Capítulo 49 - A namorada do meu pai

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"As coisas que você quer são aquelas que te destroem no fim." (Will & Will - John Green e David Levithan)

O Antônio continua me emprestando seus livros. Arrisco dizer que nós estamos criando uma espécie de amizade, tanto quanto é possível para um professor e uma aluna. Ás vezes ele me aborda na hora no intervalo ou no fim das suas aulas, quando temos o último horário de Geografia, e aí nós ficamos discutindo sobre o livro. Ele pergunta se eu gostei da história, aí nós passamos nosso tempo falando sobre porque-o-personagem-fez-isso, acho-que-essa-é-a-moral-da-história, etc. Ontem, quando nós estávamos envolvidos em mais uma dessas conversas, do nada ele me interrompeu e perguntou se eu tinha visto a professora Joana. Eu respondi que não, não a vi depois da aula, aí ele disse, meio triste: "Ah, será que ela já foi embora?". Isso me deixou curiosa, então eu quis saber o porquê do interesse, só que ele enrubesceu e disse que não era nada demais.

- Você está interessado na Joana? - eu perguntei, me segurando para não rir do nervosismo dele.

- Shh! Não fala alto!

- Onnnnw! Meus professores preferidos juntos. Adorei! - bati palmas

- O fato de eu estar interessado nela não quer dizer que nós vamos ficar juntos.

- Ah, vão sim. Não seja pessimista.

- Como você pode ter certeza?

- É como uma vez alguém me disse. Tudo dá certo no final. - dei uma piscadela

Ele sorriu um pouco, balançando a cabeça.

- Você vai chamar ela pra sair?

- Pretendo. Mas ainda não sei muito bem onde posso levá-la...

- Leva ela para um restaurante! Vai ser super romântico.

Aí ele disse que não queria ir rápido demais, e eu respondi que ele não precisava se preocupar. Ele perguntou "E se nós ficarmos sem assunto?" Aí eu disse: "Vocês falam sobre algum assunto de História. É a matéria que ela ensina, então não tem erro. Ou você pode puxar assunto sobre política também. Ela adora." E ele respondeu: "Eu quero beijá-la, não passar a noite discutindo sobre corrupção." E no fim lá estava eu, dando conselhos amorosos para o meu professor de Geografia.

- Filha? - meu pai se materializa na porta do meu quarto

Meus dedos já estão doloridos de tanto escrever essa maldita redação sobre as drogas que a professora Marta nos obrigou a fazer, então eu paro um pouco e viro para ele.

- A Irene precisou ir embora mais cedo hoje. Parece que um dos filhos dela está com catapora. E você já conhece o esquema. Sem Irene, jantar. Então eu vou comprar alguma coisa pra a gente, ok?

- Ok. - eu concordo com a cabeça

- E eu espero de coração, que você tire aquele seu gato maluco de cima da minha cama. Eu não quero vê-lo lá quando voltar! - ele fecha a porta e se vai

O Mint realmente tem algum tipo de paixão platônica pela cama e os travesseiros do meu pai. Apesar de ter a sua própria almofadinha no meu quarto, ele sempre entra sorrateiramente no quarto do Seu Carlos quando ele sai para o trabalho. Por isso nós nem nos surpreendemos quando alguns travesseiros aparecem rasgados, ou quando meu pai vai dormir e sente algo úmido em baixo da sua cabeça, você já pode imaginar o quê. Ele sempre fica muito furioso com esse último.

Eu me arrasto até o outro o quarto e o meu gatinho está lá, rolando de um lado para o outro na cama, balançando a sua calda.

- Ei garotão. Você sabe que esse território é proibido, não é? - seguro ele com as duas mãos, depois o aconchego na sua própria caminha.

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