Máscaras (Girafa)

12 - Anacrônico

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Nem sempre as pessoas dizem o que sentem, o que a mente imagina, o que a boca quer externar, mas os olhos não mentem jamais. O olhar é um ótimo indicador de emoções, é possível conhecer o interior de uma pessoa e interpretar tudo o que se sente através de seus olhos. Na maioria das vezes nós já fazemos isso instintivamente, pois o cérebro relaciona memórias anteriores com as expressões de novas pessoas.

Traduzir um olhar para Rafaella era fácil, pois além de sua intuição e espiritualidade forte, fora aperfeiçoada em linguagem corporal, sabia analisar os trejeitos de qualquer um, nada era avaliado separadamente. Um Sorriso deveria ser examinado juntamente com a curvatura das bochechas, a posição das mãos, a direção dos olhos, reparando em eventuais espasmos de micro músculos faciais, entre diversas outras técnicas que a faziam uma Expert em decodificar o que alguém, deliberadamente ou não, escondia.

Todo o processo demandava energia e concentração, e não tinha isso o tempo todo, mas no trabalho, deveria usar, se lamentava todos os dias, por não ter reparado nos olhos de Manu, naquele fatídico mês de maio de 2019.

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De volta ao Rio - Acontecimentos após o Atentado de maio 2019

Rafa Kalimann passou dois meses internada no Hospital da Corporação Federal no Rio de Janeiro, a bomba que terminou com a vida da sua melhor amiga e parceira Manoela Gavassi, criou um vácuo que arremessou seu corpo contra uma parede de vidro, quebrou uma de suas costelas perfurando o pulmão, teve fratura na bacia e os médicos tiveram que a induzi-la ao coma por três semanas para diminuir o inchaço de seu cérebro.

Renato Freitas Assumiu a operação Hydra e dava continuidade as investigações, listando agora o atentado e assassinato de Manu como parte importantíssima nas diligências da força tarefa, afinal Manu estava há anos trabalhando apenas com esse caso.

Após a Recuperação difícil de Rafa, ela voltou ao trabalho seis meses após o acidente, apesar da relutância de Tato, a integrar a força tarefa.

(...)

Em uma das reuniões de equipe:

- Rafa, Vou designar outro agente para infiltração no caso.

- De jeito Nenhum, Renato! Você sabe melhor que ninguém, que eu e Manu... - a voz de Rafaella embargou, era a primeira vez que pronunciava o nome da amiga, limpou a garganta - Sou sua melhor aposta!

- Eu sei, sei também que , se não for você, perderemos meses de avanço, sei que você se recuperou muito bem e está na sua melhor forma e os médicos me contaram que passou os dias no hospital em meio a papéis.

A verdade era que Rafaella, que sempre foi calma e paciente, tinha sido consumida pelo fogo, junto com a Pajero naquela noite, o fogo que a consumiu, se alastrou por todos os cantos, queimou, secou e só restou a sede, de Vingança.

- Estudei TODOS eles, todas as famílias Tato, todos os amigos, parentes, vizinhos, empregados, sei de todos os negócios, as interações, do que gostam, o que comem e se ... Se não, QUANDO eu estiver lá dentro, vou saber exatamente, quem manda em que, a porcentagem de culpa de cada um em todos os negócios ilegais.

Renato via agora a sua frente, uma Rafaella nunca vista antes. Respirou fundo e escondeu um sorriso vitorioso, olhou nos olhos da loira, tentando puxar um pouco de sensatez e ternura em seu olhar, mas o reflexo voltou ardido.

- O plantão daquela Noite, era do Pedro, não era para Manu ter ido com você aquele dia... - a loira antes sentada, se pois ereta em um pulo.

- Como não? - Os olhos verdes arregalados encaravam o moreno a sua frente - A bomba era pra mim?