Free Fire A Garena

Capítulo 28 - Cordas

       —Nara? – Pergunta ele enrugando a testa. – Como me achou?

       —Não estou sozinha amigão. – Falo erguendo a mão e o levantando.

   Rafael aparece junto com Shani seguida pela resto do grupo. Ele sorri e cumprimenta Rafael com um aperto de mãos.

       —Estava com aqueles caras? – Shani pergunta.

       —A aqueles caras lá em baixo? – Pergunta para si mesmo. – Não não, na primeira oportunidade eles seriam bombardeados. – Diz divertido. – Mas eles já estão mortos não estão? – Pergunta coçando a cabeça.

       —Estão sim – Shani responde.

       —Tanto faz. – Fala dando de ombros. – E os outros?

       —Ainda procurando. – Rafael diz.

       —E quem é esse? – Pergunta apontando para Samuel.

       —Esta com a gente. – Steffie diz. – Por enquanto. – Diz em seguida encarando o garoto que estremece.

       —Deixa o garoto em paz Steffie. – Moco reclama fazendo Steffie rir.

       —Podemos ficar aqui por enquanto. – Rafael decide.

       —Não deveríamos perder tempo. – Reclamo e todos olham para mim. – Só quero sair logo daqui. – Falo sentindo o maxilar tenso.

   Incomodada com os olhares passo por eles e vou para o andar de baixo. Paro ao ver os corpos em uma poça de sangue. Nego com a cabeça afastando os pensamentos e me dirijo para fora, jogando a arma no chão me sento me apoiando na parede da casa, cubro meu rosto com as mãos e suspiro. Me sentia sufocada e a garganta ardia como se tivesse engolido algo acido de mais, por dentro me sentia como se me contorcesse. Meus impulsos de matar pareciam estar se tornando cada vez mais fáceis, a pior parte era que ansiava pela hora em que precisasse matar mais uma vez, não excitava, não sentia pena nem arrependimento, sentia como se precisasse fazer.

  Tudo isso por que só queria sair de lá. Era o que dizia a mim mesma.

   Abaixo os braços batendo com força da terra ao meu lado, sentia necessidade de fazer algo que me ajudasse a lidar com aquilo dentro de mim, bato na terra mais uma vez sentindo as pedrinhas em baixo da palma, aquilo não era o suficiente. Sinto dificuldade para respirar e começo a ofegar, ataque de pânico talvez? Mas Pânico de que? De quem? De mim mesma?

       —Cuidado Steffie. – A voz de Kla diz enquanto os dois carregavam um corpo para fora.

       —Por que? Eles já estão mortos mesmo.

       —Um pouco de Respeito seria bom.

   Me levanto limpando a calça e apanhando a arma. Observo levarem os três corpos para baixo de uma arvore e entro em seguida. O chão ainda estava manchado e o cheiro de sangue ficou mais forte, passo por cima e sento no meio da escada de madeira, Steffie passa por mim e Kla se senta ao meu lado.

       —Quer conversar? – Pergunta ao se sentar, apenas movo a cabeça em negativo. – Certo. –Diz e suspira – Também estou mal sabe. – Diz segundos depois. – Mais aprendi a lidar com esse sentimento, acredite, sei o que esta sentindo. – Viro o rosto para encara-lo duvidando de suas palavras com a sobrancelha levantada. – Também senti medo de mim mesmo. – Desfranzo a testa. – Mas, depois eu entendi que tudo o que fiz foi para sobreviver, embora não pareça eu até gosto de estar na Garena. Encontrei uma segunda família, e não quero perder ela, por mais cruel e egoísta eu me torne para manter isso.