Capítulo 43 - A lista / parte 2

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"A vida é uma grande, uma gigantesca confusão. Mas essa é também a beleza dela." (Se eu ficar – Gayle Forman)

No dia seguinte...


– Esse é o Eric?

Fernanda balança a cabeça em afirmação.

– Ahã.

À nossa frente, sentado num banco do lado da cantina, um pouco parecido com o que eu e os meus amigos costumamos ficar todos os dias, está Eric, um cara alto, forte, lindo, e forte, e lindo novamente. Ele está cercado por duas garotas que falam e mascam seus chicletes sem parar, olhando-o como se ele fosse um pedaço de carne e elas estivessem sem comer a dias.

– E aí? O que a gente faz? – Guilherme pergunta

– Nos aproximamos. – Fernanda dá de ombros e simplesmente sai andando até lá

Eu e o Gui nos entreolhamos, hesitantes, mas vamos com ela mesmo assim.

– Hey. Podemos sentar aqui?

Eric nos olha e responde que sim, com a sua voz surpreendentemente grossa.

– Eu sou Fernanda. Esse é o meu namorado Guilherme, e a minha amiga Karen.

– Eric. – ele acena com a cabeça. Disso nós já sabemos. – Essa é a Mariana. – ele aponta para uma das garotas, a do cabelo enrolado. – E essa é a Mariana. – aponta para a outra, do cabelo lambido.

– Charáas! – elas cantam/falam/gritam em uníssono

– Então, onde nós paramos mesmo? – Mariana 1, a do cabelo enrolado, pergunta.

– Ah, sim. Aí quando eu entrei no quarto, ela estava praticamente sem roupa, e eu fiquei tipo: Puta que pariu! – Eric começa a falar, gesticulando, enquanto as Marianas o ouvem atenciosamente, fazendo pausas apenas para rir e dizer o quanto ele é engraçado. Ele simplesmente ignora a nossa presença.

E foi tudo como, no fundo, a gente imaginou que seria. Ninguém falou nada relevante. Não conseguimos arrancar nada do Eric, e eu tive que sair de perto deles antes de perder a cabeça e estourar aquelas malditas bolas de chiclete irritantes na cara das Marianas. Igor, o garoto sombrio do 2º ano, nem se deu ao trabalho de tirar os fones de ouvido para nos dar atenção. E a Francielle, a última da lista, é uma garota meio maníaca por limpeza, eu acho, não sei muito bem, mas ela quase teve um ataque cardíaco quando viu uma mancha de ketchup na camisa do Gui, que caiu da pizza que ele tinha comprado na cantina, pizza essa que, segundo a Fernanda, tem "gosto de ensino médio".

Então nós voltamos para a sala, cabisbaixos, tristes pelo plano fracassado. Por mais que eu tente, não consigo pensar em nada que eu possa fazer para ajudar o Rafa. E se tem uma coisa que eu odeio nessa vida é me sentir impotente. E é exatamente essa a situação. 

+ + +


As duas aulas de Literatura passam sem que eu perceba, a professora Marta falando sem parar sobre as drogas e o livro que ela nos recomendou na semana passada.

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Aula de Geografia. China. Socialismo. Mao Tsé-Tung. Mas eu não consigo me concentrar em nada. O Rafa vai ser expulso e eu vou apenas assistir. Impotente.

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Mais uma aula se vai. Eu levanto para arrumar as minhas coisas assim que o sinal toca, mas o professor Antônio me pede para ficar. Fernanda e Guilherme me lançam o olhar de "uh, boa sorte", e saem, me deixando mais nervosa ainda. 

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