Capítulo 42 - A lista / parte 1

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– Adivinhem quem teve uma ideia brilhante! – Fernanda joga a sua mochila em cima da mesa e senta no seu lugar

– O que você vai aprontar dessa vez? – Guilherme vira para nós, ficando de costas para o quadro negro

– Eu não. Nós vamos.

– Nós? – eu e ele perguntamos

– É. Nós. Mas não se preocupem, não é nada perigoso. Nada de pintar os cabelos das pessoas. É só mais uma das minhas ideias brilhantes de sempre, só que dessa vez para ajudar alguém.

– Porque você não para de enrolar e diz logo? – tamborilo os dedos na minha mesa, entediada.

– Tá. Bom, ontem eu estive pensando: Para quem a incógnita poderia estar vendendo as drogas? Então eu pensei que...

– Incógnita? – eu a interrompo

– É. Eu meio que nomeei essa pessoa que colocou as drogas na mochila do Rafa de incógnita, porque tipo, nós não sabemos quem ela é. E precisamos chamar de alguma coisa, não?

Guilherme ri

– Tudo bem. Continue.

– Então. Quem vocês acham que poderia estar comprando isso dela? Quero dizer, as drogas e tal.

– Dela quem? – eu pergunto

Fernanda revira os olhos

– Ai, como você é lerda. A incógnita.

– Ah, sim. Saquei.

– E aí? – ela nos olha com expectativa

– Eu não sei onde você está querendo chegar. – diz Guilherme

– Arg. Eu pensei que as pessoas mais prováveis a comprar essas drogas devem ser do ensino médio. Por isso eu criei uma lista com uns suspeitos. Peraí. – ela busca a mochila largada e vasculha algo lá dentro, puxando para cima um pedaço de papel amassado. – Aqui. Até agora só tem três suspeitos, porque eu não conheço muita gente do ensino médio. Mas os observo na hora da saída, e achei esses meio estranhos.

– Tá. E observando eles você pensou: “Olha só, aquele garoto ali tem cara de quem compra um baseado, vou perguntar de quem ele comprou.”? Qual é, nada a ver. – Guilherme larga a tal lista na mesa de novo, e eu a pego.

– Olha aqui, pelo menos eu estou tentando. Nós podemos ficar puxando conversa com a pessoa, sondando, até conseguir arrancar alguma informação, ué. Não pode ser tão difícil assim.

– Eu acho que nós podemos tentar. – falo

– Sério? – os dois lançam olhares diferentes para mim. Fernanda, um “sério?” cheio de expectativa, e Guilherme, tipo: “você vai levar isso a diante?”

– Sério.

– Yeah! – Fernanda comemora

O Gui revira os olhos.

– Vocês duas inventam cada uma...

– Aceita que dói menos, Silly. – ela aperta o rosto do Gui com as duas mãos e deposita um selinho nos lábios dele.

– E quando nós vamos começar isso?

– Hoje na hora do intervalo. Combinado? – a Fê ergue o braço para frente, esperando que eu e o Gui coloquemos nossas mãos lá também, como se fossemos tipo os três mosqueteiros naquela cena em que eles dizem: “Um por todos, e todos por um!”, só que eles usam as espadas em vez dos braços.

Eu acho pouco provável que essa ideia maluca dê certo, mas até agora não consegui pensar em nada melhor, então prefiro tentar a ficar parada assistindo essa injustiça toda. A pessoa que fez isso precisa pagar. E se não der certo, pelo menos eu tentei.

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