Capítulo 4 - Aprendendo outras línguas

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"Quanto mais perturbadora a lembrança, mais persistente a sua presença." (Água para elefantes - Sara Gruen)

À tarde, Fernanda aparece na minha casa dizendo para o meu pai que vai me levar para conhecer a cidade. Como tudo o que ele mais quer é que eu faça novos amigos, de cara ele deixa e eu vou mesmo sem saber para onde nós vamos de fato.

– Para onde estamos indo mesmo? – estamos saindo do apartamento, o que é novidade para mim. Só tinha saído para a escola, e de carro, ou seja, não conheço nada além disso.

– Eu vou te levar para conhecer meu amigo, ele mora naquele apartamento ali. – ela aponta para um apartamento logo na esquina, não muito longe do nosso. Todos os apartamentos aqui parecem iguais, um perto do outro, num emaranhado de edificações que enche a minha visão.

Quando chegamos, Fernanda vai logo cumprimentando o porteiro.

– Eaí, Seu Pedro! Boa tarde. – pelo jeito como ela fala, acho que já conhece o senhor há um bom tempo, o que significa que ela deve visitar bastante o tal amigo.

– Bom dia, minha linda. Não vai me apresentar a sua amiga? – ele olha para mim e dá um sorriso fraternal. Retribuo.

– Ah, essa é a Karen. Ela é nova na cidade. E nós viemos visitar o Gui, então já estamos indo. Tchau, Seu Pedro!  – ela me puxa pelo braço e dá um tchauzinho rápido para o porteiro. 

– Você e essa sua mania de ficar me puxando... Parece até que eu não sei andar. – Sorrio enquanto entramos no elevador.

Ela disca o númo 8 nos botões de controle e nós somos levadas para cima.

– Ora, eu sou sua guia. Tenho que te conduzir aos lugares que você não conhece.  – ela sorri, e muda de assunto. – Tenho certeza que você vai gostar do Gui.

Chegamos. Fernanda dá três batidinhas ritmadas na porta, e de dentro podemos ouvir outros três na mesma intensidade.

– O que significa...?

– É uma forma de comunicação entre a gente, sabe? Quase nunca os pais dele estão em casa, mas essas batidinhas são pra eu me certificar de que "barra tá limpa". Se ele retribuir, eu posso entrar sem problemas.

– Uh. Bem pensado.

Quando ela ia abrir a porta, eu faço uma pergunta que já estava me intrigando desde que ela me disse que iríamos visitar um amigo:

– Hey, esse Gui é seu namorado?

Ela me olha com uma cara do tipo "não acredito que perguntou isso", e começa a rir. Bastante. Pela reação dela, eu começo a considerar o fato de que talvez esse garoto seja gay, e imediatamente me sinto uma idiota por ter perguntando isso. Depois de um minuto ela responde, ainda rindo: 

– Não, apenas bons amigos.

Ao entrar, eu vejo uma casa realmente bagunçada. Típico dos homens. Pacotes abertos de batata frita no sofá, refrigerantes na mesa do computador e várias revistas de ciência espalhadas.

Sigo Fernanda em direção ao que eu acho que deve ser o quarto do garoto, e quando entramos vejo mais bagunça. Só que dessa vez, uma bagunça diferente daquela da sala. Nada de comida e revistas espalhadas, e sim vários jogos de vídeo game jogados no chão, livros e computadores. (Sim, ele tinha mais de um. Não sei se isso é realmente necessário).

Chérie! – o garoto levanta da cama e abraça Fernanda. É um típico nerd, mas não muito feio. Tem cabelos castanhos meio bagunçados que caem sobre os olhos, e usa um óculos Ray ban Wayfarer de um grau muito alto que eu não consego identificar

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