Quarenta minutos depois Hermione e Pansy sorriam satisfeitas para a poção no caldeirarão em cima de sua mesa. A mistura parecia perfeita, na coloração e textura certas, suas anotações estavam organizadas, minuciosamente detalhadas e escritas em uma letra impecável. As meninas se viraram uma para a outra e bateram as mãos em comemoração. Nunca imaginaram que uma grifinória e uma sonserina pudessem trabalhar tão bem juntas e produzir resultados tão satisfatórios.
- Você não é tão ruim quanto parece Granger - Disse Pansy, sorrindo para a colega - Óbvio que eu sabia que a poção ia ficar perfeita, você pode ser da grifinória mas tem cérebro. Nós formamos uma boa dupla, a melhor pelo que eu estou vendo. Não que as duplas formadas só por meninos sejam capazes de conseguir muita coisa não é?
- Não sei se posso concordar com a segunda parte, todos possuem a própria inteligência Pansy, é rude julgar as dificuldades dos outros dessa forma - Respondeu Hermione calmamente, e Pansy revirou os olhos diante da aparente nobreza grifinória - Mas sim, pelo que eu também estou vendo, somos a melhor dupla de longe.
- Os melhores cérebros formam as melhores duplas - Pansy sentenciou dando os ombros, finalizando o assunto e pegando as anotações para as duas fazerem uma ultima revisão, acrescentando e retirando o que achassem necessário.
Na mesa de Theo e Neville a situação estava controlada. A poção dos dois não estava tão perfeita quanto a de Pansy e Hermione mas também estava longe do desastre que seria se Neville tivesse colocado a mão nela. O sonserino havia feito um bom trabalho, na medida do possível, e com certeza eles não ficariam com a pior nota. Neville escreveu as anotações com muita atenção, sempre pedindo para o colega conferir se estava tudo certo. Agora, depois de uma ultima revisão geral, os garotos se mantinham calados um ao lado do outro até que Longbottom respirou fundo e, depois de soltar o ar, disse:
- Obrigado... você sabe. Por me ajudar e por ter paciência comigo. Sei que muitos sonserinos não teriam. No final, gostei de ser sua dupla.
- Vocês grifinórios realmente tem uma péssima impressão dos sonserinos - o colega respondeu suspirando e passando a mão pelos cabelos - Mas de nada. Você não é tão ruim Longbottom, pelo menos não aparentemente. Também gostei de ser sua dupla e do resumo muito bom que você fez.
Nott riu simpático, uma risada leve e gostosa, diferente do que Neville esperaria de um sonserino mas o grifinório gostou de ouvir. Logo, Longbottom acompanhou o colega rindo baixinho para não atrapalhar as duplas em volta. Parecia que sua visão dos sonserinos poderia melhorar afinal.
Simas e Crabbe não estavam na melhor das sintonias. Os dois haviam decidido fazer a poção juntos e as anotações depois, cada um acrescentando o que achava relevante. O problema foi que demoraram mais tempo do que o previsto para terminar o que quer que fosse a mistura que borbulhava em seu caldeirão. Na hora de fazer as anotações os meninos se atrapalharam, pela falta de tempo, e entregaram um trabalho com qualidade muito abaixo do esperado. Ou, no caso de Snape, podia-se dizer que os dois entregaram exatamente o que o professor esperava. Quando voltaram para sua mesa Crabbe estava debochando de Simas, infernizando o garoto por não ter explodido nada:
- Quando Snape disse que você era minha dupla, eu realmente achei que ia parar na ala hospitalar. Podia apostar que você terminaria explodindo esse caldeirão em cima de nós dois. Seria horrível mas pelo menos poderia me lembrar de toda incapacidade dos grifínórios enquanto me recuperava na enfermaria. Tornaria a recuperação mais... tolerável. E com certeza mil vezes mais divertida.
- Posso dizer o mesmo de você não é? Afinal é de conhecimento geral que se eu sou incompetente você é mil vezes pior. Encare a realidade colega se você tivesse o mínimo de capacidade nossa poção poderia estar parecida com a de Nott e Neville. E sim, eu admito que tenho dificuldade nesta matéria. Não é nenhuma vergonha admitir nossas dificuldades, sabe?
Crabbe olhou pra Simas abobalhado, não esperava uma resposta dessas de alguém da casa dos leões, e continuou calado enquanto o colega grifinório continuava seu discurso:
- Na verdade eu acredito que se necessita de uma boa dose de coragem pra admitir nossas dificuldades e fraquezas para os outros. Não é qualquer um que quer ou consegue. Com certeza não é o seu caso afinal se você tivesse um pingo de coragem você seria um leão e não uma cobra - Simas finalizou, dando uma risadinha de desprezo.
- Sonserinos também tem muita coragem - Crabbe finalmente respondeu em um tom baixo e sério, comprimindo os olhos e sentindo ofendido - o sentimento de coragem não é monopólio da grifinória.
- Realmente - Respondeu Simas revirando os olhos em descrença - Tem que ter muita coragem pra ter orgulho de ser da sonserina e tratar os outros feito lixo.
- Ah claro! - Crabbe rebateu irritado - porque todos da grifinória tratam os sonserinos a base de flores e chocolates não é? Bando de hipócritas, é isso que vocês, os destemidos e bravos leões são. Agora cala a boca. Já cansei de perder meu tempo discutindo com você.
Simas olhou para o colega com a boca aberta extremamente ofendido e chocado, depois de alguns segundos nessa posição, virou pro lado pensando no que outro havia dito. Será mesmo que os grifinórios não passavam de um bando de metidos hipócritas? ‛ Claro que não!' Pensou Simas ‛Nós temos o Harry Potter, o Harry está bem longe de ser metido e hipócrita. Além do mais a grifinória é a melhor casa de Hogwarts, todos querem ser da grifinória por mais que não admitam. Sonserino idiota!'
Depois da discussão acalorada, ambos se mantiveram praticamente de costas um para o outro, com as cabeças viradas cada uma para um lado. Simas remoendo o que lhe foi dito e Crabbe se sentindo satisfeito por ter jogado verdades na cara do grifinório metido a besta. Não se falaram mais até o termino da aula, quando Snape liberou todos.
Draco passou a mão na testa suada. A poção era trabalhosa e ele estava fazendo tudo sozinho ainda por cima tomado de mau humor. O sacrifício, porém, era necessário. Ele jamais deixaria o ruivo imbecil tocar numa poção tão difícil e complexa como aquela. Enquanto preparava a mistura dava olhares furtivos para a mesa de Potter e Zabini vendo que os dois, apesar das diferenças, estavam trabalhando bem e até trocavam alguns sorrisos cordiais e palavras. Para Draco não era nenhuma supresa afinal Potter era realmente muito simpático e educado, odiava tratar mal qualquer pessoa e por Merlim, o sonserino duvidava que existisse aluno mais querido que o testa rachada naquela escola.
Olhou para o lado, conferindo as anotações de Wesley, com o ruivo qualquer cuidado era pouco. O loiro, porém, ficou satisfeito ao ver que o colega estava sim fazendo um bom trabalho tirando o garrancho horrível que o outro tinha a coragem de chamar de letra. Será que os Wesleys não tinham dinheiro nem para pagar um professor de caligrafia? Com certeza não era caro! Draco tinha certeza que até suas cuecas custavam mais que uma aula particular dessas.
Rony aguardava quieto o colega terminar de analisar suas anotações. ‛ Não deixe ele te irritar, não deixe ele te irritar' o ruivo repetia em sua mente, como um mantra ‛ O que quer que ele fale, não deixe que te atinja'... Draco virou para o ruivo com uma expressão de aprovação que Rony jamais pensou que veria o loiro destinando a si. O sonserino coçou o queixo, como se refletisse sobre algo, e disse:
- Bom... até que está muito bom Wesley. Você conseguiu detalhar cada passo da preparação da poção. Não esqueceu de nenhum. Estou impressionado com sua capacidade cognitiva, não esperava tanto, de verdade.
Rony arregalou e depois revirou os olhos, parecia bom demais para ser verdade, é claro que Malfoy, mesmo em meio a um elogio, encontraria algo para o criticar e tentar humilha-lo. Típico de sonserinos na verdade. Se criticou mentalmente pelos segundos que pensou que pudesse ser diferente dessa vez.
- Agora só falta a conclusão, se a poção deu certo ou não e o porque. - Continuou o loiro - Ah e é claro, tente melhorar isso que você chama de letra, sim? Provavelmente vamos ser uma dupla até o fim do período. Está realmente deplorável, sei que sua família é pobre mas creio que todos são alfabetizados, não é? Não tem a mínima necessidade disso.
Rony choramingou, se sentindo frustrado e sem paciência, cobrindo o rosto com as mãos acima da mesa. Draco o olhou com desinteresse, deu os ombros e se voltou para conferir novamente a poção, porém não sem antes lançar mais um olhar furtivo, curioso e interessado para a mesa onde Potter se encontrava.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Balaço - Drarry
FanfictionSer atingido por um balaço é duplamente ruim quando este acontecimento faz você perceber que está apaixonado. * A história se passa no 5 ano* * Universo sem Voldemort* * Essa história já está sendo publicada desde agosto no Spirit*