"O amor é a coisa mais entranha e sem lógica do mundo." (A probabilidade estatística do amor à primeira vista – Jennifer E. Smith)
Eu não consigo entender porque ninguém acredita que o Rafael pode ser inocente. Ou melhor, que ele é inocente. O pior é que, mesmo sem querer, eu entendo o meu pai. Suponhamos que o meu namorado, – Não necessariamente namorado, mas para o meu pai é isso o que nós somos. Ou éramos. Enfim. – realmente estivesse envolvido com drogas. É óbvio que qualquer pai que se preze faria o que ele fez. Mas eu preciso e vou provar que ele está errado. Que todos estão. Só não sei como.
Ontem eu e meu pai discutimos feio, e isso ainda está me incomodando um pouco. Não gosto de brigar com ele. Mas eu estava muito irritada por causa das coisas que tinham acontecido, e principalmente por causa do idiota do Henrique. Hoje ele nem ousou falar comigo, talvez esteja com medo de levar outro chute. É bom mesmo que esteja.
Fiquei sabendo através do "rádio corredor", basicamente uma rede de fofocas que se espalham na escola mais rápido que doenças sexualmente transmissíveis, que o Rafa foi suspenso da escola, não expulso. Isso é ótimo. Talvez a diretora esteja esperando ter provas mais concretas para enfim expulsá-lo, se bem que, mesmo acreditando na inocência dele, as drogas na mochila foram bem evidentes. A pessoa que está tentando incriminá-lo deve ter ficado furiosa com isso. Rá!
O som do último sinal me tira dos meus devaneios.
Na volta para casa, eu vou andando em silêncio com o Gui e a Fê ao meu lado. Ainda estou chateada por eles não acreditarem no Rafa, também. Me irrita o fato de que eu não tenho nem mesmo a ajuda dos meus amigos para tentar descobrir quem está por trás disso tudo.
+ + +
Meu quarto está virando uma espécie de "casa" para mim. Ele fica na minha casa, claro, só que eu estou passando praticamente o dia todo aqui dentro, saindo apenas para ir ao banheiro e comer alguma coisa quando o estômago fala mais alto.
Já mandei um milhão de mensagens para o Rafa, mas é claro que os pais dele já devem ter confiscado seu celular. Eu não posso ficar nem mais um minuto sem falar com o meu skatista.
Depois de tomar um banho rápido, estico o pescoço para fora da porta do banheiro, a fim de ver se o Seu Carlos já saiu para o trabalho. Nenhum sinal dele. Nada além da Irene varrendo a casa ao som de Beijinho no ombro, a música tocando no seu próprio aparelho celular que emite um som tão alto que colocaria qualquer Smartphone de última geração no chinelo. Eu realmente não curto funk, mas não quero estragar a alegria dela, então seguro o riso e deixo-a continuar sua dança.
Visto um short jeans e uma blusa qualquer que encontro na minha frente. Então vou até a Irene, com a mentira na ponta da língua.
– Irene! – chamo.
Ela não ouve. Continua contagiada pela música, com as mãos nos joelhos e descendo até o chão. Ela só deve estar tão solta assim porque acha que está sozinha, talvez não tenha me visto chegar da escola, e, bom, eu realmente não queria estar vendo isso.
Solto uma risada contida.
– Irene!
Ela dá um salto ao me ver, e corre para abaixar o volume da música.
– Oh, desculpe. Eu estava... Bom, é que fazer faxina com música é sempre melhor, sabe? – ela abaixa os olhos
– Ah, sei. – respondo. Não, eu não sei. – Eu só queria avisar que vou para a casa do Gui com a Fernanda, ok?
– Gui?
– Guilherme. Aquele de óculos.
– Ah, sim, claro! Tudo bem, então. Eu aviso para o seu pai caso ele volte antes de você.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Páginas da Minha Vida [Completo]
Teen FictionKaren é uma adolescente autêntica que levava uma vida normal em São Paulo até que, com a separação dos pais, precisou mudar de cidade. Com isso a sua vida vira do avesso, o que surpreendentemente acaba não sendo tão ruim assim. Quando ela conhece n...