"Uma velha amiga"

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POV. BÁRBARA.
- Babi vem aqui - Voltan grita do banheiro, ouço algumas risadinhas, levanto e vou até lá, abro a porta e  encontro Voltan e Sofi, dentro da banheira com espuma espalhada por quase todo o chão.
- Que bagunça - Digo, elas olham pra mim com olhar de cumplices, e sorriem, então já sei o que vão fazer - Não - Tento sair do banheiro, mas antes de sair, jogam água em mim, molhando quase toda minha roupa. Elas começam a rir, tento fingir raiva, mais não adianta muito, e acabo rindo também. Me junto as duas no banho, depois de longos minutos Sofi mostra cansaço, Carolina termina de dar banho nela, e diz que posso ir pro quarto dela tomar banho, enquanto ela faz nossa filha dormir e que tem cuecas em uma das gavetas, já que ela gosta de dormir com cueca box.

Pego uma toalha, vou até o quarto da Voltan, pego uma roupa seca, deixo minhas coisas em cima da cama, e vou pro banheiro, ligo o chuveiro em uma água quente, escuto a porta do quarto ser aberta, provavelmente é a Carol, termino o banho, visto uma camiseta grande preta, uma cueca vermelha, uma calça moletom, e saio do banheiro.

- Onde deixo essas roupas mo... - Paro de falar quando vejo Carolina com meu celular no ouvido falando com alguém, ela desliga e olha pra mim - Quem era ? - Pergunto me aproximo mais um pouco, ela joga o celular em cima da cama e olha pra mim novamente e diz :
- Sua namorada - fico confusa, ela cruza os braços e continua em pé.
- Como assim namorada? - Ela ri e senta na cama, continuo no mesmo lugar, porque ela tá fazendo aquela cara, e a última vez que vi ela fazendo essa cara foi quando estavamos no lago Azul.
- Sua namorada, Belle.
- Eu não tenho namorada, essa garota não é minha namorada.
- Ah não Bárbara. Foi o que ela me disse, ela só não falou isso, mas também, que mais cedo vocês estavam juntas, e bom, parece que é verdade, da pra notar - Ela diz, e agora é minha vez de rir.
- Como assim da pra notar? Eu passei a noite com você, saí daqui e fui pro hospital - Ela levanta, solta mais uma risadinha sarcástica e aponta pro meu pescoço e diz :
- Sim, da pra notar. Você tá com marca de arranhões no pescoço, e não foi eu, ela falou pra mim olhar seu pescoço que ela tinha deixado bem marcado, do jeito que você gosta - Levo minha mão até meu pescoço e lembro que aquela desgraçada deixou marcado de propósito.
- Eu encontrei ela sim, quando cheguei em casa, ela estava lá, o Gilson deixou ela entrar, mas não foi nada que aquela desgraçada falou, eu não fiz nada com ela, eu mandei ela ir embora.
- E porque seu pescoço tá marcado onde ela disse que estaria ? A Babi, por favor, eu acho que é melhor você ir embora.
- Olha me escuta - Me aproximo mais um pouco - Eu não mentiria pra você - Ela ri, e nega com a cabeça.

- Você é uma mentirosa Babi, como você quer que eu acredite em você? É isso que você faz de melhor, mentir, desde quando te conheço você é uma grande mentirosa.
- Eu mudei tá bom, eu não sou mais aquela Babi - falo mais alto, e agora é minha vez de ficar brava.

- Ah não? Como eu vou saber, você sumiu por todos esses anos, eu achei que você estivesse morta, eu também acreditei que você poderia ter mudado, mais eu acho que não, você continua aquela mesma problemática de sempre, eu devia ter me casado com o Bak quando meu pai falou, um cara normal, sem mil problemas como você, e eu acho que estava bem, dai você aparece e bagunça tudo de novo, o que você sabe fazer de melhor, bagunçar as coisas. -  Fico parada por um tempo, apenas piscando, processando tudo, é como se toda aquela dor voltasse, meu coração diminui, é como se eu fosse desmoronar mais uma vez, sinto meu corpo pesado, como uma velha amiga que conheço muito bem, minha mente começa a repetir : o que você sabe fazer de melhor bagunçar as coisas, sua burra inútil, burra inútil, você nunca deveria ter voltado. Você nunca deveria ter voltado. Elas estavam bem melhor sem você. Ela poderia estar com um cara, e normal. Estava tudo bem até agora, mas você teve que estragar tudo sua Aberração, tudo. É isso que você sempre faz estraga tudo.

Pisco algumas vezes, caminho até a cama sem dizer uma palavra, pego meu celular, meu blazer, minhas chaves e carteira, vou até a porta ainda em silêncio, coloco a mão na maçaneta, me viro, olho pra Carolina por alguns segundos e digo :
- Desculpe Carol. Eu não queria estragar tudo, ou bagunçar sua vida, mas é isso que eu sei fazer, bagunçar as coisas. Desculpe de verdade, eu não vou fazer isso de novo, não se preocupe - Digo, e saio, vou até o quarto de Sofi, sento na beirada da cama, e deixo um beijo na testa dela. Não sei se vou ser a mãe que você precisa e merece, mas vou tentar, não vou ser como meus pais, eu prometo.

Saio do quarto, sinto vontade de chorar de gritar, mas não faço, sinto tudo e ao mesmo tempo não sinto nada, apenas meu corpo pesado, todas as inseguranças, todo o medo.

O engraçado disso tudo, é que você pode estar bem, mas qualquer palavra mal dita, principalmente de alguém que você ama, pode acabar com tudo, pode acabar com você.

Entro no meu carro, respiro fundo, e sinto minhas mãos tremulas, fico por alguns segundos assim, e quando me dou conta de onde ainda estou, ligo o Troy e apenas piso no acelerador sentindo toda à adrenalina nas minhas veias, como nos velhos tempos em Indiana.

30 Dias  30 Motivos - Babitan G!POnde histórias criam vida. Descubra agora