"– De perto tudo é mais feio. – disse ela
– Não você. – respondi sem pensar." (Cidades de Papel – John Green)
– Já estou começando a ficar preocupada. – assumo
Durante um bom tempo, eu e Rafael permanecemos sentados no corredor, aguardando os pombinhos briguentos. Ele tinha buscado seus fones de ouvido, então nós ficamos assim pelas duas horas que se seguiram, sentados um ao lado do outro, curtindo a sua playlist de muito bom gosto. Nós gostamos praticamente das mesmas músicas, e ele chegou até a me mostrar umas ótimas que eu não conhecia antes, e com certeza vou passar a ouvir incansavelmente até que nem mesmo o Mint aguente mais ver sua dona cantarolando canções do Imagine Dragons pela casa.
Mas quando os nossos ouvidos já estavam um pouco doloridos e as músicas acabaram, eu olhei a hora e vi quanto tempo tinha se passado. E eu não ouço mais os gritos da Fê pedindo para que abram a porta, o que pode ser bom, assim como pode ser ruim.
– Não acha que eles estão muito quietos?
Rafael faz impulso e fica de pé, me ajudando a levantar logo depois.
– Acho.
– Será que devemos abrir a porta?
– Bom, eles estão aí há um bom tempo, então temos três alternativas: 1) Eles se mataram. 2) A Fernanda matou o Gui e está tentando esconder o cadáver. 3) Os dois estão fazendo coisas que nós provavelmente não gostaríamos de ver.
Eu o empurro com o ombro.
– Espero que não seja nenhuma dessas alternativas.
Ele sorri, depois bate duas vezes na porta.
– Tem alguém vivo aí?
– Podem abrir agora! – a voz é da Fernanda. Ela não parece brava. Ah, será que deu certo?
A porta é aberta. Graças às forças superiores, Guilherme e Fernanda estão aninhados no sofá, aparentemente bem, o que me faz soltar um suspiro de alívio.
– Que bom que vocês se acertaram. Pensei realmente que fosse sair daqui num caixão.
– Uh, nem me fale em caixões. – diz Guilherme
Fernanda torce o nariz.
– Nossa, vocês são muito dramáticos. Até parece que eu sou um monstro. – ela sorri meigamente – Eu sou um doce, tá?
Guilherme ri sarcastimente.
– Ah, claro. Um doce.
– Tão doce quanto limão com sal. – diz Rafael
Todos olhamos para ele.
– Limão com sal?
– É. Uma vez um primo meu me fez experimentar essa mistura. Não é nada, nada bom. Nunca queiram experimentar também. – ele balança a cabeça
– Pode deixar. – Guilherme zomba
Eu caminho até o outro sofá do quarto, que fica de frente para a televisão, e sento. Rafael deita no chão e literalmente joga as pernas ao meu lado, por cima do sofá.
– E aí, o que nós fazemos agora? – pergunta ele
– Jogamos vídeo game? – Guilherme sugere
Reviro os olhos e posso sentir todos fazerem o mesmo, quando dizemos:
– Não, né!
– Por mim eu posso ficar aqui fazendo nada por um bom tempo. – Fernanda se aconchega nos braços do Gui
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Páginas da Minha Vida [Completo]
Teen FictionKaren é uma adolescente autêntica que levava uma vida normal em São Paulo até que, com a separação dos pais, precisou mudar de cidade. Com isso a sua vida vira do avesso, o que surpreendentemente acaba não sendo tão ruim assim. Quando ela conhece n...