Brasília, Sexta Feira ano 2016.
Final da tarde e o relógio digital do computador a sua frente marcava 16:00h , pouca diferença fazia se era dia ou noite, já que estava desde cedo naquela função de lecionar em um auditório escuro, sem janelas , no subsolo da universidade Federal de Brasília (Unb)
Apesar de amar sua profissão e gostar muito de levar conhecimento para jovens que , como ela, queriam mudar o mundo através da justiça e do conhecimento do Direito, naquele dia em particular estar ali parecia ser um fardo difícil de carregar.
Gizelly Bicalho, Capixaba, estava com 23 anos e já era um prodígio no meio acadêmico. Apesar do apreço por advogar na área criminalista, não suportava as injustiças do mundo e principalmente do sistema carcerário brasileiro, onde o pobre é preso e rico passa longe da prisão, principalmente em Brasília, a Capital do - quanto maior sua conta bancária, quase nulas suas chances de ser preso, mesmo que tenha cometido algum crime - então optou por trabalhar em casos de injustiças sociais que os envolvidos não possuíam meios para lhe pagar.
Ainda assim, para seu provento fazia, outra coisa que amava, lecionar, ou como gostava de chamar, "instruir mentes a pensar longe de suas realidades vivenciadas e começar a olhar para o outro e para a grande maioria brasileira e assim utilizar de meios legais para fazer valer todo e qualquer direito."
Estava trajada de uma saia longa preta e justa, com uma blusa social branca de botão, um coque despretensioso no cabelo e no rosto uma maquiagem leve e óculos de leitura que a deixavam com um ar misterioso e sexy.
A advogada andava de um lado para o outro na plataforma a frente do projetor que ficava no teto do auditório, gesticulava empolgada enquanto explicava alguns assuntos e dava os toques finais de uma de suas mais emocionantes aulas.
Nas cadeiras abaixo, mais de 50 alunos vidrados a assistiam e faziam anotações "Por Deus, final de tarde em plena sexta feira, que orgulho desse pessoal "
Assim, ela era conhecida como Dra. Furacão da Unb, por seus posicionamentos um tanto quanto... Polêmicos, e seus discursos e aulas inflamadas com debates e os alunos excitados com suas abordagens.
- "O Direito não é o que você pensa ser justo!" - falava citando algum autor, quando seus olhos pousaram em uma de suas alunas mais prodígio, Alycia.
Alycia parecia escrever com afinco tudo que a Dra. escrevia, a menina era uma paulista linda de cabelos pretos, inteligente e muito dedicada em todas suas aulas, Gizelly sabia que ela era enfermeira e agora fazia Direito, mas pouco conseguia acompanhar sobre a vida de seus alunos, porem tinha um instinto protetor com aqueles que via pureza e vontade em suas aulas.
- "Não devemos nos iludir com Definições" - Falava repousando uma das mãos sobre o caderno de Alycia, fazendo menção para que acalmasse a caneta frenética, deixando a menina corada, sorriu para ela e andando por entre os alunos continuou...
- "Definir Algo é muito difícil "- Repousava agora seus olhos na Senhora Renata, sua outra aluna dedicada e misteriosa, sabia que ela era mexicana com mono celhas charmosas e um ar de menininha, não tinha certeza de sua idade, se fosse chutar pela sabedoria e olhar sereno que tinha, chutaria 50. Continuou...
- "Tudo que vamos dizer sobre o Direito no decorrer das aulas há de ser entendido como provisório porem deve-se gravar, pois são sujeitos a contestações." - enunciava para dizer que no Direito as coisas mudavam muito, deveriam ser cautelosos.
Voltando a plataforma virou e disse:
- "Terminando a aula queria dizer algo para vocês" - tossindo, a capixaba continuou - "O Brasil é o país da impunidade, a frase 'bandido bom é bandido morto' é sempre a que mais dói" - Engoliu a seco - "mas essa impunidade é absolutamente seletiva, para homens brancos de classe média ou alta. Enquanto isso, a população negra e pobre sofre na superlotação dos presídios brasileiros."
"Vocês sabem o que é um menino negro descendo o morro correndo, às vezes pra jogar bola, a polícia vir e prender? Por que no Bairro noroeste - bairro luxuoso de Brasília - a galera fuma maconha no meio da rua, a polícia não para e leva? por que ??? hein?? - falava com pesar e raiva - "Porque é seletividade!!!"
O negro .. - Apontava para os olhos brilhantes e atentos grudados nas cadeiras a sua frente, enquanto gesticulava - ... descendo o morro, só pode estar traficando ou matando alguém, não é? - Gizelly falava com um ardor nos olhos, instigando seus alunos a pensarem mais na realidade em que viviam...Suspirou e percebeu que já estava demais, e que por hora já deu!
- Por hoje é só pessoal, bom Final de Semana - falou passando a mão por seus cabelos, desfazendo seu coque, juntando suas coisas e suspirando indo em direção a porta, enquanto o furacão dos seus alunos fazia o mesmo.
-----------------
Vote, clica na estrelinha e Comente!
Comentem, dicas, não tenho mt propriedade pra falar de Direito, se dei alguma gafe, me deem um toc.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Máscaras (Girafa)
Fiksi PenggemarRafa, Agente Federal com sede de vingança que se mete em uma trama envolvendo uma família poderosa de Brasilia, cruza seu caminho com Gizelly , uma Professora de Direito de uma renomada Universidade e integrante da família investigada. O destino tr...