Olhares

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Draco estava animado. A terceira semana de aula em Hogwarts estava começando e ele mal podia esperar para que chegasse o dia do próximo jogo de quadribol. Não havia contado a ninguém mas passara todo o verão treinando no jardim da mansão Malfoy e estava confiante que conseguiria derrotar Potter nesse novo ano. Finalmente, todos iriam perceber que o santo Potter não era tão invencível assim.
O garoto atravessou as enormes portas do salão principal, seus cabelos loiros platinados estavam perfeitamente alinhados e o uniforme da sonserina se mantinha impecavelmente arrumado destacando, agora, os músculos que adquiriu fruto dos treinamentos nas férias. Os sapatos estavam lustrados e brilhantes. Se dirigiu para a mesa de sua casa ainda sob o olhar atento dos demais alunos a sua volta. Todos ficaram impressionados com a mudança física de Draco, o que rendeu muitas perguntas principalmente de Pansy e Zabini. Aos amigos porém, Draco atribuiu sua mudança aos hormônios da adolescência. Queria realmente que todos tivessem uma supresa quando ele entrasse em campo. Assim que tomou seu lugar no meio deles Pansy, jogando o cabelo para o lado, se virou pra ele perguntando:

- Acho que nunca te vi tão feliz quanto hoje Draquinho será que nós, seus amigos e meros mortais, podemos saber o motivo de tanta animação?

Draco a olhou ainda com os olhos brilhando de animação achando muito divertido o tom irônico usado pela amiga em sua pergunta. Pansy estava realmente determinada a descobrir seu segredo e havia tentado, de todas as formas, arranca-lo dele desde que se encontraram no expresso. Mas é claro que Draco não diria. Abriu um sorriso ainda maior, colocou a mão no peito em um gesto dramático e respondeu:

- Ah minha querida amiga Pansy, vocês são o motivo da minha animação. Já acordei feliz sabendo que iria iluminar o dia de meros mortais com a minha presença. Aproveite pois nem todos tem tamanha felicidade e oportunidade. - Draco riu da cara de irritação da amiga com a resposta enquanto ela dava leves socos de indignação em seu braço forte.

Zabini que se manteve calado até aquele momento, apenas observando a cena, levantou uma sobrancelha e disse sério:

- O verdadeiro motivo da animação do Draco acabou de entrar.

Draco e Pansy se viraram a tempo de ver o trio de ouro, Harry Potter e seus melhores amigos Rony Wesley e Herminone Granger, entrarem no salão principal. Dos três, Hermione era a mais apresentável. Como Draco ela estava impecável em seu uniforme, que pra o loiro tinha o terrível defeito de ser da grifinória, e carregava dois livros, que o garoto reparou serem de poções e transfiguração, em seus braços apesar de sua mochila estar pendurada em seu ombro. Os meninos, entretanto, estavam em um estado muito mais deplorável e Draco podia jurar que haviam acordado atrasados. Wesley estava com seu uniforme amarrotado, o cinto que segurava a calça estava mal colocado e sua gravata estava amarrada em seu pulso. O sonserino quase sentiu pena. Não bastava Wesley ter que usar roupas de segunda mão ele ainda fazia o favor de não cuidar delas? E porque ele se importava?

Draco revirou os olhos e os pousou sobre Potter. O grifinório estava com seus cabelos desalinhados como sempre, Draco já havia desistido de os ver arrumados e secretamente os achava um charme a parte, apesar de não admitir com veemência nem para si mesmo. O uniforme de Potter estava amassado, não tanto quanto o de Wesley, seus sapatos estavam brilhosos assim como os de Draco e sua gravata pelo menos estava no lugar. Ele, assim como Hermione, estava rindo de algo que Wesley estava dizendo e o sonserino se pegou hipnotizado por aquela cena. Devia ser um crime ou um pecado alguém ter um sorriso tão lindo. Draco balançou a cabeça com o pensamento mas, mesmo assim, não conseguiu desviar os olhos de Potter. Seus amigos, cada um de um lado, notaram que o olhar divertido que Draco lançava a eles instantes antes havia desaparecido. Seu olhar agora parecia de um predador, era intenso e escondia mais coisas do que se permitia mostrar para os olhares atentos ou curiosos que por ventura pudessem prestar atenção naquela cena peculiar.

Wesley estava com uma cara séria e fazendo gestos firmes com os braços como se tentasse facilitar a imaginação dos amigos a visualizar o que ele estava tentando explicar enquanto os três se encaminhavam para a mesa da casa dos leões. O loiro ainda não havia desviado seu olhar e acompanhou Potter até que os três se sentassem. O moreno se sentou, claro, no meio dos outros dois. Como sempre.

Na mesa da grifinória, Harry se virou para Ron e disse:

- Pode ser que isso nunca dê certo Ron. Uma estratégia dessas para um jogo de quadribol? É loucura. Angelina jamais permitiria que a grifinória fizesse algo tão arriscado e eu teria que ser forçado a concordar com ela. Não quero ninguém do time na ala hospitalar. - Suspirou e virou-se para Hermione em busca de ajuda - O que você acha Mione?

- Acho que, apesar da imensa criatividade, Ronald está sonhando muito alto com esse plano maluco. Eu realmente achei que era uma piada até ele afirmar que estava falando sério. É obvio que nenhum capitão de qualquer time concordaria com ele. É uma questão de sensatez. - Disse ela, abrindo o livro de transfiguração que estava em seus braços antes.

- Como vocês podem se dizer meus melhores amigos? O plano é incrível, uma das melhores coisas que eu já planejei! Além disso, vai fazer os jogadores da sonserina chorarem como bebês sem saber o que os atingiu. - Ron falou, em um tom decepcionado, ele estava realmente confiante com a estratégia.

- A única coisa que você vai conseguir atingir é a reputação da grifinória com esse seu plano baseado em estupidez - Hermione suspirou e, olhando nos olhos de Ron, continuou - Olha Ron vamos pensar, juntos, em um plano melhor, tudo bem? Eu quero que a grifinória ganhe tanto quanto vocês.

Rony abaixou a cabeça derrotado, passando a olhar para o seu prato de café da manha vazio. Por um instante pensou ter perdido a fome e se assustou quando sentiu a mão de alguém nas suas costas. Harry o olhava resignado quase como se estivesse pedindo desculpas por não concordar com seu plano enquanto acariciava suas costas em uma clara tentativa de conforto. Rony deu um sorriso mínimo para o melhor amigo e se esticou para pegar qualquer comida que estivesse a sua frente precisava se alimentar para aguentar, pelo menos um pouco melhor, as aulas de Snape.

Na mesa das cobras, a mão de Draco se fechou com força no garfo que ele segurava. Não havia gostado nada de ver Potter colocando a mão nas cotas do pobretão Wesley e não se importou em refletir o porque disso, apenas se permitiu ser inundado pelo sentimento de desgosto. Será que eles tinham algo? Não! Era impossível não era? Os dois eram praticamente irmãos.

- Vai acabar explodindo toda a mesa da sonserina em um ataque de raiva Draquinho - Disse Pansy que não deixara de notar a raiva do amigo - O que está te incomodando tanto?

Draco olhou para ela e o olhar suavizou um pouco enquanto ele refletia sobre a pergunta da amiga. Ele obviamente sabia o que havia o incomodado. A mão de Potter nas costas de Wesley e a duvida se eles realmente tinham algo. A questão não era o que o havia incomodado mas sim o porque. O loiro balançou a cabeça em negativa e voltou seu olhar pra mesa da grifinória. O trio de ouro estava agora de costas pra ele dando atenção para Luna Lovegood que havia se levantado da mesa da Corvinal e agora distribuia para os amigos exemplares do jornal de seu pai, O Pasquim.

Depois de ouvir as explicações de Luna sobre as matérias que constavam naquele novo exemplar, Harry e Rony se viraram de volta para a mesa o abrindo e buscando as que eles acharam mais interessantes desviando a atenção da amiga loira, que agora conversava com Hermione sobre algum assunto de garotas. Enquanto lia uma matéria sobre como as criaturas mágicas mais inusitadas existentes eram seres incompreendidos e mereciam muito mais respeito e cuidado dos bruxos e bruxas, Harry se sentiu observado. Levantou a cabeça e seu olhar se cruzou com o de ninguém menos que Draco Malfoy. O loiro o olhava intensamente e com raiva, o que não era nenhuma novidade e o moreno não entendeu porque, dessa vez, sentiu seu rosto corar.

Na mesa da sonserina, Draco Malfoy deu um sorrisinho presunçoso.

Balaço - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora