Capítulo 15 - Se decepção matasse...

7.5K 525 53
                                    

"Como a maioria dos sofrimentos, esse começou com uma aparente felicidade." (A menina que roubava livros - Markus Zusak)

- Precisa de ajuda? - Rafael diz, as mãos nos bolsos.

- Talvez.

Faz algumas horas que chegamos aqui, e desde então eu tento, sem sucesso, armar a droga da minha barraca. Os outros alunos estão espalhados por aí fazendo coisas que as pessoas fazem em acampamentos, como arrumar as barracas, fazer fogueiras (mesmo que ainda não seja noite), admirar o horizonte, fazer xixi no mato, etc.

- Pronto. - ele diz - Terminei.

- Obrigada. - dou um selinho nele.

- Cara, você viu a cachoeira que tem ali? - ele aponta para um lado da floresta onde eu não vejo nada, na verdade. Mas imagino que a tal cachoeira esteja escondida pelas árvores. - É demais!

- Não vi, mas pretendo.

- Me concede a honra? - ele diz se curvando e segura a minha mão. Eu rio.

- Hm... Por que não? - digo puxando uma parte do meu short como se fosse um longo vestido

- Então vamos. - ele segura a minha mão

- Eu só preciso falar com a Fê. É coisa rápida. Pode me esperar lá?

- Ok. - ele diz e sai

Saio à procura da Fê e não a encontro em lugar nenhum. Entro na mata, não muito longe de onde as barracas foram armadas, e avisto o Lucas e a Vitória se beijando às escondias. Rio da situação, não que seja engraçado, mas é fofo e todos da turma meio que já imaginam que eles gostam um do outro, por mais que não assumam.

Ando mais um pouco e bato o meu braço contra o de alguém.

- Pelos deuses do Olimpo! - alguém diz. - Não se pode ter privacidade aqui?

- Ai! - digo. Quando olho melhor, vejo que é o Guilherme e a Fernanda que estão ali. Parece que hoje é o dia da pegação ao ar livre.

- Ah, é você Paulista? - ele sorri meio sem graça.

- Deuses do Olimpo? - pergunto

- Mitologia grega. Não conhece?

- Claro que conheço, mas não parece uma gíria apropriada.

- Não é uma gíria, apenas uma expr....

- Será que vocês podem parar de discutir história? Obrigada. - Fernanda revira os olhos

- Eu estava procurando você, Fê. Pra falar sobre... - penso em começar a contar sobre o que a Elisa me disse hoje no ônibus do passeio, mas não é tão importante assim. - Deixa pra lá, depois eu digo. Podem aproveitar aí.

Decido não atrapalhar os pombinhos, e saio de perto antes que eles comecem a se beijar de novo. Quando sinto alguém segurar o meu braço.

- Sabe que eu não entendo como ele te aguentou por tanto tempo? - Elisa diz

- O quê? Do que você tá falando, garota?

- Eu sei de muita coisa que você não sabe, Paulista.

Paulista? Só quem me chama assim é o Rafa e os meus amigos. Quem essa garota pensa que é?

- Será que você pode parar de fazer charminho e dizer logo o que você quer? Eu tenho mais o que fazer. - digo

- Foi tudo uma aposta. Ele não gosta de você de verdade.

- O quê?

- Você tem problemas auditivos?

Páginas da Minha Vida [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora