– O quê? Não! Isso está errado. Não fui eu, eu juro! Não sei como isso veio parar aqui! – Rafael se defende
A diretora assume uma expressão de espanto, enquanto Jorge tira uma sacola plástica de dentro da mochila do Rafa com algo que eu acho que deve ser drogas, considerando que eu nunca vi antes a não ser na TV. Mas não pode ser verdade. Não o Rafa. Não o meu Rafa.
– Venha comigo, rapazinho. – diz Carmen, e sai.
– Não! – eu grito – Há algo errado. Um engano. O Rafa nunca faria isso!
Ele parece tão confuso e perplexo quanto eu, então apenas sustenta o meu olhar enquanto caminha para fora da sala.
Viro-me para o professor Antônio, praticamente implorando para ir com o Rafa, mas ele nega com a cabeça, ainda em silêncio. É claro que ele não deixaria. Mas eu preciso. Preciso ir lá e arranjar uma maneira de provar que isso tudo não passa de um mal entendido, mesmo que eu não tenha provas. Por que eu sei, eu sei que o Rafa nunca faria isso. Claro que não. Então como aquilo foi para lá?
O sinal toca, mas eu continuo sentada no meu lugar, encarando a parede, enquanto todos arrumam suas mochilas e saem, cochichando uns com os outros sobre o ocorrido.
– Hey... – Fernanda toca as minhas costas – Vamos.
– Eu não vou.
– Como assim não vai?
– Não vou. Preciso ficar aqui com o Rafa.
Guilherme suspira.
– Como ele pôde? – ele cruza os braços
– Mas não foi ele! Claro que não foi! – disparo
– Desculpa aí, Ka. – diz Fernanda – Mas estava na mochila dele!
– Então se eu colocar uma arma na sua mochila, isso faz de você uma traficante ilegal de armas?
– Você está insinuando que alguém colocou aquilo na mochila dele?
– Sim. Eu tenho certeza. Só não sei quem foi.
– Tem provas? – Guilherme ergue uma sobrancelha
– Não.
– Então isso não muda nada.
– Olha aqui, se vocês não vão ajudar, por favor, não atrapalhem. – digo friamente – Podem ir embora.
Eles se entreolham e vão sem dizer nada.
Acho que só agora, com a sala vazia, a ficha cai de verdade para mim. O que a diretora vai fazer? Expulsá-lo da escola injustamente? Eu não posso deixar isso acontecer.
Jogo a minha mochila sobre o ombro e troto em direção à diretoria. Os corredores estão vazios e silenciosos, o que só me deixa mais irritada. Nunca gostei muito do silêncio, porque ele faz os meus pensamentos parecerem mais altos e sufocantes.
Paro em frente à porta, ouvindo a conversa deles lá dentro.
– Por favor, acredite em mim! Eu realmente não sei como isso foi parar lá. – é a voz do Rafa
– Você deveria parar de mentir, rapaz. Já está mais do que provado. – Carmen diz
Ouço-o suspirar.
– Me responda: Como conseguiu vender as drogas por aqui durante tanto tempo sem que ninguém descobrisse?
– Mas não fui eu, caramba!
– Ei, ei. Mais respeito comigo, garotinho. – ela o repreende – Você já está encrencado o suficiente e um pouco mais. – um barulho de cadeira arrastando – Agora eu vou ligar para os seus pais.
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Páginas da Minha Vida [Completo]
Teen FictionKaren é uma adolescente autêntica que levava uma vida normal em São Paulo até que, com a separação dos pais, precisou mudar de cidade. Com isso a sua vida vira do avesso, o que surpreendentemente acaba não sendo tão ruim assim. Quando ela conhece n...