Capítulo 28 - Amigos?

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"— Vou dar um jeito nisso. 

— Não. Deixe pra lá. Não vale a pena. 

— Você vale a pena — ele disse, ferozmente, olhando-a. — Você vale a pena." (Eleanor & Park - Rainbow Rowell)


As semanas passaram rápido.

Meus dias em São Paulo se resumiram a tardes de filmes com as minhas amigas, fofocas intermináveis e noites do pijama. Foi o suficiente para matar a saudade, visto que elas virão me visitar no final desse ano. Agora eu já estou em casa, e infelizmente hoje é segunda. Segunda = aula chata/Bruxa Matilde. Preciso dizer mais?

É uma espécie de lei do universo: sempre vai existir aquele professor chato que te tira a paciência, e vice-versa. Assim, você torce mentalmente para ele mudar de emprego ou se aposentar, e ele provavelmente torce para que você mude de escola e o deixe em paz. Teoria da vida letiva.

Acho que estou evoluindo, porque mais uma vez acordei na hora certa. (Pausa para a salva de palmas).

 Já tomei banho e me aprontei, estou apenas esperando o meu pai que provavelmente deve estar falando/babando ao telefone com a Elena. Arg!

Como ele estava demorando, decido tentar fazer algum penteado decente na minha juba, mais conhecida como cabelo.

 O celular apita.

Rafael: A Ju tá morrendo de saudades de você! E eu também... rsrs :)

Sorrio ao ler a mensagem, mas decido não responder. Melhor não.

– Vai ficar aí rindo para o celular? – meu pai aparece na porta do quarto, girando as chaves do carro no dedo indicador.

– Ata, né! Até por que sou eu que fico horas namorando pelo telefone.  

– Não me provoque, ou eu te deixo ir a pé para a escola. – ele brinca

– "Oh Elena, você é tão linda..." – imito a voz dele fazendo um "telefone" com os dedos.

Ele para na minha frente e me encara com uma cara expressão dura.

– Ok, ok. Parei. – levanto os braços em rendição

Ele ri e beija a minha testa.

– Vamos.

Chego na escola e sento no lugar de sempre: penúltima carteira da fila que fica do lado da parede (estrategicamente escolhida para dormir durantes as aulas de matemática), atrás do Gui e da Fê. Eles não estão se falando direito, e percebo que trocam olhares estranhos.

 Pelo canto do olho, vejo Henrique sentado na fila do outro lado da sala, acenando para mim. Eu finjo não ver.

– Bom dia. – Matilde entra na sala com o seu mau humor matinal e sua cara feia de sempre.

– Bom dia. – a turma responde, todos ainda com cara de sono e de quero-minhas-férias-de-volta

– Vejo que temos um aluno novo... – Ela olha para Henrique. Como o notou tão rápido? – Apresente-se.

– Henrique Dias. – Ele diz sorrindo. Nunca foi tímido, e não seria isso que o deixaria acanhado.

Elisa e boa parte da sua "tropa cor-de-rosa", suspiram em reação ao menor sinal de movimento que ele faça.

– Bem vindo, Henrique. – a professora diz, se esforçando para ser simpática.

– Valeu. – ele agradece, causando mais suspiros das garotas purpurina. Eca!

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