Dumbledore

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Harry só voltou a encontrar os melhores amigos a noite. Ficara a tarde toda pensando na conversa com Roger e no que o corvino havia lhe confessado. O moreno nunca pensou que poderiam realmente existir pessoas interessadas romântica ou sexualmente nele e cogitar a possibilidade de deixar alguém atingir tal nível de intimidade consigo o deixava nervoso. Tudo bem que existia Zabini, mas sempre que estava com o sonserino, Potter se sentia muito mais próximo de um amigo do que de um futuro pretendente. E isso o relaxava.

Sempre teve muita facilidade em ser ele mesmo com seus amigos, nada de medo ou máscaras. A única coisa que parecia errada agora, aos seus olhos, na relação que mantinha com os amigos era sua constante insistência em ser o amigo perfeito. Já compreendia que tal insistência provinha de um sentimento irracional, o medo da perda e estava disposto a superar o peso que colocou sobre os próprios ombros. E se não conseguisse ser tão autêntico e aberto com um pretendente? E se não conseguisse ser assim com seu namorado? Harry tinha a certeza que, se esse fosse o caso, esse relacionamento estaria fadado ao fracasso.

Além de toda confusão trazida por Roger e seus sentimentos secretos ainda existiam seus sentimentos confusos sobre Draco. Refletindo sobre as ações do loiro naquele dia havia chegado a conclusão de que ele estava com ciúmes e, sem que esperasse, se sentiu animado com a possibilidade. Porque se sentia tão bem com a perspectiva de Draco sentindo ciúmes de si? Conceber tal realidade, para o seu lado racional, parecia loucura. Draco estava apenas tentando começar uma amizade e resolveu demonstrar preocupação, só isso, o moreno tentou se convencer e acalmar sua animação, inutilmente.

Enquanto caminhava de volta para a torre da grifinória o moreno ouviu um barulho atrás de si e se virou rapidamente. Ali, no meio do corredor estava o professor Dumbledore. O diretor esta vestido com um grande robe cor de vinho. Em suas vestes diversas luas e estrelas passeavam livremente, como se flutuassem no tecido. Claramente suas roupas possuíam algum tipo de feitiço. Harry notou que no chapéu que o mais velho usava as estrelas e luas também se moviam. Sem que esperasse, ouviu a voz do diretor:

- Reflexões profundas Harry? Há algo lhe atormentando?

- Ah... oi diretor - Harry disse, ainda tomado pela surpresa - Apenas repassando mentalmente os acontecimentos do dia. Nada demais.

- Entendo - Respondeu Dumbledore calmamente - E você não quer se abrir sobre esses acontecimentos? Seus amigos, o senhor Wesley e a senhorita Granger, vão prontamente te aconselhar não tenho dúvidas disso.

- Não acho que eles vão saber me ajudar com isso senhor - Respondeu Harry, de forma sincera.

Dumbledore olhou para o grifinório por cima de seus óculos de meia lua e apontou para um dos bancos no corredor se dirigindo até ele. Harry se sentou ao lado do diretor e Dumbledore disse:

- Então.. O que está lhe atormentando Harry?

- Sentimentos - O grifinório prontamente respondeu - Digamos que eu descobri mais sobre os meus próprios sentimentos em relação a mim mesmo. Além disso descobri sobre os sentimentos de outra pessoa em relação a mim e estou confuso com meus sentimentos sobre uma outra pessoa.

- São incríveis não são? Os sentimentos - Começou Dumbledore, como se refletisse - Até o mais maravilhoso e o mais terrível deles. São como o ar que respiramos, não se vive sem eles, estão em toda parte, em cada cultura e cada crença. E, mesmo assim, temos dificuldade em desvenda-los e entende-los.

Harry olhou para Dumbledore esperando que o diretor continuasse. Ainda não estava entendendo onde ele queria chegar. Dumbledore suspirou, e disse:

- Não deixa que seus sentimentos lhe aflijam Harry. É normal sentir dificuldade de se lidar com eles. Mas os que querem seguir essa difícil jornada devem saber trata-los com sabedoria. Apenas com sabedoria, meu rapaz, podemos compreender nossos sentimentos e saber como lidaremos com eles. Sugiro que, ao invés de tentar compreender toda sua confusão sentimental de uma vez, a divida em partes. E aos poucos, uma por uma, vá desvendando o que cada confusão tem a lhe dizer.

Balaço - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora