Capítulo 57 - O fim é apenas o começo

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"Acho que devia haver uma regra que determinasse que todas as pessoas do mundo tinham que ser aplaudidas de pé pelo menos uma vez na vida, porque todos nós vencemos o mundo." (Extraordinário - R.J. Palacio)

Dois meses depois...

A primeira coisa que eu noto ao acordar é o cheiro inconfundível de ovos fritos e pão torrado que vem lá da cozinha - minha mãe insiste em continuar fazendo o mesmo prato para mim desde que a Irene ficou de férias. Não que eu ache isso ruim, muito pelo contrário, é o meu café da manhã preferido.

Levando da cama preguiçosamente e paro em frente ao espelho. Amarro meu cabelo num coque frouxo e suspiro encarando meu próprio reflexo. Meu cabelo já está maior, ele cresceu bastante desde que eu cortei boa parte para doar à Júlia.

Ainda lembro da expressão de orgulho no rosto dos meus pais quando contei para eles sobre minha iniciativa. E quando a Ju recebeu sua peruca? Nenhum dinheiro no mundo poderia pagar aquele abraço emocionado que eu recebi não só dela como também dos seus pais. Eles me disseram que serão eternamente gratos a mim, mas mal sabem eles que eu é que sempre serei grata por ter tido a oportunidade de conhecer essa garota que tanto me ensinou sobre a vida.

E o Rafa? Ah, nosso namoro não poderia estar melhor. Ontem mesmo ele me presenteou com um vestido branco de renda super fofo que irei usar hoje na festa da virada do ano. Não é demais?

"Para a minha namorada preferida", dizia no bilhete, "Isso porque você não é a única. Acho que está em 10º lugar minha lista de namoradas do ano, mais ou menos. Mas é claro que você não se importa com isso, né?" No verso: "Brincadeirinha. ❤ Cê sabe que eu te amo. Espero que goste do presente, Pequena. Do seu querido (e espero que único) namorado. Ass: Rafa."

Pois é, ele quase perde a namorada mas não perde a piada. Esse garoto não tem jeito...

O som da campainha tocando repetidas vezes me tira dos meus pensamentos.

- Karen! - ouço a voz da minha mãe da cozinha - Vem cá abrir a porta pra mim, por favor. Estou ocupada na cozinha.

Calço meus chinelos e vou até a sala. Quando abro a porta, Guilherme e Fernanda já vão entrando sem pedir licença e sentam no sofá.

- E aí, Paulista. - diz o Gui.

Bem na hora meu pai aparece saindo do quarto, usando seu roupão azul que o deixa bem parecido com aqueles pais dos comerciais de margarina. Eu já fiz piadas sobre isso várias vezes, mas ele não se incomoda. Apenas bagunça meu cabelo e diz que gosta de ser tradicional. E gosta mesmo.

- Bom dia, família!

Ele deposita um beijo nos lábios da minha mãe e outro na minha testa.

- Bom dia pra o senhor também. - diz Fernanda para o meu pai, jogando um beijo para ele com a mão. - Bom te ver.

Meu pai mostra a língua e pisca para ela.

- Vem cá - diz minha mãe enquanto põe as torradas na bandeja - Vocês não tem casa, não? Quero dizer, quase todos os dias vocês vem tomar café da minha aqui em casa desde que entraram de férias. Seus pais não reclamam de nada?

- Pois é - o Gui passa o braço pelos ombros da Fê e sorri cinicamente - É que a gente adora a sua companhia, tia Cíntia.

-... e sua comida também. - Fernanda completa.

- Se você me chamar de tia novamente eu coloco pimenta nas suas torradas. - minha mãe ameaça - Vocês sabem que eu não gosto. Me sinto velha.

Guilherme ergue os braços em rendição.

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