Capítulo 18 - Nem tudo é como parece

7.4K 611 64
                                    

"A vida é um saco. Essa é a mais pura verdade. Mais uma coisa que eu não entendo: por que todo mundo sempre tenta fingir ser o que não é?" (A mais pura verdade - Dan Gemeinhart).

Se já era ruim ter que aguentar Elisa na escola, aguentá-la às tardes será uma espécie de castigo. Estou começando a me acostumar com as torturas diárias.

– Na sua casa ou na minha? – pergunto. Ela está de costas para mim conversando com suas amigas água com açúcar, mas vira assim que ouve a minha voz.

– Na minha.

– Horário?

– Duas horas. 

– Três. 

– Combinado, então. – ela diz e sai

Mais uma vez, vou de pé para casa. Desvantagens de estar brigada com Fernanda. Quando chego, meu pai está lendo seu jornal.

– Você vai sair hoje? – ele pergunta

– Por quê?

– É que eu e Elena vamos sair, e depois viremos para cá. E... Bom... Queremos privacidade.

Começo a imaginar o que eles farão com essa "privacidade", mas logo afasto meus pensamentos. Não é legal ficar pensando no seu pai se atracando com outra mulher.

– Sim, eu vou sair hoje.

– Ok. – ele volta sua atenção para o jornal.

– Não vai perguntar para onde eu vou?

– Provavelmente, se encontrar com o skatista juvenil. Certo?

Eu tinha esquecido de contar para ele sobre o meu rompimento com o Rafael, mas prefiro deixar isso para depois.

– Não. Fazer um trabalho da escola na casa da Elisa. Uma garota da minha turma que o senhor não conhece.

– Ok.

– Não vai dizer: "Juízo!"? – pergunto imitando sua voz.

– Não precisa. – ele levanta, pega as chaves do carro na estante e me dá um beijo na testa. – Agora tenho que resolver umas coisas.

– O senhor mudou bastante desde que conheceu essa Elena...

– É o amor, querida. – ele sorri e fecha a porta.

Não estou gostando nada disso...

+  +  +

Algum tempo depois, cá estou eu largada no sofá terminando de ler As Vantagens de ser Invisível e comendo pipoca.

Ding dong

Arrasto-me do sofá e abro a porta. Fernanda está encostada na parede, e logo fica em pé de novo quando me vê.

– O que você quer?

– Falar com você. – ela responde

Penso por um tempo, depois digo:

– Entre. 

Ela entra e eu fecho a porta. Sento no sofá. Cruzo os braços.

– Pode começar. – digo

– Primeiro. Você está parecendo um zumbi. – ela diz, provavelmente se referindo as minhas olheiras.

– Você veio aqui para falar comigo ou fazer comentários sobre a minha aparência?

Ela não responde

– Ponto para mim.

Ela revira os olhos.

Páginas da Minha Vida [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora