Capítulo 30 - Entre falar e fazer

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"Quando os adultos dizem: "Os adolescentes se acham invencíveis", com aquele sorriso malicioso e idiota estampado na cara, eles não sabem quanto estão certos. Não devemos perder a esperança, pois jamais seremos irremediavelmente feridos. Pensamos que somos invencíveis porque realmente somos." (Quem é você, Alasca? – John Green)


 Os alunos continuam rindo.

Eu até consigo imaginar a cena: Vitória lavando os cabelos ontem (ou esta manhã, não sei), e parando abruptamente de passar condicionador nas madeixas ao perceber sua coloração estranha. Isso porque seu cabelo não está totalmente colorido, talvez uma mistura do preto, sua cor natural, e do verde, cortesia da Fê. Só não consigo entender porque ela veio para a escola. Quer dizer, se o meu cabelo estivesse verde eu não iria querer que me vissem assim, certo?

Ela senta no seu lugar, uma fileira de distância do meu. Bárbara vem até ela e senta ao seu lado, provavelmente tentando entender o que aconteceu. Daqui eu consigo ouvir a conversa das duas.

– O que aconteceu com o seu cabelo?! – Bárbara afasta uma mecha cacheada do seu próprio rosto

– Eu não sei. Não entendo, hoje de manhã eu fui lavar o cabelo, e quando passei condicionador... Ele estava verde. Então enxaguei e enxaguei, mas não saia de jeito nenhum. – ela choraminga – Será que vai ficar assim pra sempre?

– Se não sair, você pinta de preto por cima.

– Não quero esperar, vou fazer isso hoje mesmo. Eu não quero sair andando por aí com esse cabelo horrível.

Continuo fitando o quadro negro, ouvindo tudo.

– Mas por que você veio para escola? Mesmo depois... Disso. – É, Vitória. Por quê?

– Os meus pais... Você sabe, eles são rígidos. Acharam que eu fiz isso de propósito para chamar a atenção deles. Até parece! – ela soca a mesa – Eles nunca acreditam em mim. Eu ainda faço aquela droga de aula de violino, só pra agradar. Mas eles nunca parecem satisfeitos.

Pelo canto do olho, vejo Bárbara tocar o ombro dela.

Ok, agora estou me sentindo meio culpada.

Mas Fernanda continua não fazendo o mínimo esforço para esconder seu olhar de satisfação. Guilherme, que está sentado na frente dela, vira para nós.

– Vocês não... – ele olha para Fernanda, surpreso, e abaixa o tom de voz: – Foram vocês?

– O que você acha? – Fernanda provoca

– Acho que não preciso nem perguntar de quem foi essa ideia. – ele sorri

– Pois é. – ironizo

– Eu sei, sou muito criativa. Mas... Por favor, autógrafos só amanhã.

– Não acha que pegou meio pesado, Crazy?

– Qual é? Vai ficar defendendo ela agora? Por que não vai lá dar um beijinho para ver se ela fica mais feliz?

Ô casalzinho complicado...

Ele descansa o rosto sobre a mão, e olha para ela com um sorrisinho bobo estampado no rosto.

– Sabia que você fica linda com raiva?

Fernanda perdendo a paciência em 3,2...

– Ah, cale a boca! – ela dá um soco no braço dele – Não pense que nós fizemos as pazes por causa isso.

Tsc, tsc...

Quando ela estava prestes a dar outro soco nele, o professor Elias entra na sala, interrompendo o momento Fernanda Spider.

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