Capítulo 24 - Ao anoitecer

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       —Acha que eles mesmos fizeram isso? – Kla pergunta se juntando a nós do lado de fora enquanto ainda estávamos surpresos ao ver a cena.

       —Isso pode ter acontecido, talvez soubessem que não teriam chance no desafio, e preferiram eles mesmos acabar com isso. – Falo cruzando os braços para espantar os leves tremores. Ficamos em silencio por alguns minutos, um vento sopra meus cabelos.

   E se não tivessem sido eles que fizeram aquilo? Meus olhos embaçam, embaçam por que eu sabia que certamente se tivesse os encontrados ainda vivos pela arena, iria os matar, eles iriam mesmo morrer de qualquer maneira, seja por mim ou por outro jogador, talvez terem feito essa escolha tenha sido a melhor opção. Cerro o maxilar forçando a espantar sentimentos, não podia senti-los, não agora.

      —Certo. – Começa Rafael. – Já vai anoitecer e temos duas opções, primeira, achamos algum abrigo ou, adiantamos um pouco... as coisas. – Tinha entendido o que ele queria dizer, a outra opção era continuar matando durante a noite que é uma boa hora para isso já que as pessoas têm tendência a se esconderem em lugares óbvios.

       —Gosto de andar durante a noite. – Falo enrugando o nariz, os dois trocam um olhar um concordando um com o outro.

       —Então vamos.

   Kla e Rafael foram na frente, os seguia alguns passos atrás conversando mentalmente comigo mesma enquanto desviava das raízes de arvores para não tropeçar. Olho para frente e cerro os olhos pensativa, os dois cochichavam algo, Kla olha de relance para mim e sorri sem mostrar os dentes, tinha algo de errado, não com eles, comigo. Tinha quase certeza que falavam sobre mim, eu os entendia em estarem assim, cruzo os braços para afastar aqueles constantes tremores, eu estava diferente, sabia disso. Se fosse o meu primeiro desfio, teria me escondido para descansar, não teria tido nem ideia de querer ir atrás de mais alvos, mordo os lábios com força, consigo sentir o gosto de sangue segundos depois, eu não era mais a mesma, e para falar a verdade, torcia para que não voltasse a ser. Tinha medo de voltar a ser fraca, mesmo que no fundo ainda fosse.

   Com passos mais apressados fico ao lado dos dois, eles tinham parado de conversar então caminhamos em silencio, olho para cima por alguns instantes, franzo o cenho e paro de andar.

       —Não mudou. – Falo ainda olhando para cima, o céu estava exatamente do mesmo jeito desde quando tínhamos saído do galpão de gelo.

       —O que disse? – Kla pergunta confuso parando ao meu lado.

       —O céu não mudou desde quando saímos de lá.

       —Você tem razão. – Rafael fala olhando para cima também.

   Olhamos para o céu confusos, nossa confusão aumenta quando uma pequena luz aparece como um pontinho perdido no céu, ele então vai ficando maior, a escuridão que transparecia através dela vai se perdendo por um céu alaranjado, cerramos os olhos quando aquela claridade ilumina de um jeito incomodo nossos rostos.

       —Estão manipulando. – Kla fala colocando as mãos para fazer sombra nos olhos. Concordo com a cabeça, o tempo estava sendo manipulado fora da arena, sinal de que essa teria muitas coisas mais para se preocupar. Meus ombros pulam e olho para baixo quando um som parecido com um de bomba nos desperta de nossos pensamentos.

   Olhamos em volta, um silhueta baixa corria para a direção de onde tinha vindo esse som, sem dizer nada corro atrás, estava a muito passos atrás do alvo, tinha que chegar mais perto de quisesse atirar, a figura corria desviando de algumas arvores, um outro som de bomba me assusta, e a figura corre mais ainda na direção, paro os passos rápidos quando reconheço o formato e a cor da franja colorida que se sacudia com o vento.

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