" 'Antes de morrer quero...' "

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Mais um hoje!
Só porque alguém me pediu kkkk e falou que me ama, foi o suficiente pra me convencer KKKKKK é isso.

Boa Leitura .

Pov. Voltan
145 DIAS PARA A LIBERTAÇÃO

Ela perde o desvio e passa por cima do canteiro central e chega ao outro lado, voltando à interestadual, seguindo na direção oposta. Em determinado momento, pegamos uma saída para
uma estrada calma de interior.
Seguimos por essa estradinha por mais ou menos um quilômetro e meio, Babi liga o rádio e canta junto. Batuca no volante do carro e entramos em uma cidadezinha que tem só umas duas quadras. Ela se debruça sobre o painel e diminui bastante a velocidade.
— Está vendo alguma placa?
— Aquela ali diz “Igreja”.
— Ótimo. Perfeito. — Ela vira e,depois de uma quadra, estaciona.
— Chegamos. — Ela sai do carro e vem até a porta do passageiro, abrindo-a e oferecendo a mão.

Andamos até uma enorme fábrica antiga que parece abandonada. Vejo algo que se estende por todo o muro.
Babi continua andando e para lá no fim.

Antes de morrer… está escrito no que parece ser uma lousa gigante. E embaixo das letras brancas gigantes estão colunas e mais colunas, linhas e mais linhas, que dizem: Antes de morrer quero —. E as lacunas foram preenchidas com cores diferentes de giz, tudo meio manchado e derretido por causa da chuva e da neve, em caligrafias variadas.

Nós duas andamos ao longo do muro, lendo. Antes de morrer quero ter filhos. Morar em Londres. Ter uma girafa como bicho de estimação. Saltar de paraquedas. Dividir por zero. Tocar piano. Falar francês. Escrever um livro. Viajar pra outro planeta. Ser um pai melhor que o meu. Gostar de mim mesmo. Ir pra Nova York. Conhecer a igualdade. Viver.

Babi esbarra em meu braço e me dá um pedaço de giz azul.
— Não tem mais espaço — digo.
— A gente arranja.
Ela escreve Antes de morrer quero e traça uma linha. Escreve de novo. Então escreve mais uma dúzia de vezes.
— Depois que completarmos todas, podemos seguir até a entrada do prédio e ir pro outro lado. É um bom jeito de entender exatamente por que estamos aqui.

Sei que com “aqui” ela não está se referindo à calçada.
Ela começa a escrever: Tocar guitarra como Jimmy Page. Compor uma música que mude o mundo. Encontrar o Grande Manifesto. Ter algum valor. Ser quem sou e ficar satisfeita com isso. Saber como é ter um melhor amigo. Ter importância.

Durante muito tempo fico só lendo, e depois escrevo: Parar de sentir medo. Parar de pensar demais. Preencher os espaços deixados pra trás. Dirigir de novo. Escrever. Respirar.

Babi está ao meu lado. Tão perto que consigo sentir sua respiração.
Abaixa e completa:
Antes de morrer quero viver um dia perfeito. Dá um passo pra trás, lendo o que escreveu, e então dá um passo à frente de novo. E conhecer o Boy Parade. Antes que eu possa dizer alguma coisa, ela ri, apaga, e substitui por: E beijar Voltan Marzin .

Espero ela apagar isso também, mas ela joga o giz no chão e tira o pó das mãos, esfregando-as na calça. Abre um sorriso provocante e fica olhando pra minha boca. Espero ela tomar iniciativa.
Digo pra mim mesma:  Ela que tente Então penso: Espero que tente, e o simples pensamento dispara as correntes elétricas e faz com que corram pelo meu corpo.

Imagino se beijar Babi seria tão diferente de beijar Bak. Só beijei garotos até agora, e eles eram todos meio parecidos.

Ela balança a cabeça.
— Não aqui. Não agora.
E corre em direção ao carro. Corro atrás e, lá dentro, motor ligado e música tocando, ela diz:
— Antes que você imagine coisas, isso não significa que gosto de você.
— Por que você fica repetindo isso?
— Porque vejo o jeito que você me olha.
— Meu Deus! Você é inacreditável.
Ela ri.

30 Dias  30 Motivos - Babitan G!POnde histórias criam vida. Descubra agora