Capítulo 17 - Eu e a minha sorte

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"Aprendi que existem coisas boas no mundo, se você procurar por elas. Aprendi que nem todo mundo é uma decepção, incluindo eu mesmo." (Por lugares incríveis - Jennifer Niven)

Terça feira.

Droga, hoje tem aula. Acho que vou fingir que perdi a hora.

– Karen, levanta logo pra não se atrasar! – Irene grita batendo na porta

Droga.

Arrasto-me pela cama e fico de pé, não sei como. Encaro o meu reflexo no espelho e me recuso a acreditar que esse rosto inchado e cheio de olheiras seja mesmo o meu.

Tomo um banho não muito rápido nem muito demorado, e minutos depois estou pronta para a aula.

– Bom dia. – meu pai diz enquanto come um pão e tenta fazer um nó na gravata ao mesmo tempo. Ele sempre faz isso.

– Bom dia. – respondo enquanto tento comer algo, mesmo sem sentir fome. Apenas para que o Seu Carlos não comece uma palestra.

Minutos depois estamos no carro. E antes que eu perceba, já cheguei na escola.

– Parece que agora o seu despertador não dá mais problema, não é novata? – diz o porteiro, com um sorrisinho brincalhão no rosto.

– Pois é, Jorge. – forço um sorriso leve.

Subo as escadas preguiçosamente, entro na sala de aula e sento na última carteira da fila que fica do lado da parede. É bom para dormir na aula de matemática.

O professor Elias está demorando a chegar na sala, por isso os alunos estão dispersos, conversando uns com os outros. Percebo que Fernanda e Guilherme conversam sobre algo que eu não consigo ouvir, e que o Rafael ainda não chegou.

– Bom dia. – ouço a voz de Elisa do meu lado e reviro os olhos. Será que ela não cansa?

Não respondo.

– Bom dia. – ela repete irritantemente. Só pode estar me testando.

– O que você quer, garota? Saber como foi a minha noite? – pergunto ironicamente

– Não estou interessada em saber como foi a sua noite. – ela diz

– Ótimo. Então porque não volta para a sua turminha?

– Eu só queria dizer que...

– Eu não estou interessada em saber o que você tem a dizer. – digo sorrindo sarcasticamente. Adoraria ter o prazer de dar uma bofetada na cara dela, mas só ver essa expressão no seu rosto já me deixa satisfeita, por hora. 

– Você é uma idiota.

– Obrigada.

– Olha só... – ela levanta um dedo e eu a interrompo novamente

– Garota, vê se entende uma coisa de uma vez por todas: Eu cansei dessa nossa briguinha de gato e rato. Quantos anos você tem? 11? – respiro fundo – O que você queria não era me ver longe do Rafael? Então parabéns. – bato palmas – Você conseguiu.

Ela me olha por alguns instantes com uma expressão que eu não consigo definir. Até que o professor entra na sala.

– Bom dia. – ele joga os livros em cima do birô – Abram os livros na página 129! – todos obedecem.

Elisa sai de perto de mim e anda até o seu lugar, ainda sem falar nada.

Como toda aula chata que se preze, essa pareceu durar uma eternidade. Mais ou menos um século depois, o sinal toca. Aula de literatura. A professora Marta também é muito legal, ela parece sempre estar feliz com o próprio trabalho. Não sei como, porque se fosse eu a professora dessa turma, desistiria do emprego.

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