Capítulo 9 - Namorados?

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"Algumas pessoas nesse mundo você só consegue amar e amar e amar, não importa o que aconteça." (O Teorema Katherine - John Green)

As semanas passaram mais rápido que o esperado. O período de provas já acabou, e eu acho até que me saí bem. Eu e o Rafael estamos, bemm... hm... juntos. Pelo menos eu acho que é isso. E, para a minha alegria, a Fernanda e o Guilherme também. O meu aniversário é hoje e eu simplesmente não consigo me segurar de tanta ansiedade. Tá aí um dos meus piores defeitos.

– Como vai ser isso mesmo, filha? – meu pai perguntou, pela milionésima terceira vez

– Eu já disse, pai. Não quero festa grande. Só preciso que mais tarde o senhor saia pra fazer alguma coisa qualquer e libere a Irene mais cedo, por que eu e os meus amigos queremos privacidade.

– Sinceramente não sei de que parte da sua cabecinha juvenil você tirou que eu deixaria um bando de jovens exalando hormônios sozinhos na MINHA casa. – ele dá uma risadinha sarcástica, e pega as chaves do carro na mesa de centro

– Mas pai... – apelo para uma carinha de triste que eu sempre faço quando preciso de algo, no geral ele nunca resiste. Mas hoje resistiu.

– Sem "mais pai" nem "menos pai". Quando eu chegar a gente conversa. Volto já. – ele fecha a porta e sai sem me dar chance de resposta.

Mas como assim? Hoje é sábado, meu aniversário, e meus amigos nem sequer vieram me visitar. Nem a Fê! Custa pelo menos dar uma ligada?

Sabe aquela sensação de abandono? É isso que eu estou sentindo agora. Ok, posso até estar sendo dramática. Mas por que parece que hoje todos simplesmente esqueceram de mim? Resolvo entrar no chat com as minhas amigas para tentar sair daquele tédio trágico.

CHAT – AMIGAS

Karen ficou online

Amanda: Parabéns pra você, nessa data querida... ♪ ♥

 Priscilla: Parabéns, sumida!

Bianca: Parabéns, Ka! <3

Karen: Obrigadaa! ♥ É claro que eu não esqueci vocês, só estava sem tempo.

Priscilla: Hm... "sem tempo"... Será que você não tem algo para nos falar?

Karen: Bom, eu estou com um garoto. Aquele Rafael que eu falei. Quer dizer, nós não estamos namorando ainda.

Amanda: "Ainda..."

Priscilla: Olha só kk Desconfiei desde o princípio.

Bianca: Sem citações do Chapolin Colorado, Priscilla. Por favor kkk

Priscilla: Bom, que pelo menos ele não seja como o Henrrique! Porque se ele te fizer sofrer eu arranco o que ele mais tem de precioso. Vocês sabem muito bem o quê.

Karen: kkk Ele não é como aquele idiota, pode ficar calma. Não vai precisar arrancar nada de ninguém.

Amanda: Amiga, a gente queria muito poder ir te visitar hoje, mas não vai dar. :/ Acho que só no final do ano.

Priscilla: É, por que eu vou visitar a minha prima aí no Rio. E a minha mãe falou com a mãe da Amanda e a da Bianca, e elas vão poder ir comigo.

Karen: Ahh, vai demorar muito! D: 

Bianca: Nem tanto. Nós estamos no meio do ano, e geralmente passa rápido.

Karen: Espero mesmo... Olha, agora preciso ir. Acho que o meu pai chegou. Vou tentar convencer ele a me deixar comemorar o meu aniversário em casa com os meus amigos. De preferência sem ele por perto.

Priscilla: Xi... Tá difícil! Kkk

Karen: Me desejem boa sorte! Kkk

Karen ficou off-line

– Vem, filha. – meu pai entra no meu quarto e me puxa pela mão.

– Peraí, pai. Pra onde nós vamos? Daqui a pouco os meus amigos chegam aqui.

– Comprar o seu presente de aniversário, ué. Mas se você não quiser tudo bem pra mim... – ele me solta

– Bom, neste caso eu posso fazer esse esforço. – pego o braço dele e coloco sobre o meu de novo.

Ele sorri e nós vamos para o carro. Um tempo depois, quando chegamos no Shopping, ele me leva direto para a livraria.

– Apenas três. – diz ele, ao percer a minha cara de entusiasmo ao entrar naquele paraíso literário.

– Mas só três?

– É pegar ou largar. – ele estende a mão para mim como um empresário que acabou de fechar um negócio, mas eu o puxo para um abraçado. Não poderia ganhar presente melhor. 

Depois de um bom tempo observando e cheirando alguns livros (Sim, eu gosto de sentir o cheiro dos livros) finalmente escolhi os três e meu pai os comprou. Ainda fomos tomar um sorvete, e eu estava calma e feliz mesmo sabendo que iria ter que tomar um banho recorde e me arrumar mais rápido ainda antes que a galera chegasse lá em casa.

– Vamos, aniversariante? – meu pai diz jogando a o guardanapo no lixo.

– Vamos. – dou um sorriso largo. 

Ao chegar no apartamento, meu pai parecia estar incomodado com algo, mas eu nem perguntei o motivo porque estava extremamente ocupada mentalizando todas as roupas que eu tenho e escolhendo qual eu vestiria hoje. Quando entramos em casa, vejo tudo apagado. Talvez a Irene já tenha ido embora. Acendo a luz.

– Mas o que... – antes que eu consiga terminar a frase, a bolsa com os livros cai da minha mão, tamanha é a minha surpresa. 

Todos os meus amigos estão aqui, inclusive a minha mãe. O que eu não entendo é que alguns deles estão segurando várias cartolinas brancas. Eu vejo daqui a Fernanda, o Guilherme, o Lucas, o Vinicius e o Daniel (os três últimos são todos amigos do Rafa).

Quando abro a boca para falar algo, a Fernanda pressiona um dedo sobre os lábios me pedindo para não falar, e eu obedeço. O Gui liga o som. Começa a tocar a minha música preferida.

Me fiz em mil pedaços, pra você juntar

E queria sempre achar explicação pra o que eu sentia... ♪

E então eles começam a virar os cartazes. Em cada cartaz eu vejo uma palavra, que eu vou lendo aos poucos e formulando frases. "Marrentinha, acho que desde o primeiro dia que te vi percebi que você era diferente das outras garotas. Por isso é tão especial para mim. E como você mesma me disse uma vez: Eu escolhi você, e vou estar ao seu lado mesmo que não queira. Então... eu escolho você." Se eu tentasse explicar o que estava sentindo naquele momento, com certeza seria em vão. Por que palavras não definem a minha surpresa. E alegria. Como eu pude pensar que eles tinham esquecido de mim?

Até que, por fim, Fernanda vira o último cartaz. "Quer namorar comigo?" E o Rafa aparece não sei de onde, com aquele sorriso lindo estampado no rosto e eu derreto toda. Acho que estou chorando, não sei muito bem. Olho ao redor e percebo que todos estão bastante felizes. A Fernanda está emocionada, e o Gui não para de olhar para ela. Minha mãe está tentando acalmar o meu pai que não parece muito a vontade com a situação. Volto a atenção para o meu carioca, que já está bem perto de mim, acariciando os meus cabelos. Perto o suficiente 

– Feliz aniversário, Paulista. – então ele me abraça. E agora sim eu tenho a certeza de que estou apaixonada.


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