Capítulo 27 / Fernanda

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– Acorda, filha! – minha mãe me balança

– O que foi, mãe? – pergunto, minha voz rouca devido ao sono. Qual é, eu tô de féras! Por que ela tem que me acordar?

– Tem visita para você. – ela beija a minha testa – E eu estou atrasada para o trabalho, preciso ir. Tchau! – Ela sai apressada.

Pego o celular para ver as horas. Quem veio me incomodar às 10 da manhã?!

Levanto da cama e vou direto para o banheiro do meu quarto escovar os dentes. Evito encarar o espelho e dar de cara com as minhas olheiras enormes. Não tiro o pijama, apenas calço chinelos e amarro o cabelo num rabo de cavalo frouxo.

Quando vou até a sala, dou de cara com quem eu menos queria ver aqui.

– O que você quer aqui a essa hora da manhã? Pelo amor! – reclamo

Guilherme levanta do sofá

– Bom dia pra você também, dorminhoca.

– Por que não vai dar bom dia pra a Vitória? Ela deve estar te esperando de braços abertos. – gesticulo

Ele ri. Cara, juro que se ele fizer isso de novo eu quebro esses dentes perfeitos.

– Tinha esquecido de como você é ciumenta. – cruza os braços

– Eu não sou ciumenta! – bufo

– Não, claro que não. Nem um pouquinho. – ele se aproxima

– O que você quer, Guilherme?

– Uh, me chamou de Guilherme. – ele levanta os braços – Calma aí, eu venho em paz.  

Eu rio.

– Agora é sério. – ele se aproxima mais e segura as minhas mãos – Eu vim me explicar.

– Se explicar? Não precisa, queridinho. Eu já vi tudo.

– Meu Deus, como você é teimosa! – ele revira os olhos – Tá, eu vou falar mesmo que não queira ouvir. Naquele dia, eu encontrei a Vitória chorando no corredor por causa do Lucas. Então eu fui ajudar ela, só que aí a gente começou a conversar, conversar e...

– E vocês se beijaram. É, eu sei. Poupe-me dos detalhes. – o interrompo

Ele suspira.

– E ELA me beijou. Acho que estava muito carente, sei lá. Só sei que você chegou bem na hora que eu ia me afastar. Acredite, eu nunca trairia você, ruivinha. – ele acaricia meu rosto com o polegar

– Sempre que eu olho pra você lembro daquela cena. – desvio o olhar – Me dá uma vontade de dar uma surra naquela garota! Você não faz ideia.

Ele ri novamente.

– Você me perdoa, Chérie? – ele levanta meu queixo para olhar nos meus olhos

– Eu não sei... – viro o rosto. Se eu o encarasse por mais tempo, com certeza iria beijá-lo agora mesmo. – Preciso de um tempo. Pode ser?

Ele abaixa a cabeça. – Tudo bem, então.

Será possível amar e sentir raiva de uma pessoa ao mesmo tempo? Por que é isso que eu estou sentindo. Quero dar um golpe de karatê nele, e depois beijá-lo até a dor passar.

– Acho que já vou. – ele anda até a porta e eu o acompanho

Abro a porta. Ele se aproxima de mim novamente.

– Só não esqueça que eu te amo. – sussurra

Meu coração acelera, minhas mãos tremem e as minhas pernas ficam bambas assim que ele se aproxima mais. É impressionante como uma pessoa pode nos causar tantos efeitos colaterais de uma só vez.

Instantaneamente, eu viro o rosto e o seus lábios tocam apenas a minha bochecha.

– Tchau. – ele dá um sorriso sem graça e sai.

– Tchau. – eu respondo baixinho

Fecho a porta e encosto a minha testa na parede

Eu também te amo, seu idiota.

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