Harry estava no corredor observando Hermione arrumar a gravata de Rony da forma correta no uniforme do ruivo. Apesar de ter o olhar pousado sobre a interação entre os amigos os pensamentos do grifinório estavam distantes. Que porcaria havia sido aquela no grande salão minutos antes? Ele realmente havia corado sob o olhar de Draco Malfoy? E porque o sonserino sorriu para ele daquela forma? Qual era o significado disso? Ele havia sorrido apenas para o irritar? Eram muitas perguntas rondando sua mente aquela hora da manhã e Harry não se sentia tentado a desvendar nenhuma delas. Pelo menos por enquanto.
Hermione sorriu satisfeita com o resultado do seu trabalho e Harry não pode deixar de comparar a expressão atual no rosto da amiga com a expressão que tinha visto mais cedo quando ele e Rony haviam descido do dormitório para o salão comunal. Os meninos acordaram atrasados e o ruivo, claramente sem paciência e ainda sonolento, havia se vestido de qualquer jeito e amarrado a gravata em seu pulso. Harry, secretamente, gostou da forma como o amigo vestiu a peça e se pegou desejando que os códigos de vestimenta em Hogwarts fossem mais flexíveis.
Quando chegaram ao salão comunal ambos encontraram uma Hermione impecavelmente arrumada, como sempre, que claramente estava os esperando a pelo menos meia hora, o rosto tomado por uma expressão furiosa. Depois que eles se desculparam pelo atraso ela murmurou algo como " meninos...." e saiu andando sem esperar que eles a acompanhassem. No caminho, Rony começou a explicar os detalhes e como se daria a execução do plano que ele vinha arquitetando desde as férias para o time de quadribol da grifinória.
Obviamente Harry e Hermione haviam discordado e deixaram o ruivo desolado. O moreno ainda se impressionava com a capacidade da imaginação do melhor amigo. Mas não tinha como, simplesmente não dava, era muito arriscado e era a imagem da grifinória que estava em jogo.
- Harry? Harry? HARRY! - Rony praticamente gritou quando percebeu que estalar os dedos na frente do rosto do amigo não estava funcionando. Ele e Hermione olhavam para o amigo de forma confusa. Harry se virou para os outros dois, piscando de forma atordoada e disse:
- O que foi? Me desculpem... vocês estavam dizendo?
- Estávamos falando que temos que ir agora se não vamos nos atrasar pra primeira aula, e é a aula do Snape. Eu não quero dar mais motivos pra ele odiar a gente - Disse Rony, e acrescentou - Onde você estava com a cabeça cara?
O moreno olhou para os dois amigos que o observavam com olhares desconfiados e ainda confusos, respondeu:
- Estava pensando na situação daquelas criaturas mágicas que lemos no Pasquim. É realmente bem preocupante, parei um pouco para me perguntar o que o Hagrid faria se pudesse mudar isso.
- Ele com certeza não faria nada usual ou comum - Respondeu Hermione sorrindo, enquanto o trio se dirigia a sala de poções para a aula de Snape - Mas o resultado seria algo lindo de se ver. O amor que Hagrid sente por todas as criaturas mágicas é especial, de verdade.
- Realmente é tudo muito lindo, mágico e especial. - Disse Ron suavemente e depois acrescentou, revirando os olhos - Quando as criaturas mágicas não estão tentando comer nossos dedos ou nos matar.
Hermione olhou para o ruivo com um olhar descrente pensando como ele conseguir quebrar o clima de um assunto tão bonito quanto proteger e respeitar as criaturas mágicas sendo tão insensível. Harry balançou a cabeça concordando e agradecendo internamente pelos amigos terem acreditado em sua desculpa. Quando o trio entrou na sala de poções se surpreenderam ao perceber que, contrariando todas as expectativas, Snape ainda não havia chegado. Os amigos então foram procurar um lugar do lado "grifinório" da sala. Os três conseguiram se sentar, um ao lado do outro, em uma mesa maior que quase não era usada. Turmas com números impares de alunos, que obviamente não poderiam ter um número correto de duplas, faziam uso regular dela.
A frente deles estavam sentados Neville que fazia dupla com Córmaco Mclaggen, do lado direito estavam Dino e Simas, tão inseparáveis quanto o próprio trio, e do lado esquerdo estavam Lilá e Parvati com expressões de tanto tédio que os três podiam jurar que elas preferiam estar ajudando a professora Trelawney a limpar bolas de cristal a estarem ali esperando Snape chegar.
Depois de um tempo, percebendo que Rony havia se virado na direção de Dino e Simas e estava debatendo com eles quais foram as melhores partidas de xadrez bruxo da história e Hermione estava concentrada explicando a Neville sobre uma poção qualquer, Harry se permitiu correr os olhos pela sala e casualmente os pousou sobre Draco Malfoy.
O loiro estava sem a capa preta, a principal peça do uniforme, que estava gentilmente pousada sobre seu colo. A blusa branca estava dobrada até os cotovelos deixando a mostra o antebraço forte, definido e torneado. Os olhos azuis acinzentados do herdeiro Malfoy corriam pela pagina do livro de poções e sua expressão, no geral, era de concentração. Mordia os lábios avermelhados firmemente e Harry tinha a sensação de que veria fumaça saindo de suas orelhas a medida que o cérebro do outro trabalhava. Sabia que Draco era muito bom naquela matéria mas não pode evitar em sentir certa preocupação pelo loiro não estar devidamente protegido com suas roupas, era aula de poções afinal.
Antes que pudesse se aprofundar na origem desse sentimento a porta foi escancarada e Snape entrou sem cerimônias com sua expressão impassível como sempre se dirigindo diretamente a frente de sua mesa. Correu os olhos pela turma, suas mãos juntas em frente ao corpo. E então falou, em um tom de voz baixo e controlado:
- O professor Dumbledore acredita que os alunos da sonserina e da grifinória precisam ser mais.... sociáveis entre si - O desgosto que Snape colocou em cada uma dessas palavras era praticamente palpável- Sendo assim o diretor me convocou juntamente com a professora McGonagall, responsável pela casa grifinória, para uma reunião.
Todos os alunos prenderam o ar diante das palavras proferidas pelo professor de poções. Podiam apostar que odiariam o que viria a seguir. Por Merlim! O que Dumbledore estava planejando com isso? Ele nunca havia ouvido falar que em time de quadribol que está ganhando não se mexe?
- Portanto - Snape continuou seu discurso - as atividades a partir de hoje serão feitas de forma mista. Vou dividi-los em duplas, um aluno da sonserina e outro da grifinória. E não quero reclamações, a ideia me agrada tanto quanto a vocês podem ter certeza.
Então a divisão começou. Hermione acabou como dupla de Pansy Parkinson, Neville foi selecionado para fazer dupla com Theodore Nott e Simas acabou por ser a dupla de Crabbe. Harry já estava esperando Snape coloca-lo como dupla de Malfoy, do jeito que o professor o odiava, seria a forma perfeita de tortura-lo. Entretanto, não foi isso que aconteceu. Quase ao final da divisão Snape disse:
- Harry Potter sua dupla será Blaise Zabini - Harry parou e o olhou, chocado, por um instante - O que está esperando garoto? É extremamente grosseiro fazer um sonserino esperar por um grifinório. Se mexa, ande!
Andando até a mesa onde Zabini estava, Harry ouviu Snape anunciando que a dupla de Draco seria Rony. Pensou, no mesmo instante, que havia algo errado. Sempre fora ele e Draco, mesmo que em lados opostos, da mesma forma que sempre fora ele, Rony e Hermione. O moreno sentiu que, Snape coloca-lo longe do loiro, era o mesmo que alguém dizer que seus melhores amigos eram Simas e Lilá. Em sua concepção parecia tão errado que beirava o absurdo. Decidiu, pelo que já parecia a milésima vez somente naquele dia, não tentar se aprofundar sobre os próprios sentimentos. Sentou-se ao lado de Zabini, que o olhava curioso, e aguardou as instruções.
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Balaço - Drarry
Fiksi PenggemarSer atingido por um balaço é duplamente ruim quando este acontecimento faz você perceber que está apaixonado. * A história se passa no 5 ano* * Universo sem Voldemort* * Essa história já está sendo publicada desde agosto no Spirit*