"Você só precisa dar uma boa olhada em si mesma, mudar o que precisa mudar e seguir em frente."(Deixe a neve cair)
Fernanda não foi à escola.
Por sorte, eu entrei sorrateiramente na sala assim que o sinal para a segunda aula tocou e o professor ainda não tinha chegado. Ocupei o meu lugar. Uma cadeira vazia, a de Fernanda, me distanciava do Gui.
– Psiu. – o chamei. A princípio ele não ouviu.
– Psiu!
Ele vira para trás. Sua expressão é horrível, de quem teve uma péssima noite de sono, se é que ele dormiu.
– O que aconteceu?
– Por que a pergunta? – ele desvia o olhar
– Você está com uma cara péssima.
Expira.
– Converso com você no intervalo. – e vira novamente.
Isso não está nada bom.
Viro para o lado e o meu olhar cruza com o de Rafael, que sorri de orelha a orelha. Quase tinha esquecido do seu presente. Sorrio de volta, e o meu coração aquece ao lembrar da noite de ontem.
O professor de Geografia, Antônio, entra na sala. Eu nunca tinha falado dele antes, então lá vamos nós: O professor Antônio é beeeem alto. Do tipo que me faz ter que inclinar bastante o pescoço quando preciso encará-lo para tirar uma dúvida ou pedir para ir ao banheiro. Mas ele é extremamente divertido e todos aqui adoram as suas aulas, principalmente pelo fato de que ele nos trata como amigos, e isso torna tudo mais leve. Antônio sempre está com a sua velha bolsa de couro marrom pendurada no braço. Sempre. Ninguém sabe o que tem dentro dela. Ele costuma trazer os materiais nas mãos mesmo, e sempre que nós perguntamos o que tem na tal bolsa, ele responde: "Coisas que ninguém precisa saber." Alguns alunos até fazem graça, dizendo que ele pode ser um agente secreto ou um terrorista, e que a bolsa dele está cheia de explosivos altamente perigosos.
– Bom dia! – o professor exclama. Atrás dele, vejo um garoto. Provavelmente atrasado como eu, mas ele foi mais azarado por ter chegado na mesma hora que o professor. Mas eu não conheço esse garoto. Um novato? No meio do ano?
– Não lembro de você nas minhas aulas. – Antônio observa o garoto. Aliás, que gato, hein? Esse vai fazer sucesso.
Pelo canto do olho, vejo Rafael me olhar com uma expressão estranha, como se estivesse percebendo os meus olhares para o garoto novo.
– Eu sou novato. – o garoto não parece nem um pouco tímido. Se fosse eu, estaria super envergonhada.
– Tudo bem, cara. – Antônio dá um tapinha nas costas dele – Apresente-se.
Olho para o Gui, e percebo-o trincar os dentes e dar um soco leve na mesa.
– Com tantas escolas nessa cidade... – ele revira os olhos.
– O que disse, Guilherme? – o professor pergunta.
– Não, nada.
O garoto olha para o Gui de uma maneira estranha, como se o reconhecesse.
– Não vai dizer seu nome? – Antônio deposita sua bolsa no birô, cuidadosamente. Depois senta na cadeira.
Ele para de encarar o Gui e olha para a turma.
– Ah, sim. – sorri – Meu nome é Felipe Costa.
+ + +
A primeira coisa que eu faço assim que o sinal é procurar o Gui. Enquanto desço as escadas, avisto Felipe rodeado por um grupo de garotos, conversando sobre futebol como se já fossem amigos há anos. Rafael está encostado na parede, de braços cruzados. A "praia" dele são os esportes radicais, nada de bolas. Por isso às vezes ele não se inclui nessas discussões, como qual é o melhor time do mundo e quem jogou melhor no Brasileirão.
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Páginas da Minha Vida [Completo]
Novela JuvenilKaren é uma adolescente autêntica que levava uma vida normal em São Paulo até que, com a separação dos pais, precisou mudar de cidade. Com isso a sua vida vira do avesso, o que surpreendentemente acaba não sendo tão ruim assim. Quando ela conhece n...