59 - Fuga

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POV GIZELLY

Sabe quando algo acontece e é tão inacreditável, mas de um jeito completamente ruim e seu cérebro parecer querer te proteger daquilo. Ele antes costumava raciocinar muito rápido, mas quando ao ouvir determinada frase que abala completamente suas estruturas, sua mente faz um esforço descomunal para que você não entenda de imediato o que está acontecendo.

"- Eu Não teria matado nossa Mãe! "

Enquanto eu ouvia as palavras saírem da boca de Daniel, meu peito apertava e minha cabeça girava. O cérebro é realmente extraordinário, assimilar uma frase em questões de milésimos de segundos é fascinante, naquele momento eu queria ter perdido tal capacidade e por alguns instantes achei que tinha conseguido.

Após longos minutos de incredulidade minha mente finalmente fez algum tipo de associação, mas mesmo assim não acreditava e não entendia.

- O que? – ri sem humor soltando seus braços – Pare de bobeira, de falar coisas ridículas Daniel – Levantei brava por suas palavras – Não fala isso nem de brincadeira.

Meu irmão escondeu o rosto em suas mãos e eu agachei agarrando novamente seus braços com força.

POV DANIEL

Eu finalmente consegui falar aquilo que me martirizava há dias. Eu fui total responsável pela morte de minha mãe, ajudei Lucas a conseguir o dinheiro para que um homem conhecido dele, que costumava fazer trabalhos pesados, sabotasse o avião, lá nos EUA mesmo, para que nada disso voltasse para nenhum de nós dois.

Fui um completo idiota, meu irmão garantiu que nada aconteceria com minha mãe, ele disse que se encarregaria de não realizar o atentando caso minha mãe embarcasse junto com Alexandre e eu acreditei. Como eu fui um verdadeiro tolo.

As pessoas achavam que eu não era ciente de minha tolice, mas eu sempre fui bastante sonso e acreditava em qualquer coisa. Claro que burro eu não era, eu sempre fui bastante egoísta e eu sabia sempre das consequências dos meus atos, Alexandre era meu pai de sangue, mas nunca me amou de verdade, mas Marcilene... Ah Marcilene sempre fez de tudo para mim, me mimava, me acolhia, me amava. Eu contei com isso, com seu amor incondicional, com sua forma de fazer tudo que eu pedia, contei com tudo isso para que ela não morresse. Desde pequeno sempre tive tudo graças a ela, ela parava de comer para poder atender aos meus caprichos, me defendia mesmo quando eu era o errado e sempre movia céus e terra por mim. Tendo como base isso, pedi diversas coisas para que ela realizasse no dia do voo, lá nos EUA mesmo, para garantir que ela não voasse naquele dia, até hoje não sei o que aconteceu. Justo na única vez que sua vida dependia de seguir meus caprichos, ela não me atendeu.

Era um bom plano, pelo menos minha mente idiota achava que era. Alexandre estaria morto, minha mãe, eu e meus irmãos herdaríamos tudo e eu teria finalmente minha própria companhia de teatro, meu negócio e deslancharia minha carreira.

Agora eu estava chorando no sofá de minha irmã enquanto confessava tudo a ela. A Gizelly sempre foi tão trabalhadora e altruísta, sempre foi o oposto de mim. Às vezes eu a amava por ser exatamente quem ela era e também a odiava pelo mesmo motivo. Naquele momento eu só queria que a dor fosse embora, tanto a minha quanto a dela.

- O QUE VOCE ESTA DIZENDO? PARE!!! – Ela cravava as unhas em meus ombros e gritava, obviamente não estava acreditando, levantei minha cabeça para olha-la, estava tão frágil agora, logo quando se recuperava um pouco da morte de nossa mãe, recebe um baque desses. Mas eu não podia mais esconder. Ela precisava saber toda a verdade.

- Eu ajudei Lucas, Gigi, mas eu JURO! – Falei levantando do sofá e me ajoelhando a sua frente – Eu juro que não era para mamãe morrer, ela não deveria estar naquele avião. Pedi para que fizesse tantas coisas e ela simplesmente ignorou tudo. Ela deveria ter buscado o que eu pedi e embarcado em outro avião, outro dia, eu juro!

Máscaras (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora