Capítulo 50 - Quando tudo parece estar melhorando...

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"Tenho um sentimento muito profundo por você, se é amor ou ódio descobrirei com o tempo." (Percy Jackson e o Ladrão de Raios - Rick Riordan)


Ontem, depois que eu já tinha provas o suficiente para mostrar para o meu pai quem é a Elena de verdade, eu conversei com o Gui e com a Fê e pedi que eles viessem aqui em casa hoje à tarde, para me ajudar a contar toda a verdade para ele. Também liguei para a minha mãe, pedindo que ela viesse aqui pra o Rio. Mudei de assunto toda vez que ela perguntava o porquê do convite.

Hoje pedi para que o meu pai tirasse uma folga do trabalho e ficasse em casa comigo. Disse que estava sentindo falta de passar um tempo com ele. Bom, é claro que ele não caiu nessa, mas ficou mesmo assim. Agora nós estamos aqui, abraçados no sofá, assistindo há um filme de ação aleatório que estava passando quando ligamos a TV. Seu Carlos ainda está desconfiado, me olhando de relance enquanto eu acaricio seu cabelo preto com alguns fios grisalhos. Eu faria um comentário sarcástico sobre o cabelo branco, mas acho que já basta para ele hoje.

Ouço a campainha tocando e levanto num reflexo imediato que acaba assustando o meu pai. Guilherme, Fernanda e a minha mãe estão aqui.

- Oi, filha. - minha mãe me puxa para um abraço - Fiquei preocupada quando você me chamou. - ela me solta e segura o meu rosto com as duas mãos, me encarando por sobre os óculos escuros, aqueles modelo John Lennon - Aconteceu alguma coisa?

- Cíntia? Você por aqui? - meu pai a está encarando agora. Se ele não estivesse tentando disfarçar, diria com certeza que está achando ela atraente. Também pudera, minha mãe parece ter se arrumado mais que o normal para uma simples visita à sua filha. Está usando um daqueles seus vestidos longos de tecido leve, as pulseiras e colares feitos por ela mesma enfeitando os braços e o pescoço. Poderia facilmente ser confundida com uma irmã mais velha caso saíssemos juntas.

Passada a troca de olhares intensos e constrangedores, ela tira os óculos e diz:

- Oi Carlos... Vim apenas porque a Karen me chamou.

- Chamou, é?

- Então... - eu quebro o silêncio que se formou depois que os meus pais começaram a me encarar, esperando por respostas. - Eu quero ter uma conversa com vocês.

- Conversa? Que conversa? Aconteceu alguma coisa?

Meu pai fica tenso, mas minha mãe permanece serena.

Todos os três entram e se acomodam no outro sofá.

- É um assunto complicado... - eu começo - Não sei por onde começar.

Minha mãe perece perceber pela minha expressão que o assunto é realmente delicado, então lança uma daquelas frases de traseira de caminhão:

- Do começo. - diz ela - Quanto mais rápido for, menos vai doer.

- Doer? - meu pai se remexe - Espere, do que vocês estão falando? Karen, filha, por favor, não me diga que... Não me diga que você está grávida.

Guilherme solta uma risada contida.

- Não! Não, não, claro que não, pai. Meu Deus.

Ele suspira aliviado.

- Ah, que ótimo. Ótimo. Você não tem mesmo que pensar nessas coisas agora. Quer dizer, para mim você não deveria pensar nunca, mas eu sei que uma hora os hormônios falam mais alto e...

- Pai!

- Ok, ok. O que você tem mesmo para nos dizer?

Troco um olhar com o Gui. Sem falar nada, ele tira o seu celular do bolso e o entrega para mim.

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