Máscaras (Girafa)

51 - Um Desejo dois irmãos

POV GIZELLY

Quando minha ansiedade ataca e estou nervosa eu tenho essa mania de falar demais, eu realmente não consigo calar a boca, faço um milhão de perguntas ao mesmo tempo, milhões de assuntos invadem meus pensamentos e eu bombardeio qualquer pessoa a minha frente com o que me vem à cabeça.

É como se eu obrigasse minha mente a trabalhar mais do que os pensamentos que me tiraram do sério e acabam com minha paz, assim eu lidava, de certa forma melhor, com as pressões da minha vida sem que eu sucumbisse a loucura.

Meu interior não cedia a loucura mas a forma como eu me protegia me faziam parecer louca. Não pude evitar rir de meu próprio pensamento.

Quando era adolescente eu tentei criar minha própria autoestima. Imagina já é difícil ter uma naturalmente, imagina você criar. Tentei criar me modificando da forma como as pessoas gostariam que eu fosse e como a maioria ditava ser bonito.

Eu usava aparelhos, era magra demais, minha voz rouca demais, eu não agia igual as outras meninas, meus cabelos cacheados não entravam em um padrão ditado pela sociedade. Hoje em dia as pessoas aprenderam a dar mais valor para esse tipo de Cabelo, que eu amo e aprendi a me amar com ele, mas quando era adolescente a moda era as chapinhas e o liso era o "bonito". Queria ter a mentalidade de hoje mas na Gizelly de dez anos atrás, eu realmente teria uma adolescência mais tranquila. Pensei que queria ter conhecido Rafa na Adolescência também, e meu sorriso se alargou, mas logo afastei tal pensamento pois as coisas acontecem quando tem que acontecer.

Ouso dizer que ser jovem se resume a viver com a pequena, e digo muito pequena mesmo, sabedoria que se tem. Tudo que vivemos nessa época é aguçado, ouvi muito isso, o amor era infinitamente maior assim como a raiva, dor, angustia. Nossos corpos e mente estão mudando de fase, amadurecendo e isso gera confusão, não só sentimental como física, o corpo muda sua composição então naquela época talvez o correto é não saber quem você é, talvez tenha que tentar de tudo, para saber do que você gosta, importante não ter julgamentos, pois é importante o autoconhecimento.

Eu estava agora deitada ao lado de Rafa enquanto pensava em tudo, ela dormia lindamente, depois de um almoço delicioso preparada por ela, nem sabia que ela sabia cozinhar, não melhor que eu, enfatizei, o que arrancou gargalhadas dela e sessão de beijinhos, abraços, carinhos e claro, promessas. Ela disse que seu forte era confeitaria, fazia um bolo como ninguém, eu estava pagando para ver. Conversamos muito durante a preparação do almoço, muito eu, pois estava muito ansiosa e nem sabia com o que.

Enquanto assistia seu sobe e desce da respiração e fazia carinhos em seus cabelos me peguei lembrando de minha mãe e como ela foi importante para meu desenvolvimento, mesmo sem saber faze-lo, me ajudava com isso. Me elogiava e nunca deixou que eu alisasse meus cabelos permanentemente, ela dizia que um dia eu ia ver o quão maravilhoso meus fios eram e iria aprender a me amar e quando eu soubesse como me amar por completo, eu saberia reconhecer amor nos olhos de outra pessoa e assim poderia ama-la também, esse pensamento fez meus olhos automaticamente grudarem em Rafa.

Hoje ela chegaria de viagem e eu mal podia esperar, por que queria contar para ela que eu estava finalmente, me amando e amando Rafaella, teria que conversar com Rafa sobre isso, mas quando a vontade de gritar o amor aparece, devemos agarrar com força.

Parei os carinhos e ia me levantar para me arrumar pois devíamos comprar algumas coisas e ir até meu apartamento, mas algo me manteve presa em seu rosto e assim a fitei por um longo período. Alguns poucos raios de sol refletiam sobre sua pele e seus olhos foram se abrindo devagar, deixando o verde que já tinha tonalidades incríveis da cor, com variações mais lindas ainda. Era indescritível como seus olhos eram lindos, além da cor, o que eles me transmitiam, eu poderia olha-los para sempre e viver em paz.