Abismo e o passaro ferido.

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ー Foi meu tio.

Seu tom saia distante, conforme Bora se ajustava na cama para olhá-la melhor.

Pois quando saíram da banheira, elas se enrolaram em um roupão de banho disponibilizado pelo hotel.
E depois de secarem o cabelo uma da outra, elas caminharam até a cama king-size, e ficaram ali, deitadas olhando para o teto, enquanto faziam companhia uma à outra em silêncio.

Bora nada comentou sobre o início da noite, quando Siyeon e Gahyeon saíram deixando-as preocupadas, à medida que esperavam ansiosamente por notícias das Lees.

ー O autor daquela peça estúpida. ー Resmungou com certo desgosto.

ー Por qual finalidade ele faria isso?

Indagou Bora deitando de lado, enquanto apoiava sua bochecha contra o travesseiro.

ー Talvez tenha sido uma medida para o punir, e ao meu pai. ー Sussurrou triste. Se sentindo um dano colateral, a final, havia desfecho sobre sua própria vida naquela peça.

ー O enredo, têm alguma relação com o que se passou com você?

Ao questionar, a Kim ouviu o silêncio por alguns minutos, diante ao brilho habitual que se escurecia.

ー Sim, mas diferente de me, não faça o que eu fiz.

Advertiu, e Bora a olhou em confusão, enquanto a atenção da Lee estava sobre a mulher ao seu lado.

ー O que quer dizer?

ー Assim como naquela peça, eu fugi, quando não suportava mais aquela situaçãoー seu tom saiu acuado. ー meu pai não era uma pessoa ruim, não no começo ー seus olhos se marejavam, para a preocupação de Bora. ー ele se tornou uma pessoa ferida, que descontava tudo em quem ele visse pelo o caminho, para minha infelicidade, eu ainda era uma criança ingênua, que havia perdido a mãe, enquanto era rejeitada e lembrada todos os dias, que não seria amada por ele.

Sua voz saiu quebrada, e ouvir a si mesma, Siyeon não pode controlar a lágrima solitária que escorria pela sua bochecha.

Talvez se ouvir em alto e bom som, fosse o que ela precisava para ver o que ela não se permitia enxergar.

ー Todos os dias que vivi com meu pai, foi doloroso Bora, ser jogada no canto, fazendo de tudo para não ser mais um estorvo, ou uma terrível recordação, que o lembrava do porquê sua esposa não estava mais ali com ele. ー O aperto em seu peito se fez presente, e Bora que estava ao seu lado, viu a respiração ficar descompassada. ー Eu era culpada, culpada por ter sido egoísta, culpada por respirar, culpada por ser uma desgraça para ele, nada que eu fizesse era o suficiente para ao menos ser olhada como filha. Então por fim, aceitei que eu era realmente o problema, o agouro da família Lee.

ー Siyー

Bora queria saber sobre o passado da mulher diante ela, mas quando começou a escutar, seu peito doía, e as lágrimas encontravam o seu percurso, mesmo querendo falar algo para confortá-la, no fundo, Siyeon precisava deixar toda aquela dor sair.
Pois o peso que a sufocava, era a barreira para distanciar quem ousasse se aproximar.

Até porque, Lee Siyeon devia suportar tudo sozinha, sem se atrever a fazer qualquer barulho.

Tanto tempo, sendo ignorada, rejeitada, mal tratada, que ela quase se acostumou.

Eu Vejo Você. - ( Suayeon.)Onde histórias criam vida. Descubra agora