Me assumindo "Você não vai mais vê-la "

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Ai véi, se a Thaigão for pro BBB não vou perder um dia Kkkkk

Boa Leitura.

POV. VOLTAN MARZIN.
A MANHÃ SEGUINTE.
Acordo antes dela, e o cobertor está em cima da gente como se fosse uma barraca. Fico deitada um tempo, sentindo seu braço em volta de mim e o som de sua respiração. Ela está tão
calma e quieta que mal a reconheço.

Fico vendo como as pálpebras tremem enquanto ela sonha, e me pergunto se está sonhando comigo.

Como se sentisse que estou olhando, ela abre os olhos.
— Você é de verdade — ela diz.
— Sou.
— Não é o efeito gravitacional de Júpiter-Plutão.
— Não.
— Nesse caso — ela ri com malícia —, ouvi dizer que Plutão e Júpiter e a Terra estão prestes a se alinhar. Será que você gostaria de se juntar a mim num experimento de flutuação?
— Ela me puxa pra perto e o cobertor desce um pouco. Pisco na claridade e no frio.
E percebo.
É de manhã.
E o sol está nascendo.
Ou seja, depois que o sol se pôs, não fui pra casa nem liguei pros meus pais pra avisar onde estava. Ou seja, ainda estamos na torre Purina, onde passamos a noite.
— É de manhã — digo, e sinto que vou passar mal.
Babi senta, está pálida.
— Merda!
— Ai-meu-Deus-ai-meu-Deus-ai-meu-Deus.
— Merda-merda-merda.
Parece que demoram anos até descermos os vinte e cinco mil degraus e chegarmos de volta
no chão. Ligo pros meus pais enquanto Babi dirige rápido pra sair do estacionamento.

— Mãe? Sou eu.
Do outro lado da linha, ela cai no choro, então meu pai pega o telefone.
— Você está bem? Está segura?
— Sim, sim. Desculpa. Eu estou voltando. Estou quase chegando.

Babi quebra recordes de velocidade pra me levar pra casa, mas não me diz uma palavra, talvez por estar tão concentrada em dirigir. Também não digo nada até virarmos na rua de
casa. E me vem à cabeça tudo de novo, o que eu fiz.
— Ai, meu Deus! — digo, com as mãos no rosto. Babi para o carro com tudo e saímos correndo pela calçada. A porta de casa está aberta, e ouço vozes lá dentro, aumentando e abaixando.
— É melhor você ir embora — digo. — Deixa que eu falo com eles.

Mas meu pai aparece; envelheceu vinte anos da noite pro dia. Seus olhos examinam meu rosto inteiro, se certificando de que estou bem. Me puxa pra perto e me abraça forte, quase me sufocando. Então diz, por cima da minha cabeça:
— Entre, Carolina . Se despeça de Babi. — Parece definitivo, como se dissesse Se despeça de Babi porque nunca mais vai vê-la.

Atrás de mim, ouço Babi dizer:
— Perdemos a noção da hora. Não é culpa dela, é minha. Por favor, não culpe Voltan.
Minha mãe também está ali agora, e digo ao meu pai:
— Não é culpa dela.
Mas meu pai nem escuta. Está olhando pra Babi .
— Se eu fosse você, iria embora daqui, garota.

Como Babi nem se mexe, meu pai dá um passo à frente, e tenho que impedi-lo.
— Rodrigo! — Minha mãe puxa o braço do meu pai pra que ele não passe por mim e vá atrás de Babi , e depois puxamos meu pai pra dentro de casa, e agora é a minha mãe que quase me estrangula me abraçando forte demais e chorando. Não vejo nada, porque mais uma vez estou
sendo sufocada, mas de repente ouço o carro de Babi partindo.

Dentro de casa, depois que meus pais e eu (meio que) nos acalmamos, sento com eles.
Quase só meu pai fala e minha mãe fica olhando pro chão, as mãos moles sobre o colo.
— Essa garota é encrenca, Carolina. Ela é imprevisível. Ela tem problemas para lidar com a raiva desde pequena. Não é o tipo de pessoa com quem você deveria conviver.
— Como você… — Mas então me lembro dos telefones que Babi deu pra eles, escritos com tanto cuidado.
— Vocês ligaram pra Tia dela?
Minha mãe diz:
— O que a gente devia ter feito?
Meu pai balança a cabeça.
— Ela mentiu pra nós sobre o Tio. Babi o encontra uma vez por semana.

Estou tentando lembrar o que Babi disse sobre mentiras não serem mentiras se sentimos que são reais. Minha mãe diz:
— Ela ligou pro Tio dela.
— Quem ligou…?
— A sra. Passos. Ela disse que ele saberia o que fazer, que talvez soubesse onde Babi estava.

Meu cérebro está tentando acompanhar tudo, apagar incêndios, pensar em maneiras de dizer
pros meus pais que Babi não é a enganadora que eles estão pensando. Que isso sim é mentira.
Mas então meu pai diz:
— Por que não nos contou que era ela naquela ponte ?
— Como vocês…? Também foi o Tio dela que contou isso a vocês? — Talvez eu não tenha esse direito, mas meu rosto está ficando quente e minhas mãos estão queimando, como acontece quando fico com raiva.
— Como você não estava em casa à uma da manhã e não atendia o telefone, ligamos pra Amanda pra ver se você estava na casa dela ou se ela tinha visto você. Ela disse que
provavelmente você estava com Babi, a garota de quem você salvou a vida.

O rosto da minha mãe está molhado, seus olhos, vermelhos.
— Voltan , não estamos tentando bancar os malvados aqui. Só queremos fazer o que é melhor.

Melhor pra quem?, tenho vontade de questionar.
— Vocês não confiam em mim.
— Você sabe que isso não é verdade. — Ela parece magoada e brava.
— Achamos que temos sido muito legais, considerando tudo o que aconteceu. Mas você precisa pensar um pouco e tentar entender nosso lado. Não estamos sendo superprotetores nem sufocando você. Queremos nos certificar de que esteja bem.
— E que não aconteça comigo o que aconteceu com Gaby . Por que não me trancam em casa pra sempre pra nunca mais terem que se preocupar?

Minha mãe balança a cabeça pra mim. Meu pai continua:
— Você não vai mais vê-la. Nada de andar de carro com ela por aí. Vou falar com seu professor na segunda-feira, se for preciso. Você pode escrever um relatório ou fazer alguma outra coisa pra substituir esse tal projeto. Estamos entendidos?
— Circunstâncias atenuantes. — Aqui estou eu de novo.
— O quê?
— Sim. Estamos entendidos.
Da janela do quarto, vejo a rua lá fora, como se Babi fosse aparecer. Se ela vier, vou sair pela janela e dizer pra ela dirigir, só dirigir, o mais rápido e para o mais longe possível. Fico
sentada aqui um tempo e ela não vem.

A voz dos meus pais ressoa lá de baixo, e sei que nunca mais vão confiar em mim.

Fico apenas ali, deitada, com vontade de chorar, quebrar tudo, gritar.

Acabo dormindo, quando acordo, olho o relógio e se passaram, mais ou menos duas horas.

Alguém bate na porta, mando ir embora, mais mesmo assim entra, vejo que é minha mãe.
Vem na minha direção e senta do meu lado. Fica em silêncio e diz.
- Vocês não são só amigas são?
- Como assim?
- Você gosta dela? - Olho pra minha mãe, não sei o que falar. Então digo.
- E se eu gostasse de garotas? Melhor, Se eu gostasse da Babi ? - Estou com raiva ainda, apenas solto as palavras, ela fica olhando pra mim por um tempo e diz.
- Eu não queria acreditar nisso. Queria ouvir da sua boca. Agora que sei, só... Quero que você seja feliz. Eu não me importo se você gosta de garotas, isso não é um problema pra mim, não tenho preconceito filha. Eu sabia, as mães sempre sabem. Vi nos seus olhos o jeito que você olha pra ela. Ela te fez entrar em um carro novamente, fez você sair de casa. Ela está te fazendo feliz. Eu só quero que você seja feliz. Não importa se você gosta de garotas, ou gosta da Babi. - Olho pra ela e as lágrimas apenas começam a sair. Apenas a abraço e ficamos assim por longos minutos.
- Obrigada mãe.
- Mas eu não posso filha. Seu pai te proibiu de vê-la, não posso desacatar uma ordem dele, Sinto muito.

30 Dias  30 Motivos - Babitan G!POnde histórias criam vida. Descubra agora