arrependimento não os trará de volta.

– Eu marquei com o psiquiatra pra sábado, ele virá aqui em casa nos atender – Jimin me tira dos pensamentos – O pouco tempo que ele me atendeu, já me ajudou muito, eu creio que vá te ajudar também. Às vezes, só precisamos de alguém que nos ouça sem questionar ou julgar nossos motivos, só de ouvir, já deixa a alma mais leve.

– Obrigada, Jimin! – digo envolvendo sua cintura em um abraço – Mesmo eu dando todos os motivos pra você me odiar, você está aqui, cuidando de mim, como eu nunca cuidei de você. Me perdoa?

– Jay, eu sempre te amei, mesmo você sendo do jeito que foi – Jimin fala ainda acariciando meus cabelos – Toda família tem problemas, como você mesmo explicou, você tinha medo da superproteção, só não sabia como expôr de outra maneira. Não há o que perdoar somos somente nós dois agora, então, precisamos nos apoiar um no outro.

Me levanto, dou um beijo em sua bochecha – Você é maravilhoso, Jiminie! – vejo ele sorrir – Eu vou mostrar pra você, que você pode contar comigo sempre.

– Não precisa, eu sei disso – Jimin fala limpando as lágrimas do meu rosto – Eu confio na educação que nosso pai nos deu. Não existe ex irmão, é algo pra vida toda.

Sorrio com essas palavras, de fato, irmão não escolhemos, é algo que recebemos de presente pra vida inteira. Até depois que a vida se vai, continuamos irmãos.

– Você conseguiu fazer a transferência de curso?– pergunto mudando de assunto.

– Sim, foi fácil – Jimin fala com um pequeno sorriso – Difícil será enfrentar os Alfas, durante o curso.

– Se precisar, posso te buscar...– digo e vejo Jimin negar – Ou contratar um segurança.

– Como você sempre disse: Eu preciso aprender a me virar sozinho – Jimin suspira – São coisas que terei que enfrentar, uma hora ou outra. A partir daí, estarei pronto para enfrentar a batalha na empresa.

– E quando você começa?– pergunto.

– Na próxima semana – Jimin se levanta estendendo a mão pra mim – Vem, vamos jantar, você deve estar cansado.

Jantamos em silêncio, as lembranças das refeições em família, até mesmo as brigas que eu causava. Eu tenho certeza que Jimin está pensando nas mesmas coisas, pelo seu semblante entristecido.

Após o jantar, fui para meu quarto. Mais um dia sobrevivendo a dor cortante da perda.

(...)

No sábado pela manhã, o Dr. Kim chega em nossa casa, para a consulta. Consigo colocar pra fora toda minha dor, sendo apoiado por Jimin que fez questão de estar comigo neste primeiro momento, ele sabe o quanto está sendo difícil pra mim, assim como é difícil pra ele, entre nós dois não há divisão, a dor é igual.

Jimin também aproveitou minha companhia, compartilhando sua dor. Falou também sobre os pontos positivos que está vivendo, relacionado a minha mudança de comportamento; que se sente fortalecido ao meu lado o apoiando em seus novos caminhos, que ele jamais pensou em trilhar. Contou como se sente agora, mesmo sendo tudo recente, consegue enxergar um futuro.

Depois da consulta, o Dr. Kim explicou que havia tido uma conversa séria com o filho, sobre o relacionamento, só aí que fui associar o sobrenome.

– Durante a conversa, eu descobri que ele está apaixonado – Dr. Kim explica – Então, decidimos que ele não iria te procurar. Não seria justo com nenhum dos dois viverem uma relação tão séria, sendo obrigados.

– Foi melhor assim, eu estava bem preocupado com essa relação – Digo –  Ele desde o início deixou claro que não estava confortável com isso, assim como Jimin, então, eu estava esperando qualquer ponto negativo pra dar um fim nesse acordo.

– Meu marido diz que se preocupa com Jimin, mas eu sei que ele pensa mais na empresa do quê no próprio filho – Dr. Kim diz sincero – Fico feliz que tudo acabou bem. Eu tenho certeza, que Jimin irá encontrar alguém e será muito feliz! Agora eu preciso ir, na próxima semana, a consulta será individual, tudo bem?

– Sim, Jimin ficou ao meu lado para me apoiar no primeiro momento – olho Jimin que me abraça, parecendo um gatinho manhoso – Era só um incentivo, não é, Jimin?

– Se não fosse assim, ele não faria a consulta – Jimin fala sorrindo – Ele sempre foi muito fechado.

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𝗔 𝗠𝗮𝗿𝗰𝗮 𝗱𝗮 𝗥𝗲𝗷𝗲𝗶𝗰̧𝗮̃𝗼. (𝗝𝗶𝗸𝗼𝗼𝗸) Onde histórias criam vida. Descubra agora