10 - Just Like Fire

2.1K 224 23
                                    

Dias atuais

A passos lentos e despretensiosos a morena de cabelos castanhos volumosos e olhos observadores caminhava em direção a aglomeração de pessoas conhecidas e outras antes nunca vistas. Trajava uma calça jeans manchada, tênis baixo e uma blusinha decotada floral de botões amarrada na frente, vestimenta ideal para o clima ameno naquela tarde de sábado. Seus olhos não desgrudavam do espaço tão conhecido por ela, o local de festas da Fazenda da Família em Anápolis-Go.

Recanto Gambino, como era chamado, era uma fazenda de 206 hectares, equivalente a mais de dois milhões de metros quadrados, possuíam criações de cavalos, gado, tinha em suas dependências pomares, cachoeiras, e devido à Gizelly uma grande porção de área Preservada e Reserva Legal, muito mais do que a porcentagem exigida pelo Governo. Sentia orgulho de ter convencido seu padrasto a dedicar grande parte da fazenda ao bem estar ambiental.

O ambiente habitável da fazenda era composto por duas casas principais majs a casa dos empregados, entre as duas residências principais ficava um campo de futebol, o qual servia para decolar e pousar o helicóptero da família. Ainda havia um grande jardim espaçado com piscina, churrasqueira, salão de festas, entre outros ambientes que tornavam o local luxuoso e propício para comemorações.

Apesar de atualmente residir em Brasília e ainda possuir um apartamento em Goiânia, por causa de seus trabalhos, Gizelly amava passar dias na propriedade, por ser um local calmo, tranquilo onde podia andar a Cavalo, se banhar em Cachoeiras e brincar com seus cães, que ficavam ali sobre os cuidados da mãe, e claro, passar tempo de qualidade com a mulher que a tinha gerado.

Não era nenhum sacrifício pois Anápolis ficava a 60 km de Goiânia e 100 km de Brasília, o que em tempo de viagem ela gastava uma hora e duas respectivamente entre as propriedades.

Ao lado da Fazenda Gambino, menor porem tão luxuosa quanto, ficava a fazenda Macgowan, as duas famílias mais influentes e ricas daquela cidade.

A verdade era que a capixaba apesar de conviver com o luxo após a mudança para o estado, ainda criança, sempre gostou muito das coisas mais simples e baratas, não ligava para o chique. Quando adolescente se deslumbrava por qualquer coisa daquele mundo, pois nunca tinha visto, mas com o passar dos anos percebeu que dinheiro e posses não era tudo.

Não era incomum a encontrar de pés descalços pela fazenda, dançando forró ou de forma cômica com parentes, ou tomando cerveja pelos botecos da cidade. Essa sua postura, era algo que incomodava o filho de Alexandre, Lucas. Machista desde sempre, não entendia essa veia simples e desinibida da filha da Esposa de seu Pai, achava que a mulher deveria ser uma provedora de filhos e cuidadora da ornamentação da casa, das propriedades e do bem estar e desejo do marido.

Gizelly sentia muito orgulho da Mãe, Marcilene, por ter se erguido, casado novamente, ter tido outro filho que era seu sonho. Daniel era meio-irmão de Gizelly, apesar de um carinho por ele, não eram muito chegados, pois logo que nasceu Lucas tratou de se agarrar ao meio irmão, talvez viu ali uma oportunidade de criar um "clube da bolinha" e a excluir de todas as formas possíveis.

Após pegar uma long neck da cerveja Heineken, a capixaba chegava cada vez mais perto do grupo de pessoas reunidas, mais a frente estava sendo montado um palco onde um amigo do seu padrasto levaria algumas duplas sertanejas para tocar.

Se pegou olhando para Alexandre, o Loiro de seus cabelos estava cada vez mais esbranquiçados e suas feições deduravam um cansaço que não sabia ser pela idade ou pelo trabalho, sua mãe estava ao lado do marido, como sempre se encontrava, parecia feliz. Gizelly sorriu, as vezess só se importava com isso, se a mãe estava ou não feliz, a verdade era que aquele homem a fazia sim feliz, em alguns momentos, era só isso que importava.

Máscaras (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora