POV. VOLTAN MARZIN
18 DE MARÇO
Não tenho notícias de Babi por um, dois, três dias. Quando chego da escola na quarta, está nevando. As estradas estão brancas, e escorreguei com a bicicleta várias vezes. Encontro minha mãe no escritório e pergunto se posso pegar o carro emprestado.
Ela leva um tempo pra encontrar a voz.
- Aonde você vai?
- Pra casa da Fernanda .
Fernanda Hernandes mora do outro lado da cidade. Fico impressionada com a facilidade com que as palavras saem. Ajo como se o fato de pedir o carro emprestado sendo que não dirijo há um ano não fosse nada de mais, mas minha mãe me encara. Ela continua me observando enquanto
entrega as chaves e me segue até a porta e pela calçada. Então percebo que ela não está só me olhando, está chorando.
- Desculpe - ela diz. - É que a gente não tinha certeza... não sabia se ia ver você dirigir de novo. O acidente mudou muitas coisas e nos tirou muitas outras. Não que dirigir seja tão importante, mas na sua idade você deveria dirigir sem pensar duas vezes, a não ser que fosse uma questão de segurança...Ela está falando sem parar, mas parece feliz, o que só faz com que me sinta ainda pior por mentir. Dou um abraço nela antes de sentar ao volante. Aceno e sorrio e dou a partida e digo em voz alta:
- Tá tudo bem.
Arranco devagar, ainda acenando e sorrindo, mas me pergunto o que diabos acho que estou fazendo.No início, fico tremendo um pouco, porque faz tanto tempo e nem eu tinha certeza se dirigiria de novo. O carro dá solavancos quando piso no freio forte demais. Imagino Gaby ao lado, me deixando dirigir na volta pra casa depois que tirei a carteira. Você pode me levar a todos os lugares agora, irmãzinha. Vai ser minha motorista. Vou sentar no banco de trás, colocar os pés pra cima e só curtir a vista.
Olho pro banco do passageiro e posso vê-la ali, sorrindo pra mim, sem nem olhar pra rua, confiante de que eu sabia o que estava fazendo e não precisava de ajuda. Eu a vejo encostada na porta, o queixo apoiado nos joelhos, rindo de alguma coisa ou cantando junto com a música. Quase consigo escutá-la.Quando chego ao bairro da Babi, estou dirigindo suavemente, como alguém que dirige há anos. Uma mulher atende a porta, e deve ser a Tia dela. É estranho pensar que, depois de todo esse tempo, só agora estamos nos conhecendo.
Estendo a mão e digo:
- Meu nome é Voltan. É um prazer conhecer você. Vim ver a Bárbara. - Penso que talvez ela nunca tenha ouvido falar de mim, então completo: - Voltan Marzin.
Ela aperta minha mão.
- Claro. Voltan. Sim. Ela já deve ter chegado da aula. - A tia dela não sabe que ela foi expulsa.Veste um terninho, mas está só de meias. Tem um tipo de beleza cansada, desbotada.
- Entre. Também acabei de chegar.
Sigo-a até a cozinha. Sua bolsa está em cima da mesa junto com a chave do carro, e seus sapatos estão no chão. Ouço barulho de TV vindo da sala, e a sra. Passos chama:
- Decca?
Em um instante, ouço à distância:
- Quê?
- Só queria saber se era você. - A sra. Passos sorri pra mim e me oferece algo pra beber, água, suco, refrigerante, enquanto serve pra si mesma uma taça do vinho que estava na geladeira. Digo que pode ser água, e ela pergunta se quero gelo, digo que não, apesar de preferir gelada.Milena entra e me cumprimenta com um aceno.
- E aí?
- Oi. Vim ver a Babi.
Elas conversam comigo como se tudo estivesse bem, como se ela não tivesse sido expulsa, e Mii tira alguma coisa do freezer e acerta a temperatura do forno. Ela diz à Tia para prestar
atenção no timer e veste o casaco.
- Ela deve estar lá em cima. Pode subir.
Bato na porta do quarto, mas ninguém responde. Bato de novo.
- Babi ? Sou eu.
Ouço um barulho e a porta se abre.Ela está com calça de pijama, mas sem camiseta, apenas de top, e de óculos. O cabelo está bagunçado, e penso: Babi nerd. Ela abre um sorriso provocante e diz:
- A única pessoa que quero ver. Meu efeito gravitacional de Júpiter-Plutão.
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30 Dias 30 Motivos - Babitan G!P
Fanfiction*CONCLUÍDA E EM REVISÃO* " Nunca imaginei que iria me apaixonar por uma garota." "Me dê 30 dias, e te darei 30 motivos para você ficar!" " Porque você se foi ? Porque fez isso? Eu poderia ter feito algo?" Depois da perda de sua irmã Carolina Volta...