46 - Á La Mary Jane

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O sol deitava apontando o fim da tarde quente e úmida típica do Rio de Janeiro em meados de novembro. Pessoas passavam apressadamente nos corredores do aeroporto do Galeão, Manoela trazia consigo uma pequena mala e no rosto as marcas do cansaço e preocupação. Sentou-se em um banco ao fundo da grande sala, próxima ao corredor de embarque que deveria chamar seu voo, olhava distraidamente para os lados quando seus olhos pousaram sobre a figura da mulher a sua frente.

Mariana estava em pé lendo uma revista, ela usava roupas totalmente diferente das que havia vestido mais cedo, estava de calça jeans, uma blusa de tecido de alça fina e os cabelos presos em um coque.

Os pensamentos de Manu foram dissipados pela voz no alto falante e a chamada na tela pregada no teto que chamava seu voo, observou Mari também voltar sua atenção para a chamada, andou apressadamente para o embarque, de certa forma fez tudo as pressas, tentando fugir do contato.

Entrou no avião, achou seu número de acento e se inclinou para guardar sua bolsa de mão no bagageiro acima do banco, teve que ficar sobre as pontas dos pés. Antes que pudesse impulsionar sua bolsa, pois queria sentar-se rapidamente para não chamar atenção da outra mulher, sentiu um corpo quente atrás de si.

O centro de alguém encostava em suas costas, pōde sentir o doce perfume que emanava da pessoa e soube que era uma mulher, enquanto sua mão era suavemente removida de sua própria mala para que assim a pessoa por detrás pudesse a posicionar com delicadeza no bagageiro. Quando olhou por cima dos ombros e viu que Mari estava ali com um sorriso acolhedor, bufou e se jogou em seu banco.

- Não precisava, estava conseguindo - sentou, posicionando o cinto de segurança ao redor de sua cintura, cruzando as pernas.

- Não tenho dúvidas disso Gavassi - a mais alta fechava o compartimento sobre si e sentava ao lado da menor a encarando - mas eu também queria guardar a minha mala, aliás, vamos ter que conviver bastante juntas e agora que já sei que não me odeia, acho que podemos conviver bem, não?

A menor a olhou com descrença e impaciência.

- Não odiar não significa que gosto ou tenho paciência com você, e por favor pare de falar meu sobrenome alto - Mari respirou fundo, soltou um sorriso sarcástico, que fez o corpo de Manu vibrar em nervoso, se aconchegou mais ao banco fechando seus olhos.

- Vamos ter que trabalhar e morar juntas, então, exercita a Paciência.

- O QUE?????? - algumas pessoas que tomavam seus assentos olhavam para a figura das duas mulheres, Manu se encolhia enquanto Mari balançava a cabeça em negação.

- Não posso falar seu nome alto mas você pode ficar gritando não é? - sussurrou enquanto tirava uma chave do Bolso a mostrando no ar - aqui está a chave do nosso apartamento, ou achou que ficaríamos no Hotel ou dormindo naquele escritório que você estava?

- Posso ficar com Rafaella - falou rapidamente e fez bico enquanto Mari a observava.

- Não e você sabe que não pode - Mari a olhava divertida - quando você se tornou essa pessoa fofa que faz bico de criança?

Manu a encarava com ódio nos olhos.

- Não sei mas com toda certeza você continua a mesma de sempre.

- Mudei muito em minha Vida.

O piloto já informava o início do voo.

- Achou até um louco que se casou com você não é SENHORA - Manu riu enquanto Mari passava os dedos da mão direita no anelar esquerdo acariciando o local onde deveria estar uma aliança, seu semblante se tornou triste e escuro.

Máscaras (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora