Um fato sobre mim: eu sou muito ciumenta. Mas não aquele tipo de ciúme doentio, em que a pessoa te segue, quer saber de todos os seus passos e te liga a cada minuto, mas cara, não olha para o que é meu e preserve a sua própria vida. Apenas.
Ou melhor, o que era meu.
Tenho que admitir que o lance do cabelo verde foi uma loucura da minha parte. Mas é aquele tipo de loucura que vale a pena, porque nada supera aquela cara de massinha amassada da Vitória. (Pausa para a risada maléfica)
Mas o Gui e eu continuamos brigados. Agora estou aqui, jogada no sofá, e a minha única vontade é de ir até a sua casa pra que a gente pudesse jogar vídeo game juntos. Para que eu pudesse perder para ele, como sempre acontece. Mas não, o meu orgulho fala mais alto. E o pior é que eu nem posso passar a tarde com a Ka, porque ela disse que iria ao cinema com o Rafa.
Hm... Acho que preciso ler.
Vou até o meu quarto. Toco levemente todos os livros da minha estante, a procura de um que eu ainda não tenha lido. Resolvo escolher A menina que roubava livros.
Nada como um pequeno drama para me mostrar que existem pessoas com problemas maiores que os meus. Eu costumo fazer isso, sabe? Quer dizer, não sou do tipo de pessoa que gosta de passar dias em casa chorando e reclamando da vida porque algo deu errado. A tristeza é inevitável ás vezes, mas você é que escolhe se fica na foça ou não. Não que seja bom pensar nas dificuldades alheias, mas assim eu acabo entendendo que o mundo não gira em torno de mim.
Meus pensamentos filosóficos são interrompidos pelo som da campainha. Reviro os olhos. Quem deve ser? A Ka com certeza deve estar debruçada sobre uma montanha de roupas nesse momento, escolhendo o que usar para a saidinha com o novo "amigo". Já o Gui... Bem, ele não teria a cara de pau de vir aqui. Teria?
Então eu abro a porta. E, meu Deus, como eu queria que vocês estivessem aqui para presenciar essa cena. Os olhos azuis mais lindos da história do universo estão bem aqui na minha frente. E isso é estranho. Quer dizer, não é sempre que você está sozinha em casa e um garoto estranho, porém comicamente lindo toca a sua campainha. Espere, eu acabei de dizer comicamente? Arg. Resultado da convivência de uma vida inteira com o Gui.
Mas voltando ao assunto do Deus Grego desconhecido... Quem é essa beldade? Ele está segurando algo nas mãos, mas eu não vi direito o que é porque a minha atenção está completamente voltada para o seu cabelo loiro. E a sua pele branca. E esse sorriso q...
– Oi. – diz ele
Oh my good! Recomponha-se, Fernanda.
– O-oi.
– Então... Hm... Meu nome é Felipe.
O jeito que ele fala é tão fofo!
– Oi, Felipe. – você já disse oi, burra! – Meu nome é Fernanda.
– Oi, Fernanda. – Outro oi?
Ele sorri. Os atores dos comerciais da Colgate com certeza invejariam esse sorriso.
– Acontece que eu recebi a sua correspondência por engano. – ele levanta o envelope (agora eu sei que é um envelope) e lê alguma coisa nele. – Aqui mora alguma Lúcia?
– Mora sim. Sou eu. Quer dizer, n-não. Eu sou Fernanda. Certo, eu já disse isso. Lúcia é a minha mãe, na verdade. – disparo
Dessa vez ele dá uma risada contida.
Outro fato sobre mim: eu sou um basicamente o desastre em pessoa quando estou nervosa. A parte boa é que eu raramente fico nervosa. Mas como não ficar assim quando se está na frente de um garoto estupidamente perfeito?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Páginas da Minha Vida [Completo]
Ficção AdolescenteKaren é uma adolescente autêntica que levava uma vida normal em São Paulo até que, com a separação dos pais, precisou mudar de cidade. Com isso a sua vida vira do avesso, o que surpreendentemente acaba não sendo tão ruim assim. Quando ela conhece n...