Capitulo 32 - Refém

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  Estava a tanto tempo na mesma posição, que já não sentia mais minhas mãos presas atrás das costas, tentando melhorar um pouco a sensação, começo a abrir e fechar a mão.

   Suspiro e então com força bato o pé no chão irritada em estar amarrada a tanto tempo, as luzes que passavam pelas partes estragadas do telhado já tinham sumido, pelo visto resolveram anoitecer o local. Talvez Rafael estivesse fazendo isso em uma forma de castigo por desobedece-lo, reviro os olhos e bato o pé mais uma vez no chão. De novo e de novo.

       —Da para parar! – Alguém no andar de baixo grita. Então alguém esta lá ainda, em forma de provocação faço o mesmo movimento varias vezes. – Caramba! Qual é o seu problemas?! – Alguém subindo as escadas berra, era a garota com os cabelos cacheados e olhar debochado. – O que é?! – Grita na ponta da escada.

       —Estou com fome, e sede. – Provoco.

       —Isso não é problema meu. – Diz e começa a descer mais uma vez. Antes que termine volto a bater o pé no chão. Ela sobe as escadas com os pés extremamente bravos. – Ok! Só para com isso. – Diz me encarando. Levanto as sobrancelhas esperando algo para comer, ela revira os olhos e desce.

   Espero alguns minutos, ergo os pés pronta para bate-los contra o chão mais uma vez, a garota volta a subir as escadas, para no meio do caminho até mim e puxa uma cordinha no teto, uma luz amarelada clareia o local e incomoda meus olhos por alguns segundos. Ela se abaixa ao meu lado com um prato e um copo de alumínio.

       —Estou com as mãos amarradas. – Falo.

       —Eu sei. – Diz brava, com dificuldade viro o corpo, ela desamarra as cordas e coloca o prato e o copo na minha frente. – Não faça gracinhas. – Diz me ameaçando, concordo com a cabeça.

   Enquanto ela se direciona a uma caixa próxima a uma janela e sentar lá massageio meus pulsos vermelhos e depois pego os objetos a minha frente. Encontro com um copo de água e um quadradinho de ração.

       —Parece que só tem isso por aqui. – Falo enquanto dou uma mordida.

       —Cala boca. – A garota diz com a cabeça encostada na janela. 

       —Qual seu nome? – Pergunto alguns minutos depois. Ela tampa os ouvidos e xinga. – Qual é o seu nome?! – Falo um pouco mais alto. A garota aperta os lábios e deixa os braços caíram ao lado do corpo.

       —Skala. – Diz sem animo.

       —O meu é Nara.

       —Não perguntei. – Seu jeito arrogante estava começando a irritar, o que me tranquilizava era que estava sendo mais irritante que ela.

       —De onde veio? – Ela ergue a cabeça e me olha com os olhos cerados. – Só quero conversar um pouco. – Falo dando de ombros. No fundo, só queria informações.

       —Cidade 7 – Paro o copo no meio do caminho até a minha boca surpresa.

       —Como assim Cidade 7? Ela não existe. – Falo ainda olhando para o copo a minha frente. – Não existe a Cidade numero 7 – Falo.

       —Não é uma Cidade, é um País. – Diz como se eu fosse burra.

       —País? – Olho para ela confusa.

       —De onde você é? – Pergunta com a testa franzida.

       —Cidade 6... Do País BrocklinHill. – Falo.

       —BrocklinHill. – Ela repete o nome balançando a cabeça. – Acho que já ouvi falar.

   Então esse era um dos países que existia fora de BrocklinHill.

       —No meu pais. – Começo. – Existe um movimento chamado Lei Severa, nossa presidenta criou essa Lei que obriga os jovens a participar do desafio, aquele que vencer poderá ter uma vida digna e ser de uma alta sociedade, é uma grande chance para alguém como eu que veio da cidade mais inferior.

       —Hum.

       —Quero saber como funciona em seu pais. Por que esta aqui? – Pergunto. Ela suspira e estrala os dedos.

       —Na Cidade 7 – Começa – Quando a criança completa 11 anos, é mandada para a academia Purgatória, somos reeducados de novo. Com reeducado quero dizer, aprendemos a usar armas, facas, aprendemos a sobreviver. Quatro anos depois, equipes são formadas, o grupo é escolhido cuidadosamente, com cada pessoa necessária para que o grupo tenha um equilíbrio correto. As equipes são treinadas por mais três anos, aquela que melhor se destacar, terá a chance de ir ao Desafio Purgatório, a equipe tendo todo o aprendizado competira com aquelas que tiverem seus erros em seus países. Se vencermos, levaremos o premio em dinheiro para o nosso pais. Gosto de ver isso como um trabalho comunitário, assim posso lutar e ajudar os que me ensinaram o que era necessário para que isso acontecesse.

       —Desafio Purgatório. – Repito perplexa com o que tinha acabado de ouvir. Então eles já estavam juntos o tempo todo, não precisaram se juntar um com o outro aqui, já tinham tudo em mente. – Só tem uma equipe do seu Pais? – Pergunto, ela concorda.

       -Se sente mal em estar aqui sendo forçada? – Pergunta, faço que sim. – Eu não... Me sinto bem por que sei que estou ajudando os que importam para mim, apesar de estar matando outros. – Olho para baixo alguns segundos. – Já chega, já fiz o que me pediu. – Diz vindo até mim e tirando o que me entregou. Ela pega a corda, sem pedir já estico os braços a frente do corpo,  prende meus pulsos. – Agora vê se fica quieta. – Diz descendo as escadas.

   Cada pessoa que estava aqui, acreditava em um motivo que os trouxe para cá, um chance de ganhar dinheiro para o pais, uma chance de perdão, uma forma de castigo,um estudo. Fecho os olhos por alguns segundos, precisava sair de lá, talvez Rafael tenha me deixado, fosse isso ou não, sairia de lá. Viro o rosto e olho para o lado, agora sobre a luz amarelada pude ver uma pilha de objetos.

   Era uma pilha media com fitas vermelhas nas laterais, aperto os olhos na tentativa de enxergar melhor, ainda não tinha entendido o que era. Forço para sair do lugar, me arrasto passando pela perna da mesa que me prendia, não precisou muito centímetros afrente para que a corda me impedisse de chagar mais perto da pilha. Puxo minha perna com raiva, a mesa de metal se arrasta, arregalo os olhos por perceber que aquilo poderia chamar a atenção.

   Escuto a porta ser aberta e passos andarem no andar de baixo, me deito de barriga e estico os braços com as mãos amarradas, forço para erguer as costas e enxergar se estava muito longe, podia sentir meus dedos encostarem no plástico, irritada me arrasto mais uma vez, as vozes que conversavam no andar de baixo param, olho para a escada e para a pilha, arregalo os olhos quando percebo o que era. Pólvora, vários pacotes de um media quantidade de pólvora.

   Passos se movimentam na escada estralando os degraus de madeira, meu coração acelera. Pego um da pilha que acaba desmoronando com o movimento, não demorou muito e os passos já estavam no mesmo piso que eu.

       —O que fez? – Pergunta o garoto que até então era desconhecido.

       —Nada. – Falo com as costas apoiando na parede exatamente onde estava antes. Com as mãos sobre o colo, escondia em baixo das minhas coxas, aquilo que considerei como uma bomba. 


***

Gente mais o que é isso?!

O Jogo tem vários sentidos diferentes! O que vocês acham disso?!...

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