4 - Eu Sei de Cor

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Gizelly saiu da sala e uma lufada quente de ar invadiu seu corpo, se ela achava que estava um forno lá dentro, ali fora estava dez vezes pior.

Nesses momentos sentia uma falta de sentir o vento fresco de uma cidade litorânea e logo lembrava do Espirito Santo, local que nascera e passou parte de sua infância, antes de sua mãe, Marcilene, se apaixonar e casar com oficial da Policia Militar de Brasília. Os dois se conheceram quando ele estava de férias no litoral. Alexandre Gambino, era seu nome, Alto e loiro, olhos claros brilhantes e porte autoritário, eram suas características mais gritantes.

Sua mãe e ela logo se mudaram para o Distrito Federal para reconstruir suas vidas, a advogada na época tinha 08 anos e o filho de Alexandre, Lucas Gambino, tinha 15 e estava no ápice da pré-adolescência e da Revolta.

A família foi se formando, Marcilene, logo engravidou de Daniel, meio irmão de Gizelly, e todos foram morar em Anápolis-GO, cidade próxima da Capital Goiânia, onde Alexandre conquistou diversos bens e possuía uma fazenda de dar inveja.

Não podia reclamar do Padrasto pois sempre teve tudo do bom e do melhor, mas a relação da Família, principalmente com Lucas, era conturbada. O filho do Militar era autoritário, machista e não suportava as conquistas dela nem a nova família.

A Drª balançou a cabeça afastando as lembranças de como sua vida e família estavam em guerra, por fim, deu graças a Deus por possuir sua carreira e seu apartamento ali na capital , também por ficar alheia as atividades dos Gambino.

Parou para olhar o principal prédio da instituição, ali era conhecido como minhocão, os grandes corredores em curvas que não acabavam nunca, uma verdadeira obra de arte, desenhada por Oscar Niemeyer, parecido com um Coliseu um pouco menor, mas ainda assim muito bonito.

POV GIZELLY

Respirei fundo lembrado e só queria sair dali, a aula tinha sido um sucesso, mas me exaltei em alguns momentos, ainda estava crua nesses quesitos, meu primeiro ano dando aula para uma turma tão grande, queria muito sair e me divertir.

Estava me sentindo muito sozinha ultimamente, caminhei até meu carro no estacionamento, me afundei no banco do motorista, liguei o ar condicionado pensando em o que iria fazer para sair daquele estado ruim de espirito, quando o telefone tocou, peguei o aparelho e rapidamente avistei o nome de Marcela.

- Oi Loirinha - Atendi !

- Oi Doutora , estou com saudades o que está fazendo? - sorri, pois ela era médica e ainda achava engraçado eu me referir a ela com tantos apelidos e ela me chamar de Doutora.

- Estava mesmo pensando em mandar msg para todos, queria sair para distrair - falei enquanto olhava meu semblante cansado pelo retrovisor do carro.

- Topo, Vou me arrumar, podemos ir no Bar do Centro as 20h, o que acha? - O bar do centro era uma boate bem gostosinha no Centro de Brasília, eu gostava de lá.

- Sim, vou Chamar VH, Py, Tabatha também está por aqui, chama mais gente, quanto mais melhor - Marcela fez um Silêncio do outro lado da linha que eu não entendi, por fim falou.

- Vou pensar mas acho que não tenho ninguém pra chamar, talvez só Marianne ou Enzo - Marianne e enzo eram seus irmãos.

- Uai ??? Hoje não pegou Ninguém no SUS não loirinha? - Gargalhei, ela não aguentou e riu do outro lado.

- Gizelly, vá a merda!!! - desligamos em meio a risos e conversas.

A verdade era que não esperava tal amizade crescer tanto, mas conheci Marcela desde a adolescência, os Macgowan sempre foram nossos vizinhos na fazenda próximo a Goiânia, em meio ao machismo que sofria convivendo com três homens dentro de casa, ela era um de meus refúgios, sou muito grata a sua amizade.

Tínhamos grandes planos de projetos envolvendo mulheres em situações de violência e injustiças no Brasil para o futuro e usaríamos dos sobrenomes Macgowan , muito conhecido tanto em Brasilia quanto em Goias e de nossas profissões para usar em Prol daquilo que acreditávamos ser certo.

Peguei meu celular e mandei mensagem para todos meus amigos, estaria as 20h no Bar do centro da cidade, hoje iria me acabar de beber e dançar.

AUTOR

Já passava de 21h o local estava cheio, mal iluminado porém gostoso, tocava um sertanejo universitário. Pyong , Vitor Hugo e Marcela Já estavam sentados em uma das mesas ao centro, Vitor Hugo foi o primeiro a se expressar.

- Aquela safada da Gizelly , bem a cara dela marcar com a gente e aparecer atrasada, caramba ! - falou em meio a risos forçados e nervosos.

Marcela molhava os lábios com um drink qualquer, olhando em volta despreocupada, a loira estava com um vestido azul com um grande decote na frente, estava deslumbrante.

Pyong estava com um terninho preto e batia seus dedos no ritmo da musica, foi sua vez de falar.

- Ela faz o atraso dela - Todos riram, continuou - Mas eu tenho que ir , conheci uma mulher incrível, Sammy, talvez seja pra casar, mas não vou trazer ela pra conhecer Gizelly no primeiro encontro não - VH ria escandalosamente.

Nessa hora tocava uma música, de uma mulher que estourou há pouco tempo, Marília Mendonça. E todo esse caminho eu sei de cor, Se eu não me engano agora vai me deixar só, O segundo passo é não me atender, O terceiro é se arrepender, Se o que dói em mim doesse em você....

Nessa hora chegou ela, Gizelly, Dançando já com uma cerveja nas mãos, acompanhada de Tabatha, gesticulando, dançando aquela dancinha que ninguém mais sabia fazer, com a mão no ar em círculos, a capixaba cantava virada agora para o Coreano.

- "Deixaaaaa, deixa mesmo de ser importante, vai deixando a gente pra outra hora, E quando se der conta já passou, Quando olhar pra trás já fui embora. "

Todos riam. A advogada tinha esse poder, mesmo sendo intensa, de uma força comunal e muito brava, quando não estava em seu modo profissional, era leve e engraçada, leal e amiga e isso encantava todos a sua volta, era muito fácil fazer amizade.

- "Essa mulher vai conquistar a Brasil gente, anota ai o que eu to falando viu!" - disse se sentando e virando seu corpo para olhar Py - " E que história é essa de que você tá namorando? Seu Coreano SA-FA-DO , não vai apresentar ela pra sogrinha aqui? " - falou dando um tapinha em seu ombro.

Gizelly e Pyong eram muito amigos, ela o tratava como filho, se conheceram na adolescência e tinham um carinho muito grande um pelo outro.

- Ah mamys !! não quero assustar a futura mãe dos meus filhos né, uma coisa de cada vez primeiro vou mostrar pra ela o sol , depois mostro o furacão. - todos gargalhavam.

O clima estava gostoso, em meio a conversas, brincadeiras e muitas bebidas. O que o grupo de amigos não percebeu, era que uma figura um tanto quanto inusitada, os observava.

Longe em um canto do local, estava uma figura baixa, de provável 1,55 metros de altura, de roupas escuras, óculos no rosto, cabelo preso e um chapéu Vintage Preto, com um bloquinho em suas mãos, analisando o grupo, bebendo um gin e disfarçadamente fazendo anotações...


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Girafa Vem la pelo 8 ou 10 capitulo . ;) , tenho que explicar direitinho a vida delas antes de se conhecerem ok, é importante pra trama

me sigam la no tt user pinkblair

Plailyst da Fic - Todas as musicas dos episodios estão ai

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