Capítulo 2 - Escola nova

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"Estamos sempre crescendo, nada é estático, nada é em vão." (Filhos do Éden - Herdeiros de Atlântida; Eduardo Sphor). 

Depois de uma semana de adaptação à nova casa, meu pai resolveu sair em busca de uma nova escola para mim. Como ele ainda não começou a trabalhar no hospital para onde foi transferido, tem tempo e disposição de sobra para rodar a cidade em busca de uma "boa instituição."

– Novidades! – Em plena segunda-feira, meu pai entra eufórico no meu quarto, praticamente saltitando como se estivesse acabado de ganhar na loteria. – Já escolhi o colégio onde você vai estudar.

Fala sério?! Pra me acordar às 9 da manhã em plenas férias, a notícia teria que ser no mínimo bem mais interessante e animadora.

– Ah, que bom... – respondo, visivelmente desanimada.

– Quer saber mais sobre a escola?

Não, tudo o que eu quero agora é voltar a dormir, penso. 

– Quero, diz aí.

– Olha, o nome é Colégio Elite e ele fica aqui bem próximo aqui de casa, então você pode até mesmo ir a pé se não quiser que eu te leve de carro. Eu achei o local bem bonito, os professores são bem capacitados, e acho também que seja a melhor escola para te preparar para a sua futura faculdade de Medicina. – ele dispara

Eu gosto do meu pai, mas ás vezes ele é ambicioso demais. Já está fazendo planos para o que provavelmente vai acontecer só daqui a uns cinco anos, e na verdade ele nem sabe se eu quero cursar medicina mesmo.

Muitos pensamentos rondam a minha mente, mas por hora, prefiro apenas fazer um comentário:

– Elite? Só pelo nome já estou com medo...

– Não é um colégio militar, se é isso que você está pensando. Se bem que não seria má ideia te colocar em um... – ele brinca, me deixando assustada.

– Não mesmo. – eu jogo uma das minhas almofadas nele, só que na verdade ela cai do outro lado do quarto, o que faz meu pai rir. Digamos que o meu senso de direção não funcione totalmente pela manhã.

– Já que está acordada, levante, mocinha. O café da manhã já está na mesa. – diz ele, e sai do quarto.

Eu levanto e troco de roupa. Calço chinelos e vou até a cozinha.

Quando chego, me surpreendo com a mesa farta. Sabe aqueles cafés da manhã de novela? Pois é. Tem vários tipos de pães, queijos, e até um bolo de morango enfeitando o centro da mesa. 

Eu sento em uma das cadeiras.

– Nossa! Agora tenho plena certeza de que o senhor contratou uma empregada. Tá, cadê ela? – pergunto, já ponderando sobre o que devo comer primeiro. 

– É o suficiente para você? – meu pai pergunta

– Suficiente para mim e para a metade do Exército Nacional, também. 

Ele ri.

– Ah, e sobre a empregada. Sim, eu contratei uma. Mas qual é? Você não confia nos dotes culinários do paizão aqui?

– Na verdade, não. Da última vez que o senhor tentou fritar um ovo, quase colocou fogo na casa inteira. Um ovo! Eu tenho medo do que teria acontecido se esse bolo tivesse sido feito por você. 

Ele faz uma careta para mim, como se dissesse: "Mas não foi culpa minha!"

– Irene, vem cá!

No mesmo instante em que ele chama, aparece à porta da cozinha uma mulher baixa, morena e de aparência simpática vestindo um avental rosa engraçado. Ela me dá um sorriso carismático, e eu retribuo.

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