ℓα ℓєγ | Zᴀʙᴅɪᴇʟ ᴅᴇ Jᴇsᴜ́s

《47》

— Estou sendo castigado por tudo o que fiz. - falei comigo mesmo enquanto olhava para o chão.

Olhei para o celular e vi que já era 11h15 da manhã. Coloquei a chave no contato, liguei o carro e voltei para o apartamento. Joguei a chave, o celular e a carteira no sofá e fui tomar banho. Me desabei de novo. Eu estava me sentindo sozinho, vazio e destruído. Lembrei das palavras da Alana e senti um aperto no peito.

Só que ao mesmo tempo eu estava feliz, porque vou me encontrar com a minha mãe biológica. Vesti uma camisa e uma bermunda laranja, calcei um par de tênis brancos, arrumei o meu cabelo e me olhei no espelho. Percebi que eu estava com olheiras, por causa das noites mal dormidas.  "Eu não estou me reconhecendo. Preciso acabar com todo esse sofrimento", pensei enquanto olhava para o meu reflexo.

Peguei a carteira, o celular e a chave do carro, desci no elevador e saí na rua. Entrei no carro e segui diretamente para uma praça que ficava um pouco longe do condomínio. Estacionei o carro em uma área e fui procurar o meu pai. Encontrei ele conversando com uma mulher, me aproximei deles e acabei percebendo que era mesma mulher que vi na foto. Era a minha mãe verdadeira.

— Ele é o seu filho. - meu pai falou apontando para mim.

— Meu filho? Eu não acredito que ele se tornou um homem! - ela falou se aproximando de mim.

— Eu sou o seu filho. - falei abraçando ela.

Não consegui controlar a emoção e comecei a chorar. Pela a primeira vez estou perto da minha mãe. Ficamos quase 23 anos distantes um do outro, sem ela saber de notícias minhas, mas nunca perdeu a esperança de voltar a me ver. Ela olhou para o meu rosto e me deu um beijo na bochecha.

— Não sabe o quanto que estou feliz em te conhecer, mamãe. - falei sorrindo para ela.

— Não imagina o quanto que sofri durante esses anos, mas agora todo esse sofrimento acabou. - ela disse tocando no meu rosto.

— É melhor eu deixar vocês sozinhos para conversar melhor. - meu pai deu uns tapinhas no meu ombro.

— Rogério, quero que você fique aqui. - minha mãe disse tocando no braço dele. —Preciso que me esclareça algumas coisas.

— E falando nisso, onde está o meu verdadeiro pai? Eu vou poder conhecê-lo?  - perguntei olhando para ela.

Percebi que ela ficou triste quando toquei no assunto. "Ele sabe da minha existência? Será que vou ter a oportunidade de conhecê-lo?", essas perguntas surgiram na minha mente.

— O seu pai era o irmão do Rogério. - ela respondeu.

— Como assim era o irmão dele? O que aconteceu? - perguntei confuso.

— Infelizmente o meu irmão Carlos morreu em um acidente justamente no mesmo ano que você nasceu. - meu pai respondeu.

— Eu vou te contar tudo sobre ele. Se quiser eu posso até te mostrar as fotos dele. - minha mãe falou abrindo a bolsa e me entregou um envelope cheio de fotos.

Fomos até um restaurante e ficamos conversando sobre diversos assuntos. Minha mãe esclareceu todas as minhas dúvidas e me contou exatamente quando fui raptado por uma mulher desconhecida. Também me contou tudo sobre o meu pai biológico e revelou que ele morreu em um acidente de carro, pois um caminhão se descontrolou na estrada e acabou batendo no carro dele. Infelizmente morreu na hora e o motorista do caminhão foi preso.