22 - Medusa

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POV GIZELLY

Sempre tive muito apreço por livros, passava dias devorando páginas e mais páginas de livros que minha mãe me dava ou eu pegava nas bibliotecas das escolas que estudei.

Lembro como se fosse ontem quando peguei um Livro sobre Mitologia Grego- Romana em que na capa havia uma figura masculina nua e barbada segurando um tridente em uma das mãos e montado em um animal que parecia ser um cavalo. Quando cheguei em casa sofri com os constantes deboches de Lucas e tive que ouvir que o livro não era adequado para meninas, o que não vinha ao caso agora.

O Fato é que olhando os olhos de Rafaella me lembrei de umas de minhas histórias preferidas, o da Medusa.

Medusa era uma mulher excepcional, a mais Bela mulher que habitava no templo de uma Deusa, diziam que era mais bonita até que a própria dona do Templo, causava inveja em todos. Era impossível não olhar e se apaixonar por ela, possuía um magnetismo incontrolável. Deveria se manter virgem para ser sacerdotisa. Como era cobiçada por todos, o templo foi invadido e ela foi estuprada por um Deus que não aceitava o fato de não tê-la.

Como punição por perder a virgindade, ela foi amaldiçoada e nunca ninguém conseguiria olha-la nos olhos novamente. Aqueles que ousavam lhe olhar estavam destinados a serem petrificados, literalmente.

Era uma história interessante e foi um dos primeiros contos que li que me fizeram refletir a respeito da sociedade. O modo como a mulher sempre foi punida mesmo quando os erros não eram seus.

Mas não era a maldição a parte que me remetia a ela, era sua habilidade. O poder de me manter petrificada com apenas o olhar.

Rafaella era minha Medusa e eu já não conseguia esconder.

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AUTOR

Rafaella e Gizelly se encararam por muito tempo, que não conseguiam nem mensurar, deixando os demais ao seu redor um pouco intrigados, Ivy tentou puxar algum assunto com o par de homens que Marcela havia chegado anteriormente. Mas os homens estavam vidrados na figura que havia acabado de entrar.

Marcela virava a cabeça de um lado para o outro, Fitando ora a empresária ora a advogada, incrédula na cena que estava presenciando, reconhecia aqueles olhares e o que eles significavam muito bem, era acostumada a lança-los e recebê-los em festas alternativas que frequentava.

Resolveu no entanto quebrar o magnetismo entre aqueles pares de olhos, mas antes que pudesse puxar Gizelly para que olhasse para ela, o contato delas foi terrivelmente quebrado por Lucas.

Lucas havia chegado há algum tempo e estava impaciente a procura de sua namorada, deixou Marcilene conversando com alguns políticos e percorreu o salão em busca do corpo que estava desejando, ansiava por vê-la nas vestimentas sensuais que escolheu, avistou a mulher mas não o vestido.

Percorreu a extensão do salão com certa fúria, os olhos claros se transformaram em escuros de raiva, em poucos segundos estava ao lado de Rafaella, não reparou na troca de olhares que acontecia ali.

Sua mão direita foi de encontro ao braço esquerdo da mulher a puxando para um canto com velocidade.

Gizelly também foi segurada pelo braço, mas por Marcela que a conteve. A loira buscou um de seus braços a parando.

- Gi, deve ser coisa de casal, não se meta - a menor a olhou furiosa.

- Nós defendemos tanto as mulheres e enfatizamos tanto que em briga de marido e mulher METEMOS a colher SIM e você me fala que deve ser coisa de casal? O que está acontecendo com você marcela? Não estou te reconhecendo.

Máscaras (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora