30 Dias 30 Motivos - Babitan G!P

Sala do Sr. Vasconcelos

Deixem a estrelinha, please.

Mais um cap como prometido kkk vou postar outro mais tarde, é isso.

Boa Leitura.

POV. BÁRBARA
  DIAS 16 E 17
Pra compensar a ausência no encontro de sexta-feira, decido contar ao Sr. Jesus sobre Voltan.
Não pretendo mencionar o nome dela, mas preciso contar a alguém que não seja Coringa ou Isa, que só me perguntam se já ficamos ou me lembram da surra que vou levar de Bak Lessa se um dia eu fizer alguma coisa.

Mas, antes, o Sr. Jesus vai perguntar se tentei me machucar. Cumprimos essa rotina todas as semanas, e é mais ou menos assim:
JESUS : Olá senhorita Bárbara. Você tentou se machucar desde a última vez em que nos vimos?
EU : Não, senhor.
JESUS : Você pensou em se machucar?
EU : Não, senhor.

Aprendi por experiência própria que a melhor coisa a fazer é não falar o que realmente pensamos. Se não falamos nada, as pessoas concluem que não estamos pensando em nada além do que deixamos que elas vejam.
JESUS : Você está mentindo pra mim?
EU : Eu mentiria pra você, uma figura de autoridade?
Como ainda não desenvolveu senso de humor, ele me encara e diz:
— Espero que não.
Então decide quebrar a rotina.
— Sei sobre o artigo na Boatos da Loud.
Fico sem palavras por alguns segundos. Finalmente, digo:
— Você nem sempre deve acreditar no que lê, senhor.

Minha fala sai sarcástica. Decido deixar esse tom de lado e tentar mais uma vez. Talvez seja porque ele me deixou sem graça. Ou porque está preocupado e quer meu bem e é um dos poucos adultos na minha vida que me dão atenção.
— É sério. — Minha voz está embargada, e fica claro pra pra mim e ele que aquele artigo idiota me incomoda mais do que deixo transparecer.

Depois desse diálogo, passo o resto do tempo provando pra ele que tenho vários motivos pra viver. Hoje foi o primeiro dia que falei sobre Voltan.
— Então, conheci uma garota. Vamos chamá-la de Lizzy. — Elizabeth é líder do grupo de crochê. Ela é tão gente boa que acho que não se incomodaria se eu pegasse seu nome emprestado pra proteger minha privacidade.
— Nós duas acabamos ficando meio  amigas, e isso está me fazendo muito, muito feliz. Tipo, estupidamente feliz. Tipo, tão feliz que meus amigos não me aguentam mais.

Ele me analisa como se tentasse entender meu ponto de vista. Continuo falando sobre Lizzy e como  nós duas estamos nos dando bem e como tudo o que eu quero, é passar meus dias felizes por estar tão feliz, o que é verdade, até que finalmente ele diz:
— Tudo bem. Já entendi. Essa “Lizzy” é a garota do jornal? — Ele faz aspas com os dedos quando diz o nome dela. — A que salvou você de pular daquele parapeito?
— Possivelmente. — Me pergunto se ele acreditaria se eu dissesse que foi o contrário.
— Só tenha cuidado.
Não, não, não, Jesus. Você, justo você, deveria saber que não se deve dizer algo desse tipo quando alguém está tão feliz. “Só tenha cuidado” significa que a coisa toda vai ter um fim, talvez em uma hora, talvez em três anos, mas um fim. Por acaso ele ia morrer se dissesse algo como Estou feliz por você, Bárbara. Parabéns por encontrar alguém que faz você se sentir tão bem?

— Olha só, você podia só dizer parabéns e parar por aí.
— Parabéns.
Mas é tarde demais. Ele não pode retirar o que disse e agora não tiro o “Só tenha cuidado” da cabeça. Tento convencer meu cérebro de que o Sr. Jesus quis dizer “Só tenha cuidado quando fizerem sexo. Use camisinha”, já que ele sabe da minha condição, poderia dizer isso? mas, em vez disso, como cérebros têm ideias próprias, começo a pensar em todas as maneiras que Voltan Marzin pode partir meu coração.

Cutuco o braço da cadeira onde alguém fez três cortes. Me pergunto quem e como enquanto cutuco e tento silenciar meu cérebro pensando num epitáfio para o Jesus .
Quando percebo que não funciona, invento um pra minha mãe ( Eu era esposa e ainda sou mãe, mas não me pergunte onde meus filhos estão) e pro meu pai ( A única mudança em que acredito é se livrar de sua mulher e seus filhos, começar a vida com outra pessoa e ser um puto babaca, mas agora estou morto).